Futebol com cara de ressaca

O domingo não poderia ter sido pior para a dupla Gre-Nal.

O Inter viu seu sonho de Libertadores, que já estava muito mais para delírio, virar pó diante de um São Paulo que está ressurgindo das cinzas. A arbitragem foi cruel com o Inter, mas o time segue instável e sem qualquer sinal de que pode reagir. Lembro que no começo do campeonato previ que o Inter, em função de não jogar no Beira-Rio e também por ter uma defesa vulnerável demais, terminaria em torno da décima posição.

Se para o Inter, perder não chega a ser novidade, uma goleada desse Grêmio que tem seu forte justamente no setor defensivo, beira ao surrealismo.

Levar 4 a 0 do Coritiba, com dois gols em quatro minutos, e praticamente não mostrar poder de reação, me faz lembrar um antigo programa da TV em preto e branco: está muito Além da Imaginação.

Ninguém poderia supor um resultado tão desastroso.

Na minha avaliação, o Grêmio sentiu demais os efeitos do jogo decisivo contra o Corinthians. Houve um desgaste físico e mental muito grande.

O Grêmio jogou um futebol com cara de ressaca.

Desatento na defesa, confuso na marcação e, como sempre, absolutamente ineficiente no ataque.

Aqui, um comentário breve sobre o Barcos.

Vejo nesse jogador algumas qualidades, mas só quando ele está em pé. O problema é que ele tem um problema sério de estabilidade. Não sei se algum fisiologista já o examinou com atenção.

Acredito que o centro de gravidade do Barcos é semelhante ao daquelas pequenas vans coreanas ou algo assim, estreitas e altas. Ou seja, um perigo nas curvas. Um exame acurado poderá constatar isso.

Mas é claro que a goleada não passa por ele.

Apontar algum jogador ou alguns jogadores como responsáveis pela derrota seria injustiça. O time todo estava perdido, desorientado e até mesmo relaxado, porque o foco é a Copa do Brasil.

O técnico Renato também não tem culpa. Manteve a estrutura básica. Acho que o problema maior ficou por conta do entrosamento do meio de campo, o trio de volantes.

O sistema defensivo teve um apagão inicial e depois não conseguiu reagir. E quando se reequilibrou não viu ninguém na frente. A entrada de Elano deu mais qualidade, mas foi insuficiente.

Renato disse que foi um acidente. Também acho.

O importante é que os estilhaços desse choque não causem reflexos no jogo de quarta-feira, de novo em Curitiba.