O risco de rebaixamento em 1989 e a situação atual

Em 1989, o Grêmio estava pra ser rebaixado. A situação foi buscar um opositor, Rafael Bandeira dos Santos, para comandar o futebol e tentar manter o clube na primeira divisão regional.

O Grêmio precisava vencer o Glória, em Vacaria, para fugir de um octogonal que poderia levar ao rebaixamento. Havia um clima de tensão no Estado. De um lado, gremistas preocupados; de outro, colorados sorridentes.

Foram contratados Edinho, capitão do Brasil na Copa de 86, o volante Jandir e Hélcio, lateral-esquerdo. Cláudio Duarte foi contratado para tirar o time da enrascada.

E o time era bom: Mazaropi; Alfinete, Luiz Eduardo, Edinho e Hélcio; Jandir, Cristóvão e Cuca; Almir, Kita (Marcus Vinícius) e Paulo Egídio (Amaral).

Enfim, foi um suplício. Uma semana de preparativos. Um jogo duro, paralisações, Edinho expulso. Mas o que interessava: o Grêmio venceu por 2 a 1 e escapou da degola.

Hoje, o Grêmio vive uma situação quase dramática, e que pode se tornar dramática se não vencer o Novo Hamburgo, sábado, na Arena. Lembrando que o time será como esse que perdeu para o Veranópolis por 2 a 1.

Diferente de 1989, o Grêmio parece não ligar para a possibilidade concreta de rebaixamento no Noveletão. Até o técnico Renato parece resignado.

Há um clima de tanto faz, tanto fez.

Esse conformismo está se refletindo na atuação do time no regional. Se o Grêmio tivesse jogado contra o Veranópolis com o espírito guerreiro que levou o clube a escapar em 1989, não tenho dúvida que venceria, mesmo com essa arbitragem que validou um gol muito discutível (duvido que se fosse contra o Inter o gol seria confirmado) e um pênalti muito claro a favor do tricolor, tão claro que alguns ‘especialistas’ evitam comentá-lo.

Nas redes sociais e nos programas de rádio, gremistas se manifestam a favor da queda para a segundona para apatifar o Noveletão, tamanha a raiva de grande parte da torcida em relação ao presidente da FGF (será que existe no Brasil situação semelhante? Acho que não).

Percebo, no entanto, que muitos gremistas temem o rebaixamento – ao contrário do que pensam desconfio que o sr Novelletto até ficará satisfeito, festejando com um delicioso salmão regado ao melhor champanhe, mas é apenas uma desconfiança.

Hoje, eu diria que a maior parte da torcida quer o Grêmio fora do Gauchão, mas não rebaixado. Que consiga apenas a pontuação necessária para não cair e também não se classificar. É isso.

De minha parte, continuo defendendo a luta pelo título. Do jeito que for possível considerando a Libertadores (são dois jogos agora e depois só em abril). Se o Grêmio for eliminado do Gauchão, serão praticamente 30 dias sem jogo oficial.

Sei que a hora não é para otimismo em termos regionais, mas em 1989 o Grêmio escapou da queda humilhante para conquistar o título estadual e a Copa do Brasil.

Tudo com muita raça, muita determinação. Muita vontade!

RECOPA

Agora, acima de toda essa encrenca está o jogo contra o Independiente.

O título está ao alcance do Grêmio, que joga em casa e com o apoio da maior  e mais vibrante torcida do sul do país. Ah, importante, com seus titulares, e talvez até com Arthur.

Em caso de derrota (toc-toc-toc) o técnico Renato verá que a instalação de uma crise independe de sua vontade (ou de quem quer que seja), ao contrário do que ele afirmou após o jogo em Veranópolis.

A consagração demora, mas uma crise chega rapidinho.