Entre a Transiberiana e Marte, melhor lutar

O Grêmio só depende de si mesmo. Tem uma baita torcida, tem o melhor presidente de sua história, tem um treinador mais do que ligado ao clube e, sim, tem um bom time, um time que só precisa encaixar e reencontrar sua identidade para arrancar rumo ao topo.

Estou convencido de que não fossem a imaturidade de Matheus Biteco e a atitude irresponsável de Vargas o Grêmio teria vencido o Criciúma. Mas perdeu, como outros irão perder em Criciúma.

Resta agora reagir. Pouco importa se o Inter encarreirou quatro vitórias seguidas no Brasileirão, se o indivíduo aquele é campeão da Libertadores, e se a OAS já tem autorização para demolir o Olímpico.

Sim, é peso demais. Sou um sobrevivente dos anos 70. Foi a primeira Onda Vermelha. Quase me afoguei, mas recuperei minhas forças com a conquista do Brasileiro de 1981 e, principalmente, com a Libertadores e o Mundial de 1983, títulos conquistados 23 anos antes – vocês sabem do que estou falando – e que completam 30 anos neste sombrio 2013.

O bi da Libertadores na década de 90 e o quase bi mundial, perdido porque pela primeira e única vez na história um jogador – Rivarola – foi expulso por causa das imagens do telão que havia no estádio, e também porque exímios cobradores de pênalti erraram como nunca antes haviam errado.

Era muito olho grande.

O fato é que a maravilhosa década de 90 me fortaleceu e só por isso resisti à segunda Onda Vermelha, na verdade um tsunami arrasador.

Neste exato momento pressinto o mar recuando, um silêncio ameaçador, prenúncio de um novo tsunami, a Terceira Onda Vermelha pode estar a caminho. Não sei se serei forte o suficiente para resistir.

Pensei em viajar. Não gosto de avião. A ideia de sobrevoar o Atlântico ou o Pacífico me assusta. Minha primeira ideia foi conhecer a transiberiana, cruzando a Rússia, a Mongólia e a China. Talvez me estabelecendo na Mongólia.

Mas nesse mundo globalizado não sei se teria alguma eficácia essa viagem. Talvez reclusão em algum mosteiro ou uma temporada – longa, muito longa – no Tibet. A ideia não está descartada.

Pensei até numa viagem para Marte. Uma empresa holandesa abriu inscrições em abril deste ano para levar civis para Marte. Centenas já se inscreveram. Soube que pelo menos um gremista está na lista. Suspeito que seja o inquieto RW, da Corneta, ou o implacável Demian, que, aliás, flagrou um tuíter do MP do Estado saudando a chegada do centroavante argentino Scocco.

Em meio a esse tormento interno e externo, já estava mandando o email quando descobri que a viagem é para 2023, ano em que o PT provavelmente estará em seu sexto mandato – talvez com Lulinha, o filho de Lula, na presidência -, rumo à eternização no poder.

Então, por comodismo ou covardia, decidi ficar aqui. Decidi acreditar. Já passei por situações piores, conforme relatei, por que não enfrentar mais uma?

A forma que encontro é manifestar minha confiança e meu apoio ao presidente multicampeão.

Fábio Koff  é o homem certo para este momento delicado do clube. Já provou isso no caso da Arena.

Fosse qualquer outro, com certeza eu estaria agora jogando a toalha e tratando de comprar um terreno na Lua.

CENI

Está na hora de Rogério Ceni sair de cena.

Ele falhou no gol do Inter. Foi um chute no contra-pé, mas um chute fraco. Um passo para o lado direito e defenderia até sem dificuldade. Faltou reflexo e agilidade. O peso da idade. Ceni tem tomado muitos gols ultimamente.

O time do São Paulo está longe de ser tão desgraçado para acumular tantas derrotas. Nem Autuori é tão ruim para perder quatro seguidas.

O melhor que Ceni faria agora é tratar de uma despedida honrosa. Antes que a torcida comece a pedir a saída de seu maior ídolo dos últimos 10 ou 20 anos.