A caixinha de surpresas

O futebol é tão imprevisível, e é isso que o torna tão fascinante, que um time que tem Pará, Léo Gago e Barcos e que vem de uma sequência de resultados e atuações horríveis, pode ir a Buenos Aires e vencer o time do Papa, o San Lorenzo.

É difícil? Claro. Impossível? Não.

Quem olhar para o passado já viu equipes piores levantando troféus. Mesmo as equipes de grandes títulos, e não me refiro apenas ao Grêmio, tinham seus Parás, seus Barcos. As vitórias acabaram encobrindo fraquezas e defeitos dos campeões. Hoje, todos festejados.

Vai chegar o dia em que até o Gabiru receberá honrarias emocionadas e sinceras.

Alguém duvida que o Grêmio possa ser campeão da Libertadores com Pará e com Barcos, o centroavante que cabeceia mal, chuta pior, raramente se antecipa ao zagueiro em cruzamento e que consegue sempre se colocar onde a bola cruzada não irá?

Quem duvida racionaliza demais. Eu duvido, mas ao mesmo tempo acredito em milagre. Não vejo nada impossível no futebol.

Então, olhando assim para esse time que o Grêmio manda a campo dá vontade de fazer qualquer outra coisa nesta quarta-feira, às 22h, do que ficar diante da TV assistindo ao jogo contra o San Lorenzo.

E se pensar que à beira do campo estará um técnico que exala passividade e conformismo, o que parece refletir na equipe por vezes, a esperança de um resultado positivo se torna ainda menor.

Agora, se olharmos para o adversário, é possível abrir um sorriso. O San Lorenzo está longe de ser uma equipe temível, imagem que setores da imprensa buscam transmitir.

Aliás, isso foi feito também em relação aos três adversários da fase anterior. Eram todos times fortes, difíceis de serem batidos. Houve quem projetasse o Grêmio na lanterna desse grupo, apelidado pelos apressados e mensageiros do apocalipse como da ‘morte’.

O Grêmio, que está longe de ser uma potência como se viu no último Gre-Nal, passou pela fase sofrendo apenas um gol.

Para um time que teve esse desempenho diante de adversários do porte do San Lorenzo, sair de campo em Buenos Aires sem sofrer gol ou no máximo levar no máximo um não tem nada de espetacular. Apesar dos desfalques.

E quem tem Luan de volta pode fazer ao menos um golzinho.

Alguém duvida? Eu não. Só maluco e derrotista acredita em derrota por antecipação no futebol.

Afinal, o futebol é ou não é uma ‘caixinha de surpresas’?