Eu ainda acredito em Felipão

Quando o técnico Luís Felipe Scolari diz que o time do Grêmio não é superior aos times da Ponte Preta e do Coritiba, imagino que ele esteja se incluindo nessa avaliação.

Como se sabe, o técnico não ganha sozinho nem perde sozinho. Vale o mesmo para o time que ele dirige. São partes de um todo.

Se for assim, Felipão se incluindo, concordo que realmente o futebol que o Grêmio anda apresentando ao longo deste ano, com raras exceções, é de uma equipe de porte médio da série A do Campeonato Brasileiro. Uma equipe que sonha com uma vaga na Libertadores, mas está vocacionada a levar apenas um lugar na Sul-Americana e, se vacilar, pode despencar no abismo da segundona.

Esse é o Grêmio que vimos jogar contra a PP e o Coritiba: uma equipe média com um treinador que, apesar de sua reconhecida capacidade, está fazendo um trabalho apenas mediano.

Não é nenhum desastre como disparam alguns, mas também está longe de ser um trabalho que pode esperar-se de um técnico com o currículo de Felipão.

Felipão está deixando a desejar tanto quanto o time.

O time que foi entregue a Felipão é carente de um modo geral, o que atenua um pouco a responsabilidade do treinador.

Se é incontestável que alguns jogadores não podem ser titulares do Grêmio, é verdade também que Felipão tem cometido erros, e eu os tenho destacado aqui com muito pesar.

No jogo de sábado, em Curitiba, não concordei quando ele colocou Éverton. Era o momento de mandar a campo alguém com experiência e qualidade técnica para arrumar o meio de campo, Douglas.

Concordei quando antes, logo após levar o primeiro gol, ele sacou Júnior, que estava mal como no jogo anterior, para colocar um atacante, Mamute. Incrivelmente li críticas ao treinador que, perdendo o jogo, sacou um lateral que nada acrescentava para reforçar o ataque com alguém que está sendo festejado por muitos.

Mamute, aliás, não jogou absolutamente nada. Assim como quase todos os jogadores do time. Luan foi um raio de luz na escuridão ofensiva.

Giuliano, que corre muito e pensa pouco, teve chance de fazer um gol que poderia mudar o rumo do jogo. Mas ele perdeu a chance, talvez com medo de assumir a responsabilidade, entregando, mal, a bola para Mamute. É inaceitável que um jogador experiente como Giuliano tenha feito o que fez, tendo todas as condições de marcar preferir o passe.

Mas nem por isso vamos decretar que Giuliano é ruim, que não serve. Giuliano já mostrou qualidades e merece ser prestigiado. Agora, ele não pode ser o articulador do time, o pensador do meio de campo. E aí Felipão erra de novo. Tem errado demais o Felipão em cima de um time realmente insuficiente.

Qualquer percebe que o time foi mal concebido, e aí a responsabilidade maior é dos homens do futebol, da direção do clube.

Dia desses, comentei sobre os volantes que vêm jogando. Nenhum deles tem a pegada e a garra de Ramiro. Vejamos o melhor deles no momento: Walace. No primeiro gol do Coritiba ele permitiu que o jogador cruzasse. Ele correu com a elegância de sempre, mas com o freio de mão puxado, enquanto o adversário foi ao fundo e cruzou. Ramiro, nesse lance, teria sido mais veloz, porque é mais veloz, e tentado um carrinho para interceptar o cruzamento. Estou convencido de que nunca verei Walace dar um carrinho numa situação como essa. Nem ele nem Maicon, que, aliás, caiu de rendimento sem Ramiro para garantir a pegada e a ‘mordida’.

O PGV está fazendo falta, e não é de hoje. Pra ver como o time tem carências.

Bem, há muita coisa a ser mudada. Imagino que teremos novidades nos próximos dias.

Por enquanto, ao contrário de alguns, ou muitos, continuo levando fé em Felipão. Menos do que antes,muito menos. Mas eu ainda acredito em Felipão.