Grêmio só empata diante de uma retranca com grife

O Grêmio enfrentou uma retranca daquelas, com tem acontecido desde que começou a empilhar títulos e belas atuações. A diferença é que foi uma retranca com grife, uma retranca glamourizada só porque sua defesa não dá chutão.

É um time que prefere correr o risco de ser desarmada a poucos metros da área, como aconteceu aos 5 minutos, quando a zaga entregou uma bola nos pés de Éverton, que enfiou de primeira para Luan dominar e acertar a trave.

Há quem elogie esse tipo de estratégia, de trocar passes e recuar para o goleiro, atraindo o time adversário para seu campo. Se ainda tivesse alguma jogada de escape para contra-ataques, mas nem isso…

Não sei se o Atlético PR joga sempre assim, o fato é que para mim não serve um treinador que vai me deixar com o coração na boca ao orientar seu time a trocar bola diante da área.

O Fernando Diniz realmente mostrou qualidades no seu trabalho, organizou um time médio e está conseguindo bons resultados, como este empate que caiu do céu para ele. Mas não gosto de radicalismo. Penso que tem horas que um chutão cai bem, o que remete ao velho jargão: bola pro mato que o jogo é de campeonato.

A favor do Fernando Diniz o fato de que o sistema dele, um genérico do sistema implantado pelo Renato, é que ele não conta com nenhum jogador no meio com as qualidades de Luan, Arthur e Maicon, os ‘três tenores’ gremistas.

Foram eles que encurralaram o Atlético, que se fechou como qualquer time do Celso Roth (que vem aí), com a diferença é que não apelou para chutões para afastar a bola. Então, uma retranca com grife.

Foi um belo jogo, que chegou a ter 80% de bola rolando. O Grêmio atacando, jogando todo no campo do adversário (só faltou o Grohe ali), e criando boas chances, desperdiçadas por excesso de preciosismo e chutes fracos ou desviados.

Luan, Éverton, Alisson e André tiveram chances de matar o jogo, ou ao menos fazer um golzinho que fosse.

O Atlético raramente chegou com perigo. Marcelo Grohe fez apenas uma defesa difícil. Contra adversários menos festejados que Atlético do Fernando Diniz, nós vimos o Grohe trabalhando bem, como na vitória sobre o Cruzeiro na primeira rodada.

A arbitragem também contribuiu para que o placar ficasse no 0 a 0. André sofreu um pênalti ao ser empurrado dentro da grande área, mas nem o juiz nem o bandeirinha sinalizaram a infração escandalosa.

Além do mais, o elegante time paranaense perdeu a compostura em várias jogadas ao entrar no tornozelo de alguns gremistas, em especial os mais visados de sempre, Arthur e Luan. Poderia ter havido jogador expulso bem antes se o juiz fosse menos tolerante.

De qualquer forma, foi um grande jogo: Renato x Diniz, seu discípulo. A impressão que eu tenho é que Fernando Diniz ainda está no estágio daquele Roger Machado que começou esse tipo de jogo no Grêmio.

Se ele corrigir esse aspecto de ‘proibir’ seus defensores de dar chutão, tem futuro, inclusive no Grêmio.

Por fim, o Grêmio jogou muito bem, enfrentou um adversário de indiscutível qualidade como equipe, mas não marcou.

Tem gente que não entende isso e fica nas redes sociais corneteando. Para esses, só tenho a dizer que 15 anos foi muito pouco mesmo.