Inter e os efeitos da volantolatria

Quando liguei a TV pra dar uma espiada no jogo do Inter eram 44 minutos do segundo tempo. Não gosto de ver jogos do Inter porque sou pé-frio.

Arrisquei: afinal, o que pode acontecer faltando um minuto para o apito final?

Nem cheguei a sentar. Vi a bola sendo cruzada, um ‘americano’ cabeceando sozinho (lembrei-me na hora da defesa gremista), a bola subindo alto o suficiente para fugir do alcance do goleiro, e depois cair mansa no único lugar que poderia cair sem que o goleiro colorado salvasse.

Mas isso é gol de quem está destinado ao rebaixamento! – exclamei, feliz.

Decididamente, o Inter é o único clube que tem me proporcionado grandes alegrias, com exceção do Grêmio em algumas raras situações, os 5 a 0 no Gre-Nal, por exemplo.

Escutei, depois, Fernando Carvalho e Celso Roth. O chororô vermelho numa hora dessa pode ser um bálsamo para quem vem acumulando frustrações recentes, como a de domingo na Arena.

Os dois defenderam o sistema de três volantes, que estava garantindo o empate diante do lanterna do campeonato, e que o América só ameaçou e acabou fazendo seu gol quando Roth tentou deixar o time mais ofensivo, arriscando a vitória.

Em síntese, é o que disseram os dois. Eles jogam por música.

É a volantolatria.

Essa dupla, que estava junta em 2010 contra o Mazembe, despreza um detalhe: os volantes colorados são jogadores de segunda divisão. Fossem volantes de qualidade o esquema talvez até desse certo.

Não entendo como duas pessoas que conhecem futebol não levem isso em conta.

É mais ou menos como escalar um time com três zagueiros, sendo que todos são inconfiáveis.

Então, começar um esquema a partir de volantes de qualidade tão insuficiente é injustificável. Difícil de entender.

O fato é que o Inter perdeu com ‘gol espírita’, coisa de quem está com a alma encomendada.

RENATO

Fui à Arena na apresentação de Renato Portaluppi. Rápidas impress~es:

Renato me pareceu mais centrado, humilde e compenetrado. É a impressão que tive durante a entrevista coletiva.

Ele adiantou que Douglas será titular. Elogiou o meia.

Eu, que defendi a não renovação de Douglas no começo do ano, tenho de admitir que pelo grupo atual não tem mesmo como abrir mão de Douglas.

Minha esperança para a posição era Lincoln. Era. 

Agora, arrisco um palpite: Renato vai aproveitar Lincoln jogando pelos lados, marcando e chegando na frente.

Sei de muita gente que não gosta de Renato. 

Mas, queiram ou não, ele é o treinador que mais teve sucesso em Brasileirão no Grêmio nos últimos 15 anos.

Levou o time duas vezes a ficar no G-4.

Ah, times que ele herdou. Quer dizer, algum mérito Renato tem. 

Além do mais, ele está contratado. Gremista que é gremista agora torce, não esperneia, e muito menos seca.

Então, o momento é de torcer para que a dupla Renato/Espinosa dê muito certo. 

E deixar de lado ao menos por enquanto teses e preconceitos.