Brasil dá sorte e se livra do clássico contra o Uruguai

Com o Uruguai fora do caminho, a seleção brasileira está na fase semifinal da Copa.

A frase acima é audaciosa e provocativa. Os admiradores da Colômbia vão saltar igual milho de pipoca no azeite quente.

Primeiro, o Uruguai foi eliminado muito mais em função de seu melhor jogador, um mordedor reincidente, do que pelo futebol dos colombianos, que vêm de um grupo fácil.

Segundo, Suárez é fundamental para os uruguaios. Quase tanto quanto Neymar e Messi para suas equipes.

Para sorte dele, a Fifa aplicou-lhe uma punição tão exagerada que colocou o agressor na posição de vítima, e só por isso ele foi recebido com festa no Uruguai. Fosse um jogo só de penalização, já suficiente para facilitar a vida da Colômbia, Suárez seria amaldiçoado pelos torcedores uruguaios por ter deixado o time na mão e sepultado o sonho de macaranazo.

Pelo jogo que vi hoje entre uruguaios e colombianos, fiquei convencido de que os nossos irmãos do sul, com Suárez, bateriam o adversário e enfrentariam o Brasil.

Mesmo sem seu goleador, o Uruguai criou boas chances de gol, mais do que a Colômbia. Aliás, excelente esse goleiro colombiano.

Assim, se o Brasil repetir o que jogou, ou não jogou, contra os chilenos, vai passar pela Colômbia. O Chile é superior a Colômbia. E talvez superior ao Uruguai. Talvez.

Mas acho difícil que o Brasil volte a jogar tão mal. Até porque os colombianos não têm essa marcação obsessiva e bem organizada no meio de campo, o que obrigou a equipe de Felipão a abusar da ligação direta. Quem diria, o futebol que já teve os melhores meio-campistas do mundo hoje não consegue trocar quatro ou cinco passes na transição defesa/ataque.

Falta muita coisa ao Brasil. A começar por dois laterais convincentes, confiáveis. Daniel Alves, então, é um perigo. Felipão parece que, hoje mais velho, gosta de viver perigosamente. Ele não era assim. O Maycon deve estar treinando muito mal para não ser escalado. Ou então Daniel é o chamado ‘bom de grupo’.

Os volantes são bons, eficientes, cumprem bem suas tarefas. Mas nada de excepcional. O que falta ali é um cara que comande as ações, os movimentos. Um articulador. Deveria ser Oscar esse jogador. Mas Oscar não tem personalidade para colocar a bola debaixo de braço. Por isso, ele é o que sempre foi na seleção, um coadjuvante, quase inexpressivo nesta Copa.

Assim, sem um meia para organizar, eu escalaria três volantes para fechar o meio, proteger melhor a defesa e marcar a saída de bola dos colombianos, que eles vão se atrapalhar.

Eu sacaria Oscar. Mas Felipão poderia armar um ataque sem centroavante, porque os dois que ele convocou – e não havia outros melhores – não estão bem. Aí, o time poderia ter Oscar, Neymar e Hulk.

Mas quem sou para ensinar Felipão?

Vale destacar, ainda, que os dois laterais afunilam muito o jogo. Eles não conseguem correr rente à lateral do campo para buscar a linha de fundo. Parece campo minado para eles. E aí, com poucas jogadas de fundo, sofrem os centroavantes. Uma coisa puxa a outra. Tudo está interligado.

Apesar dos problemas, já projeto o Brasil nas semifinais.

JULIO CÉSAR

Foi emocionante ver Júlio César tão contestado por muita gente mostrar que continua sendo um grande goleiro. Boas defesas durante o jogo e herói nos pênaltis. Defendeu dois e serviu de inspiração para os companheiros. Comovente, no final, o abraço de Victor no colega. O que dizer, então, do desabafo de Júlio César? Chorei com ele. Vibro quando alguém consegue dar a volta por cima, passar de ‘vilão’ a herói, mesmo depois de quatro longos anos.

COLÕMBIA

James Rodriguez é o queridinho da vez. É o goleador da Copa. Marcou gol nos quatro jogos disputados. Eu ainda não havia prestado muita atenção nos colombianos. Todos destacavam o James, que joga no Monaco e tem 22 anos.

Realmente, muito talentoso. Mas não é muito participativo. Muitas vezes fica parado, não se desloca muito. Fica esperando a bola no pé. Bem, quando a bola chega nos pés dele em situação de concluir, aí é tudo com ele mesmo.

Marcou um belo gol no primeiro tempo e, depois, bem colocado na pequena área, concluiu para a rede, fazendo 2 a 0.

O time colombiano é bom, mas pelo que vi até agora está abaixo do Chile. Se Felipão ajustar o time, passa até sem muita dificuldade.

ARBITRAGEM

Eu que pensava que o Brasil seria beneficiado pelas arbitragens estou surpreso. O juiz de hoje esteve muito bem, inclusive ao anular o gol de Hulk. Se fosse mal intencionado, talvez validasse o lance.

Patético foi ouvir o Arnaldo, na Globo, dizer que Hulk não ajeitou a bola com o braço.

SIMON

Sempre que há uma prorrogação lembro do Carlos Simon. É mais forte do que eu. Não consigo esquecer aquele jogo em Campo Bom, decisão do Gauchão, em que ele não deu um minuto sequer de acréscimo, nem sequer parou o cronômetro na virada de lado das equipes.

Não sei se ele trabalhou no jogo. Será que ele criticou o juiz por dar acréscimo e parar o cronômetro? Claro que não, porque seria demitido na hora.

Cartão vermelho pra ele.