Dez razões a favor e contra Renato

Há muito tempo eu defendo que a gente sempre encontra argumentos para defender quem gostamos, e isso vale para qualquer área. Vale o mesmo em relação a quem temos um pé atrás.

Sempre vamos encontrar argumentos consistentes, e nem tanto, para ambos os lados.

No futebol, então, esse aspecto é mais intenso. Nossas preferências ancestrais acabam refletindo em nossas opiniões.

Aqueles que gritaram ‘fica luxemburgo’ com toda a força de seus pulmões e cobraram dos candidatos à permanência do técnico, vinculando seu voto à renovação do polivalente profissional, foram os primeiros a bater em Renato.

É certo que, matreiramente, silenciaram quando os primeiros resultados positivos surgiram, elevando o Grêmio ao topo da tabela do brasileirão.

Depois, oportunistas (como normalmente se é nas coisas do futebol), baixaram a lenha no treinador, e até justificada e merecidamente em alguns casos.

Bem, o fato é que hoje a legião dos anti-renatistas parece ser maior do que o exército favorável a Renato.

Claro que essa situação pode ser alterada a partir dos próximos resultados.

O que interessa aqui é que eu elaborei duas listas com interpretações e análises opostas para aspectos similares, mostrando que muitas posições radicalmente antagônicas são tomadas em função de preferências e conceitos arraigados.

Confiram como fatos (quase) iguais podem gerar opiniões opostas:

DEZ razões para Renato ficar em 2014:

1. ajustou rapidamente o time irregular e acadêmico herdado de Luxemburgo;

2. teve ousadia e coragem de lançar o jovem Ramiro em detrimento das estrelas Elano e Zé Roberto;

3. armou um time combativo e indignado com a ‘cara do Grêmio’;

4. recuperou a auto-estima da torcida ao posicionar o Grêmio acima do Inter e sempre no G-4;

5. soube armar um sólido esquema defensivo, o que compensou a falta de gols dos atacantes;

6. teve que administrar a falta de um verdadeiro goleador na equipe que não foi montada por ele;

7. constatou as deficiências técnicas da equipe e armou um time para garantir atrás e especular na frente;

8. deu oportunidade a jovens. Alguns acabaram não correspondendo dentro das exigências do momento;

9. soube avaliar o momento certo e a circunstância adequada para melhor aproveitar o talento de Maxi Rodriguez; e

10. é um treinador identificado com o Grêmio, com um trabalho sério e honesto.

DEZ razões Renato não continuar:

1. não soube dar continuidade ao bom trabalho inicial, revelando limitações;

2. relegou Elano e Zé Roberto a um segundo plano incompatível à qualidade dos jogadores;

3. armou um time guerreiro, mas retrancado e por vezes até covarde;

4. fez o torcedor sonhar com o título e depois decepcionou com decisões que prejudicaram a equipe;

5. armou o time todo para defender, prejudicando o desempenho ofensivo dos atacantes;

6. não soube encontrar alternativa ofensiva para a falta de um goleador;

7. o time do Grêmio não é tão limitado que não pudesse ser mais ousado em muitos jogos;

8. lançou alguns jovens em momentos equivocados, como Lucas Coelho e Mamute contra o Atlético PR.

9. deu poucas oportunidades a Maxi Rodriguez, o articulador que fez muita falta ao time e que se revelou talentoso; e

10. é um profissional identificado com o Grêmio, mas com uma imagem muito desgastada como técnico.

Bem, a lista pode ser ampliada. Quem quiser, pode fazer a sua. O fato é que nessa discussão, as duas partes tem suas razões e há pontos em comum.