Ibsen, o frasista e o efeito 1983

O ex-deputado Ibsen Pinheiro é um grande frasista.

Na Zero Hora deste sábado, Ibsen mostrou que além de grande frasista, é um grande ressentido.

Com a habilidade que acompanhei de perto na redação da Folha da Tarde, na longínqua esquina dos anos 70 e 80, quando ele assinava uma coluna no jornal e eu fazia setor do Grêmio e/ou do Inter, Ibsen criticou o Barcelona por praticar um futebol de posse de bola, sem objetividade ofensiva, reproduzindo parcialmente um texto publicado na revista Goool antes do confronto entre espanhóis e alemães.

Não entro no mérito dessa manifestação oportunista – e quem não é oportunista ao opinar sobre futebol? -, até porque concordo que o ideal é unir talento, força e pragmatismo para conquistar títulos.

O que interessa aqui é destacar que mesmo um grande frasista comete equívocos e deslizes.

Por exemplo, no tempo em que Ronaldinho era apenas Ronaldinho – sem o Gaúcho – e jogava com alegria – então autêntica -, buscando seu espaço no time titular do Grêmio, Ibsen, movido talvez por despeito, desdenhava dos que viam no guri um futuro craque.

– Não se sabe nem em que posição ele joga -, repetia com a mesma sabedoria ‘Carletiana’ que um dia comparou Messi a Taison.

O tempo tratou de mostrar em qual posição Ronaldinho jogava.

O tempo segue revelando o quanto doeu e continua doendo nos colorados o título Mundial de Clubes conquistado pelo Grêmio em 1983.

É do Grêmio o primeiro título mundial obtido pelo futebol gaúcho. E isso nunca poderá ser alterado.

“O primeiro é o que fica para a história”, sentenciou Fábio Koff.

Escancarando sua dor por não ter visto o grande Inter dos anos 70  – e foi grande mesmo, mas só no Brasil – alcançar o topo do futebol mundial, Ibsen escreveu que o seu clube não foi campeão do mundo porque não havia campeonato mundial – sugerindo que ainda não havia o tal campeonato com a chancela da Fifa, a mesma entidade que um dia rebaixou o Inter para a segundona por calote.

Ibsen revela aí um aspecto que eu desconhecia em sua personalidade: a inveja do Corinthians.

Sim, porque para ser campeão do mundo é preciso antes conquistar a Libertadores.

A isolada exceção é o Corinthians, campeão do mundo num torneio arranjado pela vetusta Fifa, sem passar pelas agruras da Libertadores.

Então, com o melhor time de sua história, o Inter não conseguiu conquistar a Libertadores.

Coube ao Grêmio suprir essa lacuna na história do futebol gaúcho.

É por isso que o Grêmio não pode deixar de comemorar os 30 anos dessa conquista inédita.

É por isso que eu continuo me deliciando com a minha cervejinha.

A 1983, além de saborosa, não deixa ninguém esquecer que o Grêmio é o primeiro campeão mundial de clubes do Rio Grande do Sul.

O resto é frase de efeito.

CORNETA

http://www.cornetadorw.blogspot.com.br/2013/06/ibsen-pinheiro-tira-america-do-sul-do.html