Era doce e se acabou

Era doce e se acabou. É com esse sentimento que começo a escrever depois da vitória do Cruzeiro sobre o Grêmio por 2 a 1, resultado que garante o título de campeão brasileiro aos mineiros, e nada mais justo.

O Cruzeiro mostrou em plena Arena, com toda uma atmosfera de otimismo e confiança da torcida gremista, por que é o campeão.

O Grêmio foi superior no primeiro tempo. Mas, assim como foi melhor no jogo do primeiro turno na casa do adversário, o Grêmio voltou a perder.

E perdeu porque não soube aproveitar as chances de gol que criou enquanto foi melhor. Já o Cruzeiro, com seus jogadores com auto-estima passeando entre as nuvens, quando foi melhor, e isso aconteceu no segundo tempo, foi lá e aproveitou.

Mas até quando o Cruzeiro era melhor, o Grêmio teve uma oportunidade daquelas feitas para encaminhar a vitória, porque seria um balde de água fria no entusiasmo do campeão brasileiro.

Dudu foi ao fundo, aos 25min, e cruzou. Um zagueiro rebateu nos pés de Barcos. E aí faltou ao Barcos a frieza do matador, a frieza, por exemplo, desse infernal Everton Ribeiro no lance do segundo gol dos mineiros. O zagueiro se jogou à sua frente, enquanto Fábio, goleiro que parece ter nascido para impedir vitórias do Grêmio, se jogava no mesmo sentido, ou seja, o lado óbvio de chute do atacante, no caso, o canto direito. Com isso, o canto esquerdo, uns 3 ou 4 metros, ficaram à disposição de Barcos. O argentino fez o que Fábio esperava. Por isso, Fábio defendeu.

Não tenho nenhuma dúvida que Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart – que parece ter um imã que atrai bolas bêbadas na área – teria feito o gol. Jogariam a bola, sem necessidade de força, no canto esquerdo, como já ensinava o baixinho Romário.

Tudo isso não para culpar Barcos, que fez uma partida relativamente boa, mas para salientar que o Cruzeiro virou o jogo porque tem jogadores que definem, que decidem. Esse Ricardo Goulart, que tem 14 gols ao lado de Barcos, não jogou nada, mas quando a bola sobrou pra ele fez o que manda a cartilha dos matadores, matou.

O Grêmio, no Gre-Nal e contra o Criciúma, seguiu à risca a cartilha, e teve bom aproveitamento das oportunidades criadas, muito diferente do que aconteceu nesta noite de quinta-feira na Arena.

O gol no início, marcado por Riveros – outro volante goleador – e o domínio amplo do jogo, levou à torcida ao paraíso, aos sonhos mais doces.

Por isso, quando o Cruzeiro fez o segundo gol como quem rouba pirulito de criança fiquei mesmo com essa sensação de que era doce e se acabou. E quando digo isso me refiro ao fato de que o time vinha num crescendo revigorante, luminoso.

Até o empate, o Grêmio se encaminhava para conquistar a vaga da Libertadores e até podia sonhar com o segundo lugar.

Agora, tudo ficou mais difícil. Mas não impossível.

FELIPÃO

O técnico gremista tem muitos méritos. Ele é o artesão desse novo time gremista, um time que por vezes empolga a faz sonhar.

Agora, quando ele viu que o Cruzeiro voltara melhor do intervalo, mais ameaçador, e se mantendo no campo ofensivo, penso que seria o caso de colocar Alan Ruiz para fazer a função de Luan, que não conseguia desenvolver nenhuma jogada, abusando de toques para o lado e pra trás.

Sei que Felipão apostou na estrutura do seu time, uma formação que está dando certo.

Mas era preciso naquele momento, ali pelos 15 minutos, colocar alguém com novo ânimo para sacudir o time e voltar a equilibrar o jogo antes que fosse tarde demais.

Quando Felipão se deu conta, era tarde demais.

Não se brinca com um time como o Cruzeiro.