Jogar por uma bola

A expressão ‘jogar por uma bola’ me incomoda, pra não dizer que chega a me irritar.

O Grêmio está sempre ‘jogando por uma bola’. É uma maneira de depreciar o Grêmio. Pior é que muitos gremistas repetem essa expressão, talvez sem refletir sobre ela e sobre o que acontece em campo.

Parece ser coisa nossa, assim como o churrasco, o chimarrão, o CTG, a grenalização e os colunistas que querem ser mais realistas que o rei e vivem cobrando punição forte para atos de racismo, desde que cometidos na Arena. E pela torcida do Grêmio, claro.

Sobre a homofobia nas imediações, silêncio.

Jogar por uma bola até bem pouco tempo era jogar retrancado. Fechadinho atrás e explorando contra-ataques.

O Cláudio Duarte, logo que assumiu de treinador no Inter, disse que seu esquema era o ‘pega-ratão’.

Então, jogar por uma bola é o pega-ratão estilizado, glamurizado, assim como lesão passou a ser desconforto.

Hoje, Ramiro, o PGV – Pequeno Grande Volante – veio ao meu encontro nessa indignação, o que apenas evidencia o quanto esse jogador além de aplicado e esforçado, é inteligente.

Frase do Ramiro, que deve voltar ao time contra o Fluminense, fato que saúdo efusivamente:

“Não é jogar por ‘uma bola’. É jogar com consciência defensiva, com os 11 jogadores marcando e sair no contra-ataque. Nos últimos jogos fora de casa a gente criou até cinco chances por jogo”.

É verdade, como pode ser definido como time que joga por uma bola se são várias as chances de gol criadas.

Por que não dizem que o Inter joga por uma bola de vez em quando? Nunca alguém escreveu ou falou isso por aqui, mesmo quando se vê o time de Abel parindo uma bigorna incandescente para chegar com perigo diante do goleiro adversário.

Está consagrado por aqui que um time com três volantes é defensivo. Em tese, sim, mas depende dos três volantes. Concordo que aquele trio que Renato escalou para ser VICE-CAMPEÃO BRASILEIRO – escrevo assim para que não esqueçam o brilhante trabalho que ele fez em sua última passagem por aqui como o grupo que tinha – era mais defensivo, tinha pouca qualidade e criatividade na armação: Ramiro, Rivero e Souza.

O trio atual, tem um volante/meia, que é o Felipe Bastos. Aliás, pouca gente se deu conta, mas FB caiu de rendimento quando se desfez a dupla Ramiro/Riveros, que dá forte sustentação defensiva ao time e o libera para armar e chegar à frente. Os dois voltam contra o Flu. Aí poderá ser comprovada a minha tese: FB vai jogar mais do que vem jogando.

Ainda mais que o Fluminense de uma hora para outra virou uma droga de time e Fred passou a ser ex-jogador, lento, sem agilidade, como tenho lido e ouvido por aí. São os mesmos que enaltecem o Criciúma, conforme li no blog do sempre atento RW, o cornetadorw.blogspot.com.br.

Aliás, conforme destaca o RW, apavorado, Heber Roberto Lopes é o juiz. Está aí um forte complicador para a objetivo de somar três pontos.

Apesar de ‘jogar por uma bola’ – o Grêmio parece ser o único time no país que joga com cuidados defensivos e nos contra-ataque -, acredito que é possível vencer.

É só melhorar a pontaria e caprichar no último e no penúltimo passe, mantendo impenetrável a defesa.

O técnico Felipão está chegando lá, ao equilíbrio, devagar e sempre.

Armando o time da melhor maneira diante do material humano que possui, igualzinho ao Renato Portaluppi tempos atrás.