Renato, coronavírus e colunismo social na pausa do futebol

Não levo jeito para jornalismo social, mas pelo que tenho visto nos espaços esportivos (leia-se futebol) é o que nos resta. Fora isso, tem notícias ecoantes como ‘Cria do Boca contratado pelo Inter’, a ‘ascensão que o coronavirus interrompeu no Inter’, ‘Pepê pode render uma boa grana ao Grêmio’, “quais as maiores vendas na história do Grêmio’, etc.

Só friagem. Era de se prever. Sem jogos de futebol, nem treinos, há pouco o que fazer para preencher os espaços. Já passei por isso, e posso garantir que muitas vezes bate o desespero.

O editor grita lá do canto: “Duas páginas de Grêmio, uma e meia do Inter”. O repórter, coitado, que se vire.

Tudo culpa desse ‘vírus chinês’, como diz o Trump.

Pois o coronavírus está por trás de um dos assuntos que mais polêmica causaram nesta semana: Renato Portaluppi jogando futevôlei no Leblon. Sempre que ele vai arejar a cabeça à beira-mar aparece alguém para cornetear. Acho que o Grêmio não deve mais contratar treinadores que aproveitam a vida, e tiram dela o que há de melhor.

Renato, com seu jeitão de adolescente enrugado, diz o que pensa, e não raro provoca reações adversas, raivosas até, como neste caso em que ele num dia fala em greve dos jogadores por causa do vírus e no outro aparece feliz da vida batendo uma bolinha no Leblon.

Li e ouvi tantas críticas e adjetivações rançosas que decidi conferir o que ele havia feito, qual crime havia cometido.

Mais grave que isso foi manter André de titular durante tanto tempo, por exemplo. E é esta parte do que Renato faz que me interessa e preocupa.

É óbvio que fosse outro treinador a repercussão seria mínima, mas tudo envolvendo Renato resulta em manchetes e tema para debates, enquetes, etc.

O material não serve nem para o colunismo social e/ou páginas de fofoca na mídia tradicional e na internet.

Se eu fosse fazer esse tipo de jornalismo – não nego que fiz algo parecido algumas vezes no meu passado de repórter – optaria por destacar a matéria em que Renato, com um chapelão pra lá de cafona ou modernoso, aparece ao lado de sua bela filha, Carol, numa piscina de cobertura,com o mar esplendoroso ao fundo.

Por fim, lembro que quando Renato deixou o Grêmio por 600 mil moedas, em quatro parcelas que o Flamengo sempre atrasou, eu disse:

O Grêmio perde seu craque maior e, nós, da imprensa, perdemos nossa maior fonte de notícias.

Não mudou nada. A diferença é que ele permanece no Grêmio, embora muita gente gostaria de derrubá-lo, a exemplo do que acontece com um outro cara que, como Renato, fala muito.