Chifre em cabeça de cavalo

É inevitável. É uma força maior que me impele a procurar chifre em cabeça de cavalo a cada jogo desses clubes que estão na zona de rebaixamento.

Em cada um deles vislumbro uma sacanagem para beneficiar o Inter. Sim, acredito na força da ‘suati’ e no poder da grana. Sim, não acredito que o futebol seja imune à corrupção.

Por isso, a cada jogo do Inter, principalmente, procuro descobrir se o juiz está na gaveta, se um bandeirinha é cúmplice, se tem jogador engavetado, e por aí vai.

Se o jogo for precedido de boatos nebulosos como esse Inter x Santa Cruz, aí mais eu aguço meus sentidos. É uma coisa doentia, eu sei, mas como escrevi acima é uma força maior que me leva como uma gigantesca onda.

Eu não gosto de ver jogos do Inter. Mas é por um bom motivo: sempre que eu vejo o jogo todo o tempo o Inter se dá bem, de um jeito ou de outro. Exemplo: não vi o jogo glorioso contra o Mazembe. Não vi porque acredito no meu poder de levar tudo ao contrário.

Estou pensando em fazer terapia, mas acho que é muito tarde. Estou velho demais pra essas coisas.

Além do mais, percebo que esse meu ‘poder’ já não é tão eficaz.

Exemplo: o jogo de sábado no Beira-Rio, estádio lotado, tingido de vermelho. Os colorados felizes, prevendo uma vitória tranquila, sem sustos, sobre o pobre do Santa Cruz.

Pois não é que o Santa Cruz endureceu? E eu vi todo o jogo, do primeiro ao último minuto. Só saí pra urinar e dar uma espiada nos reservas do Grêmio (jogo horrível).

Não desisti nem quando deu o gol do Vitinho. Aliás, se o juiz quisesse poderia ter anulado esse gol.

Pensei: arbitragem na gaveta. Será que o time também está na gaveta, não todo o time, mas um ou outro jogador?

Os minutos seguintes provaram por A mais B que se havia gaveta era no lado do Inter, de tão mal que o time jogou. Olha, se o time seguir jogando o que jogou sábado não escapa da degola – se o Vitória do Argel der uma melhorada.

O que parecia impossível aconteceu, e num momento que me levou a desconfiar que continuo ‘poderoso’. Saí da frente da TV pra fazer um chimarrão e, quando volto, estava escrito no alto da tela: 1 a 1.

Pensei em mudar de canal. Mas decidi desafiar os astros. O jogo ficou no empate até o final. Ficou a dúvida: e se eu  tivesse deixado de ver Inter e Santa Cruz os pernambucanos teriam vencido?

Não adianta, nunca saberei, mas uma coisa é certa: não vou desistir de provar que não tenho nenhuma responsabilidade nos resultados positivos do Inter. Vou continuar secando ao vivo, mas agora com uma nova estratégia: sair da frente da TV ou mudar de canal por alguns minutos pra ver se a magia não se repete, como aconteceu contra o Santa Cruz.

O gol do Santa Cruz foi algo absurdo: Léo Moura, que continua sendo um grande jogador, cabeceou livre dentro da pequena área. Parecia até impedimento. Mas a arbitragem, provando sua seriedade, referendou o gol. Alívio.

O Inter, tão festejado pela mídia vermelha nos últimos dias, não foi capaz de encurralar o adversário, nem com todo apoio da torcida.

Anderson, ungido craque recentemente pelo ‘deus’ Carvalho e sua legião de admiradores da mídia, entrou e nada fez. Foi uma atuação péssima do Inter, que até pode escapar do rebaixamento porque tem outros times tão ou mais ruins, mas que o clube está merecendo uma temporada no inferno da segundona, está.

FIGUEIRENSE

O Figueira é pior que o Inter. Sofreu para garantir o empate diante dos reservas do Grêmio, que, pelo pouco que vi, não jogaram nada. Só escapou a dupla de área, em especial Thiery.

No finalzinho, o Grêmio quase vence. Achei que o empate foi de bom tamanho. Não adiantaria perder, porque o Figueira está com a alma encomendada. Mesmo com os três pontos sobre o Grêmio ele não escapa da queda.

Tem uma vaga para o rebaixamento, e acho que é disputada por Inter e Vitória.

MALA PRETA

O vazamento da denúncia de uma possível mala preta para o Santa Cruz perder prejudicou um eventual acordo.

Acredito na denúncia. Soube que o jornal desmentiu, dizendo que não havia documento ou algo assim pra provar.

Ora, esse é o tipo de coisa que fica o dito pelo não dito.

Ninguém vai assinar um recibo.

Essa situação vazou. Fica a dúvida: há, houve ou haverá novos casos de mala preta?

Agora, eu desconfio de mala branca para o Santa Cruz não perder. É apenas uma desconfiança.

Não adianta, preciso me tratar…