Bolas de borracha e os técnico excêntricos

Aos poucos, ‘devagar, devagarinho’, como canta o grande Martinho da Vila, a verdade aparece. A imprensa Abaixo do Mampituba está divulgando que o Inter antecipou R$ 60 milhões das receitas de TV e de patrocínio para para pagar salários e direito de imagem de seu elenco milionário. Uma grana que vai fazer falta em 2015.

Essa informação está saindo hoje. Falta publicar aquilo que a imprensa Acima do Mampituba já divulgou faz dias: o Inter devem quatro vezes mais em tributos que o Grêmio.

Escrevo sobre isso só para deixar bem claro o que venho dizendo faz tempo: nem tudo são rosas no jardim colorado. Pelo contrário, há muito mais espinhos.

Então, não é só o Grêmio que anda com dificuldades financeiras.

A diferença é que o Grêmio por não ter uma Libertadores pela frente adotou a política dos pés no chão, uma política forçada pelas circunstâncias, mas a mais adequada para a realidade do futebol brasileiro, que vai sofrer como qualquer setor da sociedade com a fase difícil da economia brasileira.

Enquanto o Inter agora sonha com Vágner Love, que um dia distante foi um atacante perigoso e atrevido, o Grêmio busca mais jovens de sua base para manter sua política de austeridade, até por falta de opção.

A impressão que tenho é que o Inter tem uma Ferrari para ser pilotada por um motorista de taxi que só dirigiu fusca na vida.

Ontem, Diego Aguirre comandou um treino exótico. Os jogadores só poderiam usar a cabeça.

Não pude deixar de lembrar do técnico uruguaio também, o Juan Mujica, e do preparador físico Steban Gesto.

Eles trabalharam alguns meses no Grêmio, final dos anos 80. Usavam muito treino com bola. Detalhe, bola em tamanho menor.

Eu era repórter do Correio do Povo na época. Fazia o setor do Inter. O setorista do Grêmio era o grande Jodoé Souza, que entrou na redação alvoroçado, falando maravilhas do trabalho comandado por Gesto.

O que me remete para outro treino exótico que vi como setorista. Foi no Inter. O técnico era oriundo do Guarani de Campinas, Zé Carlos -correção: Zé Duarte. Ele gostava de orientar de vez em quando treinos com bolas de borracha.

Excentricidades à parte, o futebol continua praticamente o mesmo, tirando as frescuras como losango invertido, a figura do número 1, etc.

Agora, nada como uma bola ‘oficial número 5’, sonho de consumo de qualquer guri naqueles distantes anos 70/80.

Um sonho que só realizei bem depois, tarde demais para quem cresceu jogando com bola de borracha.