Roger estreia bem, mas não supera o apito gaúcho

As expressões de torcedores do Grêmio e do Goiás de certa forma resumem o que foi o jogo no Serra Dourada: decepcionante para os dois times. O que mais se viu ao longo do jogo nas arquibancadas do estádio foi cara de irritação e desânimo. Em alguns momentos, raros, sorrisos e brilho nos olhos, faíscas de esperança.

No caso do Grêmio, que é o que interessa aqui, comemoro o fato de que o time do estreante Roger não perdeu – algo comum no Serra Dourada – e também que foi superior ao adversário. Por momentos me fez acreditar que o futuro num curto espaço de tempo pode ser bom. Mas foi só por alguns momentos.

Aquele lance do gol gremista foi bonito de se ver. Gallardo foi se enfiando entre os zagueiros, o toque sutil de Luan e a bola sobrando para Giuliano. Está aí o lateral!, pensei, piscando os olhos. Esse foi um dos momentos que me fez acreditar.

Depois, vieram outros lances que fizeram a realidade desabar sobre minha cabeça ultimamente muito inchada. Um exemplo: Mamute recebe na área, o goleiro Renan (Kidiaba branco) sai e Mamute chuta muito alto, confirmando que não tem o instinto do matador frio e calculista. Ao mandar a bola para longe e soterrar minha esperança, Mamute sinalizou mais uma vez que é preciso contratar um goleador.

O mesmo Mamute protagonizou alguns lances muito bons, mostrando que é um atacante útil. Num desses lances, ele foi calçado por trás quando tinha a frente da jogada, o zagueiro goiano o derrubou por trás a um metro da área. De onde estava, o árbitro da turma do Noveletto sentiu que a falta poderia ter sido dentro da área, e aí ele teria de marcar, aos 20 minutos, um pênalti a favor do Grêmio, inclusive expulsando o zagueiro. Seria benefício demais para o Grêmio.

Então, pra que se incomodar? Resultado: inversão. O sr Daronco, por incompetência ou medo ou ainda outra coisa, marcou falta de Mamute, que tinha a frente da jogada e poderia marcar o gol, isso se não chutasse de novo na cabeça do pipoqueiro fora do estádio.

Mamute é, portanto, um jogador útil nesse time que Roger Machado começa a organizar. E começou bem.

O Grêmio foi superior ao Goiás durante a maior parte do jogo. No primeiro tempo, então, transformou o Goiás em ‘galinha morta’. Como é ruim esse Goiás, pensei, esquecendo-me que na última rodada esse mesmo Goiás venceu o Palmeiras por 1 a 0, em SP. Palmeiras que bateu o Corinthians.

Então, deixemos muito claro: o Goiás não é uma desgraceira. Inclusive está na ponta de cima da tabela. Se eu gostei do Goiás? Não. Gostei do Grêmio? Sim, em boa parte do jogo. Mas por que essa superioridade técnica e tática não resultou em vitória? Porque simplesmente a bola continua insistindo em não entrar.

Agora, destaco que gostei do Grêmio em relação a ele mesmo. Uma leve melhorada. Insuficiente para projetar e ambicionar algo mais do que uma campanha mediana. O Grêmio tem hoje um time para ficar mais ou menos na posição onde está agora, em torno do décimo lugar. E não é por falta de treinador, pelo que se viu. Roger fez o dever de casa em sua estreia, mostrando um time com mais movimentação na frente e boa consistência atrás. Nada de especial, repito. Mas pra quem está começando é um bom sinal.

O principal problema do Grêmio, e não é de hoje, é a falta de qualidade na frente. Pedro Rocha é um jogador promissor, mas terá condições de ser titular hoje? O Grêmio precisa de respostas e soluções agora, não amanhã. Aí, entra Éverton. Em outros jogos já não havia gostado dele, que até chegou a ter uma ou outra atuação alentadora, mas hoje não tenho nenhuma dúvida: não está pronto para figurar no grupo principal, nem sei se um dia poderá vestir a camisa tricolor. Insistir, é perda de tempo.

A prioridade é a contratação de um ou dois atacantes de padrão superior. Bem ou mal, a bola está chegando. Segue faltando o matador.

Conclusão: o time atual é insuficiente para maiores voos. Roger Machado mostrou que pode dar conta do recado, mas não é mágico para levar esse time ao lugar que o clube e sua torcida merecem.

ARBITRAGEM

Em primeiro lugar, lamentável essa decisão de colocar juiz gaúcho em jogo de time gaúcho. O mesmo vale para outros estados.

O árbitro, queiram ou não, fica numa situação complicada. Sempre vai gerar algum tipo de suspeição.

Já aos gremistas só resta protestar que jogar o Brasileirão com árbitros daqui depois de um Gauchão inteiro é um baita castigo. Um sinal de que os deuses do futebol são neste momento, além de colorados, também zombeteiros.

Fez bem o presidente Romildo Bolzan em reclamar da arbitragem, que além do lance do Mamute – esse juiz só por isso merece pegar um freezer -, não marcou falta em Grohe no empate do Goiás.

O técnico Roger não falou, mas deve estar se perguntando por que apito gaúcho também no Brasileiro.

INTER

No Beira-Rio, o Inter com seu time reserva – talvez o time reserva mais caro do futebol brasileiro – arrancou o empate com o São Paulo de Rogério Ceni e cia. A rigor, foi um bom resultado. Afinal, era o São Paulo, um dos candidatos permanentes ao título.

Diego Aguirre saiu satisfeito, dizendo que o Inter tem tudo para chegar entre os primeiros do Brasileirão. Alguém precisa dizer ao técnico uruguaio que isso o colorado já sabe, o que o torcedor quer mesmo é o título que não vence desde 1979.