A arte de perder gols

Ainda no primeiro tempo, depois de alguns gols perdidos e outras jogadas equivocadas no acabamento, tuitei que desconhecia a existência de outro time grande com tamanha vocação para perder gols. E não é de hoje.

Quando não é o goleiro que defende, são bolas chutadas para fora ou excesso de preciosismo, a tentativa de fazer o tal ‘gol de craque’, sempre muito importante na hora de elaborar um DVD para o marketing pessoal.

Nesse jogo contra a Campinense o Grêmio se superou. Foram mais de 20 situações de gol, algumas muito claras, tipo “até a minha vó faria’.

A máxima ‘quem não faz, leva’ só não ocorreu porque o adversário realmente tem pouca qualidade e também porque, faça-se justiça, a defesa tricolor tem sido muito eficiente. Contra um adversário mais forte certamente as consequências de tantos gols perdidos seriam outras.

Exagerando, pode-se dizer que apenas Marcelo Grohe não perdeu gol. Todos os outros contribuíram para esse indicativo preocupante.

O gol da vitória – não o da classificação, porque até o empate servia – foi de Douglas. Jogada tramada por Mamute pela esquerda – novamente ele entrou bem no lugar de Braian – com o lateral Marcelo. A bola cruzada caiu nos pés de Douglas, que não perdoou, afastando a urucubaca.

Depois, quando a Campinense se jogava ao ataque com muita disposição, abrindo espaços generosos para ser goleada, Douglas deu lugar a Lincoln. O presente saindo, o futuro ingressando no gramado: Douglas e  Lincoln.

Lincoln ainda tem muito toddynho pra tomar antes de assumir o lugar de Douglas, mas se trata de um projeto de craque e merece ser tratado como tal. Felipão sabe o que está fazendo, sem pressa, com cuidado e zelo.

Então, como um raio fulgurante em meio à escuridão dos gols irritantemente perdidos, eis que a bola sobra para o pé esquerdo de Lincoln.

O guri não pensou duas vezes, meteu o pé e fez 2 a 0.

Era o futuro – nada distante – do Grêmio se manifestando.

Douglas e Lincoln: os autores dos gols. Será coincidência?