No Grêmio, os culpados não entram em campo

Perder para o São Paulo fora nunca foi uma calamidade. É até normal. Vencer, como aconteceu no 1 a 0, do ano passado, é que contraria a lógica.

Lembro que o Grêmio também jogou com três volantes. Dida foi o grande nome do jogo. O Grêmio jogou por uma bola. E realmente teve apenas uma chance de gol, contra meia dúzia do time do ranzinza Muricy, que, aliás, deveria se aposentar porque visivelmente trabalha com má vontade. Ele seria mais feliz e nos pouparia de ver aquela cara amarrada à beira do campo.

A única bola foi de Vargas. Barcos enfiou uma bola longa demais para o Alex Tellles – saudade -, que conseguiu chegar a tempo de cruzar da risca da linha de fundo na cabeça do atacante chileno, que chegou entre dois zagueiros e cabeceou.

Ontem, no Morumbi, o Grêmio também levou pressão e seu goleiro, agora Marcelo Grohe, fez defesas difíceis, evitando que o time levasse gol logo nos primeiros minutos. A diferença é que Grohe acabou levando um gol numa bola muito difícil, porque desviada pelo zagueiro a poucos metros dele, num lance complicado para o goleiro. Mérito do zagueiro. Uma bola defensável apenas para quem viu o jogo pela TV e não estava ali no lugar do Grohe diante de uma muralha de jogadores.

Os mesmos que mandaram Victor embora por lances como esse para colocar o ‘prata da casa e gremista’ Marcelo Grohe, hoje parecem determinados a mandar o Grande Grohe embora. Os problemas do Grêmio passam longe de Grohe, assim como passavam longe de Victor – hoje na Seleção do Brasil! – e do próprio Dida.

Por que tudo sempre tem que estourar no goleiro se o time praticamente nunca faz o goleiro adversário trabalhar?

Alguém lembra de algum jogo neste ano ou no ano passado em que o goleiro adversário foi o grande destaque. Ah, eu lembro de um, contra o Atlético PR, pela Copa do Brasil, quando o Grêmio foi eliminado na ARena mediante defesas extraordinárias do goleiro Weverton. Aliás, está aí um ótimo goleiro.

A derrota de ontem tampouco passou pelo técnico Enderson Moreira. Criticam as substituições, mas alguém acredita que Maxi entrando antes ou começando mudaria alguma coisa? Talvez para pior.

No comentário anterior escrevi que Enderson deveria manter o esquema com dois volantes. Mas previa que ele entraria com Edinho, retomando os ‘malditos’ três volantes lançados por Renato que identificou faz tempo a precariedade ofensiva do time com ele, o onipresente Barcos, e o ‘gladiador’ Kleber, que leva a sério o apelido porque tem prazer em confronto físico. Sem contar que Edinho é um dos medalhões.

A exemplo do ano passado no Morumbi, Os três volantes não impediram que os goleiros do Grêmio evitassem goleadas.

A diferença básica é que havia Vargas entrando como centroavante para fazer o gol da vitória.

No sábado, coube a Barcos definir. Ele teve duas boas oportunidades. Mandou a bola longe.

E pelo jeito será assim sempre. O Grêmio criando pouco, o goleiro adversário saindo de campo com o calção impecavelmente limpo e o goleiro gremista levando o time nas costas e ainda assim sendo questionado.

Então, os verdadeiros culpados da derrota de ontem e de outras que virão – além da goleada no Gre-Nal e da eliminação na Libertadores – são os de sempre.

E eles não entram em campo.