Luan, o Rivaldo do Grêmio

Aquilo que parecia impossível, ou muito improvável, aconteceu: a gurizada promissora mostra em poucos jogos que pode fazer a diferença e que, acima de tudo, já é uma grata realidade.

Luan, decididamente, pinta como craque. Mostra uma maturidade impressionante para um jovem de 20 anos que há poucos jogos era um ilustre desconhecido da grande maioria da torcida.

Sobre talento em Luan. O gol que marcou é um indicativo da tranquilidade que esse guri tem para jogar. A bola foi lançada por Ramiro, o PGV -Pequeno Grande Volante- foi um gigante, tinha direção de Riveros, em impedimento. Luan, vindo de trás, acreditou e ficou livre para encobrir o goleiro e fazer 1 a 0.

Ao deixar o campo depois dos 3 a 0, Luan explicou que foi na bola acreditando que poderia tirar proveito da jogada. Luan não apenas chegou no lance como teve categoria de sobra para encobrir o goleiro como se veterano fosse.

Confesso que naquele momento vi, na figura esguia e alta de Luan, a imagem de Rivaldo em começo de carreira.

Já o jovem Wendell destacou-se muito mais pela energia, a firmeza e a coragem com que enfrentou adversários experientes e catimbeiros. Sem contar, claro a sua técnica invejável. Wendell jogou como um especialista em Libertadores. Provocou e recebeu o troco, sem nunca se intimidar. Pela primeira vez, fez esquecer Alex Telles.

Então, a vitória do Grêmio começa pela gurizada. Além de Luan e de Wendell, Ramiro, que deu o passe para o primeiro gol e depois marcou o segundo após bela jogada de Wendell, deixando Ramiro em condições de escolher o canto para fazer 2 a 0.

No mais, é importante destacar a seriedade da zaga, a eficiência no combate. Rodolpho foi de novo uma muralha. Dos quatro, Pará foi o menos estável, mas não comprometeu.

No meio de campo, Edinho repetiu a atuação que teve em Montevidéu, muita raça, bravura e até alguns lances de boa técnica. Qualquer crítica à atuação de Edinho não passará de puro preconceito, que é algo abominável.

Se Ramiro justificou seu apelido, PGV, Riveros não ficou atrás. Decididamente, Riveros fez uma partida impecável. A vitória, sem dúvida, começa pelo desempenho incansável desse trio de marcação, esforço completado pelo futebol reluzente de Luan, um jogador que faz a diferença  entre este Grêmio e o Grêmio do ano passado.

Quem voltar a questionar se Kleber volta ou não ao time estará passando um atestado de absoluto desconhecimento de futebol ou de alguém apenas preocupado em tumultuar o ambiente do time criando dúvida onde só existe certeza: Luan é titularíssimo.

Até o veterano Zé Roberto correspondeu. Uma pena não ter marcado o gol naquele lance de voleio em que ele aparou cruzamento milimétrico de Luan, no segundo tempo, e o goleiro fez grande defesa.

Por último o Barcos. Um jogador que destoou dos demais. Ele teve dois momentos importantes, em ambos ele fracassou. Aos 38, recebeu lançamento de Riveros invadiu a área, tinha a frente da jogada, mas demorou e quando chutou a bola foi interceptada por um defensor que havia largado pelo menos cinco metros atrás.

Aos 40min, de novo ele entrou livre, após lançamento de Alan Ruiz. Dudu estava ao seu lado, erguendo os braços desesperadamente, mas Barcos, com toda a sua experiência, não viu ou não quis ver: preferiu definir. E chutou para fora. Seria o terceiro gol do time.

Três minutos depois,  Alan Ruiz fez a jogada mais espetacular do jogo. Ele recém havia entrado. Pegou a bola pela meia direita e foi para cima da defesa, verticalmente, entortou a marcação, viu o goleiro num canto e chutou no outro com extrema precisão e sangue frio. Em poucos minutos, o argentino mostrou que os dias de Zé Roberto estão contados.

Foi uma grande vitória. Só espero que nesta quarta-feira aqueles que valorizaram tanto o Nacional colombiano não queiram agora diminuí-lo para desvalorizar esse excelente resultado.

TORCIDA

Nota dez para a torcida, que ajudou o time todo o tempo como deve fazer sempre, mesmo nas dificuldades.