Recordar é viver – 1 –

A partir de hoje vou publicar alguns textos que cometi no meu primeiro blog, a partir de 2006.

O texto abaixo foi publicado dia 31/03/2006, véspera de um Gre-Nal. O jogo terminou em 0 a 0, com arbitragem calamitosa do Simon, pra variar. Foi aquele Gre-Nal do recuo de bola para o Clemer. Confiram parte do texto sobre o jogo, que foi no dia 1º de abril, abaixo do comentário principal, que, a meu ver, permanece atual:

O Gre-Nal e o General

Esta véspera de Gre-Nal é marcada pelo golpe de 64, dia 31 de março. Já se passaram 42 anos, período exaltado em nota oficial, nesta sexta-feira, pelo comandante do Exército, o mesmo do carteiraço no vôo da Tam na quarta-feira de cinzas.

A gente anda por aí e vê muita gente com saudade dos militares no Poder. É gente cansada, espichando o salário para chegar ao fim do mês sem fazer mais dívidas. Gente sem acesso a um atendimento digno de saúde. É gente desamparada, desiludida, decepcionada.

Gente que esperava muito do governo Lula. Gente que lê e ouve aqui e ali pessoas elogiando a política econômica que privilegia bancos, dívida externa, FMI, tudo que antes de chegar lá em cima abominava, execrava. Gente que ve tudo subindo, menos o seu salário. Gente que mal se dá conta que o Brasil, na América Latina, só cresceu mais do que o Haiti em 2005.

Vê-se agora que os discursos indignados dos anos 80 até 2002 não passavam de uma escada para chegar lá no alto, afastar as “elites” para depois agir como se elite fosse. Comprar lençóis de linho egípcio, reformar o palácio com 20 milhões do nosso dinheiro, comprar avião como se este fosse um país milionário, com saúde, educação e segurança para todos.

Por isso, tem gente com saudade daqueles anos em que mensalão não era sinônimo de corrupção, de deboche, de afronta, de provocação…

Mas é bom não esquecer que naqueles anos a imprensa era calada, sufocada.

Seria impossível escrever o que estou escrevendo sem sofrer algum tipo de punição. E não era pouca punição.

Apesar de tudo que está aí, ainda prefiro ter liberdade para escrever o que quiser, enquando espero por mais um Gre-Nal.

PARTE DO TEXTO PUBLICADO APÓS O JOGO:

‘A arbitragem do sr. Carlos Simon foi uma calamidade. Uma sucessão de erros que começou naquele absurdo de não marcar infração de Clemer, que pegou a bola com a mão no recuo de Bolívar, aos 6min. Um escândalo que ficará por isso mesmo.

Para ser indicado árbitro brasileiro na Copa do Mundo, o sr. Simon passou numa série de provas. Pelo que vi neste 1º de abril, fico me perguntando se foi realizado um exame oftalmológico nesses testes da Fifa. Acho que não, como pudemos ver nesse Gre-Nal de 0 a 0.’