Os figurantes cada vez mais ameaçam os protagonistas

Quando as seleções emergentes conseguirem aproveitar melhor as chances que criam durante os jogos contra os poderosos, a geografia do poder no futebol mundial vai passar por um processo talvez irreversível de mudança.

Essa é a minha conclusão depois de ver França e, principalmente, Alemanha sofrerem para vencer Nigéria e Argélia.  Outro dia foi o Irã quem deu um enorme susto na Argentina. Não fosse o Messi…

Esses sustos já aconteceram outras vezes, mas nesta Copa eles são mais frequentes. É a impressão que tenho. Não posso garantir porque mal e mal me lembro que a Espanha ganhou a final contra a Holanda.

Aliás, a Holanda merecia um título mundial pelo conjunto da obra, porque em campo não será desta vez. Aquele pênalti sobre o Robben contra os mexicanos me pareceu muito suspeito.

Alguém consideraria um absurdo Chile e México eliminarem Brasil e Holanda depois do que aconteceu nesses jogos?

Então, os grandes estão padecendo demais com os pequenos.

A questão é que na hora H os grandes acabam se impondo.

Foi com essa convicção que vi a Alemanha escapar de levar um ou dois gols no começo do jogo contra a Argélia. Tinha certeza de que superado aquele momento de enlouquecida pressão argelina, os alemães acabariam controlando o jogo.

Foi o que aconteceu a partir da metade do primeiro tempo. Mas antes, o goleiro alemão Neuer salvou a pátria alemã com saídas para fora da área com precisão cirúrgica, no momento certo, interceptando contra-ataques que poderiam resultar em gol.

Quer dizer, a muralha alemã só se manteve em pé graças ao seu goleiro. Bem, quando eu pensava que a Alemanha dominaria o segundo tempo e chegaria facilmente à vitória, os argelinos com uma disposição única voltaram a atacar com fúria. A Alemanha respondeu à altura. Aí brilhou o goleiro M’Bolhi, fantástico.

Por falar em goleiros, como tem goleiro espetacular nesta Copa!

Apesar de tudo, sempre acreditei que a seleção que elegi como maior favorita ao título chegaria à vitória. Não teria essa certeza se acreditasse na eficiência dos emergentes nas conclusões.

Foi mais um jogo emocionante. Um jogaço.

A Argélia volta pra casa de cabeça erguida, como a Nigéria, México, Chile e outros figurantes que ousam ofuscar os protagonistas, mas que acabam saindo de cena na hora em que é preciso mostrar algo mais, como talento para concretizar em gol as oportunidades criadas.

Por enquanto, os figurantes seguem sendo o que são: figurantes.

BRASIL

Posso estar exagerando, mas a impressão que tenho é que a seleção brasileira não venceria essa Argélia que complicou demais a vida da Alemanha.

Não vejo o Brasil jogando com tanta vontade, tanta determinação, tanto comprometimento.

Essa equipe de Felipão joga com vontade, se emociona, mas não vai aos 110% por cento como foram argelinos, alemães, franceses e nigerianos nesta segunda-feira.

Sexta-feira, a seleção enfrenta a Colômbia, que vai jogar esses 110% ou mais.

Se Felipão não conseguir fazer com que seus jogadores, cada um deles, brigue pela bola como se estivesse no começo da carreira, querendo dar um chute na pobreza, sonhando com a fama, a fortuna e a camisa amarela do Brasil, não é impossível que a seleção saia mais cedo da sua Copa.

Se isso acontecer, a Colômbia pode assumir até o papel principal.