A redenção de Jael e o ‘Rivaldo’ que veio de Minas

Thonny Anderson ‘chegou chegando’. Escancarou a porta, entrou sem pedir licença. Chegou como acessório na transferência do Edílson (criticada por alguns, não por mim, que não gosto de manter jogador contrariado). A direção gremista soube transformar limão em limonada.

E que limonada! Alisson está dando boa resposta e Thonny mostra um atrevimento raro hoje em dia, nesse futebol burocratizado, de toque pro lado, pra trás, e de escassa ousadia, qualidade que vejo também em Éverton.

A gente sabe que essa qualidade de abridor de lata, ou seja, do que cara que vai pra cima do marcador e abre retranca a drible, pode gerar um grande peladeiro.  Valdívia por enquanto é um exemplo disso.

Não é o caso do paulista Thonny, que revelou neste sábado qualidades de um jogador diferenciado. Além do drible, da técnica apurada, o ‘Rivaldo’ do Cruzeiro mostrou que tem visão de jogo, inteligência.

No primeiro gol, ao receber uma enfiada de Jael (sim, do Jael), travou a bola, livrou-se da marcação, limpou a jogada e concluiu com a frieza de atacantes experientes. Foi o gol mais rápido desse campeonato de cartas marcadas. Desde a saída de bola até o gol foram 25 segundos.

Esse gol relâmpago desarticulou o adversário. O time reserva do Grêmio, reforçado de Ramiro e Éverton, meio que se acomodou, e o jogo ficou morno.

Já no segundo gol, Thonny, que estava tri a fim de jogar, mostrou por que foi apelidado de Rivaldo na base do Cruzeiro. Ele recebeu pela direita, percebeu Jael entrando às costas da zaga e lançou como se fosse com a mão. Jael tocou de cabeça e Michel marcou.

Então, quando a gente vê um jovem recém chegado e em pouco tempo já mostrar um futebol de alto nível, fica pensando quanto tempo se perde com falsas promessas (ah, fulano precisa de tempo, de sequência de jogos, etc). São muitos casos assim.

Nem vou citar exemplos, porque todos sabem de alguém assim.

O cara quando é bom mesmo faz como o Thonny, que ‘chegou chegando’ e acabou inscrito na Libertadores. Mais uma decisão muito acertado do melhor treinador do Brasil (te cuida, Tite!).

JAEL

Torço pelo Jael, assim como torço por todos os jogadores do Grêmio. Torço, por exemplo, pelo Marcelo Oliveira. Reconheço suas limitações, mas quem pensa que futebol se faz só com talento, decididamente não sabe nada. Nem perco meu tempo com gente assim.

Marcelo Oliveira é uma liderança positiva num ambiente em que a vaidade prevalece, e precisa ser administrada em função dos objetivos de todos, do grupo. Não das individualidades.

No caso de jael, vejo um jogador desabrochando. Ele teve participações importantes no título da Libertadores, mas tem suas limitações. Não é, contudo, um zero à esquerda. Sábado, deu duas assistências, e acabou marcando seu primeiro gol, de pênalti, aliás muito bem batido.

Então, no momento em que Brocador está chegando, Jael desponta. São dois centroavantes.

De minha parte, continuo preferindo um ataque móvel, sem o tal camisa 9, o aipim. Acho que Alisson será o titular num esquema que terá Maicon e Arthur no meio, e quatro meias/atacantes na frente: Ramiro pela direita, Éverton pela esquerda, e pelo meio Luan e Alisson.

ATAQUE MÓVEL

Sexta-feira, lendo o noticiário, soube que o técnico Fábio Carille iria de ataque móvel contra o ‘poderoso´ Palmeiras. Pensei: vai ganhar. Não deu outra, o ataque móvel, com bons jogadores, é o melhor sistema. Fez 2 a 0 no festejado Palmeiras.

Um dos gols do meia Rodriguinho. Esse meia saiu do Grêmio tido como jogador mediano. Ninguém acreditava nele, nem eu.

No futebol, o melhor é não ser definitivo nas avaliações.

Por exemplo, vejam o caso do Marcelo Grohe. Tem gente que o queria longe, muito longe, do Grêmio. Vejam só.

GAUCHÃO

O Grêmio, com os 3 a 0 sobre o NH, afastou o fantasma do rebaixamento.

Por mim, pode ficar de fora da próxima fase, para decepção e irritação da turma dos amigos de Novelletto.

Mas se for para classificar, a briga pelo título deve ser prioridade.

Em especial, a vitória sobre o Inter.

ROMILDO

Repercute negativamente, muito negativamente, a recepção do presidente Romildo ao Pedro Ernesto em seu gabinete, após a vitória sobre o Independiente.

Poucos cronistas esportivas atacaram tanto a gestão atual quanto Pedro Ernesto. Acho até que ninguém o superou.

O presidente é uma pessoa educada, cordial, mas ele precisa começar a cultivar outra qualidade: a capacidade de captar o sentimento do gremista.

Não conheço um gremista sequer que tenha aprovado essa iniciativa do presidente do melhor time da América Latina.