Grêmio perde e expõe carências

Suportar o Ronaldinho rindo ao sair de campo e depois, covarde, já fora do alcance da visão da torcida, disparar uma sequência de palavrões que representam bem o nível de seu caráter e de sua formação, é difícil. É doloroso, é revoltante, mas passa em algumas horas ou alguns dias.

Pior é constatar que o Grêmio continua com dificuldade ofensiva. E isso promete cruzar a temporada. Do meio para a frente, jogou com sua força máxima dentro daquilo que Luxemburgo dispõe. O time teve volume de jogo, dominou a maior parte do tempo, mas faltou aquele jogador com drible e criatividade para quebrar a previsibilidade das jogadas.

No intervalo, Luxemburgo colocou Rondinelly e sacou Gago. Muito bem. Perfeito. Só que o guri não deu uma boa resposta. Dou o desconto de ser novato, entrar com ansiedade, vontade de decidir. Mas o fato é que ele não acrescentou grande coisa.

Achei precipitada a troca de Edilson por Toni. Só piorou o lado direito. Toni precisa entrar aos poucos na equipe, não durante um jogo encrencado. Talvez Edilson tenha sentido lesão.

Gosto da formação com três volantes e um meia flutuando, organizando e criando jogadas.

Gosto de Fernando e Souza. Tolero o Léo Galo por falta de outro, já que Misael parece estar fora dos planos.

Zé Roberto fez uma boa estreia. Mostrou como deve jogar um armador, um articulador. É claro que sentiu a falta de entrosamento, e parece ter cansado no final, o que é mais do que natural.

Dentro da política de afastar os insuficientes  – MA ficou no lugar que lhe cabe -, talvez fosse o caso de colocar Zé Roberto no lugar de Gago, fechando o lado esquerdo, e articulando por ali. E aí começar com Rondinelly, enquanto não chega alguém mais experiente para essa função. Pena que o Facundo Bertoglio foi embora.

Na frente, apenas o Kleber criou. Fez algumas boas jogadas. Marcelo Moreno foi decepcionante, se escondeu atrás dos zagueiros. Perdeu todas para o Rafael Marques, humilhante.

Agora, a defesa. É preciso considerar que ela foi bastante alterada. O Atlético se aproveitou disso e também do fato de que o Grêmio, no segundo tempo, se jogou todo para o ataque, criando espaços atrás.

E aí apareceu Marcelo Grohe, incorporando o espírito de Victor. Grohe fez algumas defesas que só mesmo Victor faria. Em seu primeiro teste, mostrou personalidade e muita, muita qualidade. Não é fácil substituir um goleiro como Victor e logo de cara pegar um Ronaldinho pela frente no Olímpico quase lotado.

Se continuar assim, logo esquecerei o Victor. Por enquanto, sigo na minha viuvez.

Sobre o Anderson Pico: gostei. É lógico que precisa jogar mais para ser titular. É preciso descontar o longo tempo em que ficou fora, a luta pela recuperação, a falta de ritmo e de entrosamento. A vontade de acertar, de dar uma boa resposta. A expulsão dele foi injusta, um absurdo tão grande que chego a desconfiar que o Atlético Mineiro não tem dinheiro apenas para reforçar o time.

Ficou claro, também, que o Grêmio desde que perdeu Mário Fernandes e Júlio César ficou sem qualidade nas laterais. E isso comprometeu o Gauchão e a Copa do Brasil. Com eles, até com MA o título da Copa do brasil seria possível.

Por fim, diferente de outras vezes, estou confiante nas possibilidades de uma boa campanha no Brasileirão. É possível conquistar uma vaga para a Libertadores. Título nem com banda de música. A não ser que seja contratado um meia muito bom e, se der, um zagueiraço.

Ah, como Fábio Aurélio se lesionou sem sequer estrear, é preciso contratar um lateral. Não sei se é possível confiar no Pico.

INTER

Se o Grêmio sofreu no Olímpico, a ponto de Marcelo Grohe deixar o campo como o melhor do jogo, o Inter sofreu na Bahia. O time de Falcão mereceu vencer, mas o empate não chega a ser injusto.

Agora, ficou claro que o tão festejado time colorado não está com esse poder todo.

Já ouvi alguns colorados culpando o Dorival Jr de novo. Eles não conseguem aceitar que o time talvez não seja tão bom assim.

A zaga colorada vazou e o ataque não funcionou. O Jajá, que enganou muita gente por sua arrancada, mostrou que é jogador para entrar nos 15 minutos finais para agitar.

O gol do Inter foi de Índio. O Fabrício cruzou, Índio dominou a um metro da pequena área, se atrapalhou com a bola, mas ainda conseguiu concluir. A zaga do Bahia ficou olhando. Fiquei com pena do Falcão.