Efeitos de um contrato pernicioso

A venda de percentuais dos jovens que alegraram e iluminaram a noite da torcida gremista nesta terça-feira, dando a impressão que as nuvens escuras desse tormentoso início de século podem, finalmente, se dissipar, não poderia ser anunciada/confirmada/realizada em pior momento.

A vitória redentora que lavou e enxaguou a alma dos gremistas espalhados pelo planeta foi em grande parte alcançada graças ao futebol da gurizada que ascendeu ao time titular com a a voracidade de quem tem pressa, uma pressa que acompanha a nação tricolor, sedenta de títulos como o vampiro por sangue fresco.

A confirmação de que Wendell, de atuação arrasadora pela maturidade, qualidade técnica e até imposição física, teve parte de seu vínculo negociado ao Leverkusen repercutiu muito mal entre os gremistas, que saíram da euforia que marcou o dia de todos os torcedores para um princípio de depressão em vários casos.

Wendell ficaria no Grêmio até a metade do ano. Menos mal, se for verdade. Ainda assim, será o mesmo Wendell que se entregou ao jogo contra o Nacional como se ali estivesse decidindo seu futuro? E pelo jeito parece que estava mesmo.

Como se não bastasse, percentuais de Ramiro e Bressan também estão  sendo negociados.

Pouco tempo atrás, foi Alex Telles. E outros irão também prematuramente. Sem tempo de amadurecer, conquistar títulos e vestir a camisa da Seleção. Enfim, alcançando maior valorização para o clube faturar muito mais.

Muitos torcedores estão revoltados, criticando a direção tricolor. Nada mais injusto.

O presidente Fábio Koff, desde que assumiu, mata um leão por dia. Herdou um nova casa magnífica, mas da qual não tem a chave.

Quando denunciou a situação foi criticado. Há quem tenha espírito de avestruz, e goste de enfiar a cabeça na terra para ignorar os problemas.

Mas problemas a gente enfrenta do jeito que dá, e sempre da melhor maneira possível.

Sem a receita de seus próprios jogos, a direção gremista trabalha para compensar e amenizar os efeitos maléficos, altamente nocivos, de um contrato pernicioso que, ao contrário do propalado ufanisticamente tempos atrás, é hoje o pesadelo maior do clube.

Um pesadelo mais terrível do que anos sucessivos de fracassos nos gramados, porque compromete o presente e o futuro do clube.

As derrotas, como as vitórias, são eventos passageiros, transitórios, cujos efeitos muitas vezes duram apenas até a próxima rodada.

Já um contrato ruim…