Por uma goleada de 1 a 0 na Arena

Torcedor é acima de tudo paixão. Quando começa a racionalizar muito vai-se um pouco da magia que é torcer com pureza e fé.

Racionalizando, esse time que a direção do Grêmio montou não tem, em tese, condições de ser campeão da Libertadores. Não tem.

Mas teses são teses. Estão aí para serem esmagadas pelos fatos. Futebol se decide em campo, com a bola rolando – se bem que em alguns lugares o sobrenatural de almeida e/ou as forças ocultas -nem tão ocultas – acabam decidindo. Nem precisamos ir muito longe.

Eu durante mais de trinta anos de minha vida vi o futebol com os olhos da razão. Por questão de ofício.

Hoje, procuro despir-me do repórter esportivo que fui para ver o futebol com um olhar mais amigo, benevolente. Mas isso só quando se aproxima um jogo decisivo, no qual qualquer torcedor se deixa envolver e tomar pela paixão.

Se fosse racionalizar, o torcedor ficaria em casa nesta quarta-feira gelada. O time está sem seu melhor jogador, Geromel, tem laterais que não dão confiança, uma zaga preocupante e um goleiro que, de repente, virou frangueiro para os gremistas que se deixaram tomar pelo desespero de longos anos sem títulos de expressão.

Mas o torcedor, o verdadeiro torcedor – que um dia fui e do qual sinto saudade – enfrenta o frio, supera a descrença e se enche de fé e de esperança. Larga tudo, gasta o que tem e o que não tem, para ir à Arena.

Por que? Porque é gremista, e ser gremista é acreditar sempre. Não desistir, mesmo que muitos o estimulem a desistir com palavras impregnadas de pessimismo e ceticismo.

Ser gremista é não dar bola para os negativistas, os mensageiros do apocalipse. 

Não ligar para aqueles que valorizam demais coisas que possam atingir o clube, como a declaração do presidente Romildo Bolzan de que o Grêmio pode até fazer 5 a 0 no Rosário Central na Arena se repetir o futebol que apresentou contra o Juventude. Um excesso do presidente, mas nada que justifique tanta repercussão.

Dizem, os aloprados do mal, que os argentinos vão ficar ainda mais motivados. Bobagem. Não há nada que possa motivar mais os argentinos que o simples fato de enfrentar um time brasileiro, ainda mais um time que impõe tanto respeito na América Latina.

O Rosário é um adversário que devemos respeitas, nunca temer.

O Grêmio do técnico Roger Machado, que anda vacilando, mas tem saldo positivo, saberá fazer um enfrentamento digno para garantir os três pontos.

Se repetir o que jogou contra o Juventude, com melhor aproveitamento nas conclusões, tem tudo para vencer.

Uma goleada de 1 a 0 já está de bom tamanho.