Vaias de lavar a alma e a resposta de Neymar

Não me levem a mal aqueles que se emocionam e vibram com a Seleção Brasileira.

Os jogos do Brasil não me atraem.

Assim como a presidente Dilma que confidenciou recentemente que não se sente atraída por estádios de futebol. Na hora não entendi por que.

Hoje, ao ouvir a vaia ensurdecedora no estádio de mais de um bilhão de reais quando ela e o vovô Blatter não conseguiram esboçar mais do que algumas palavras, descobri o motivo.

Nos estádios, o povo consegue se expressar sem que apareça alguém pra lhe dar um paratiquieto.

É nos estádios de futebol que o verdadeiro pensamento do povo se manifesta sem amarras, sem grilhões, sem censura. É a melhor pesquisa, a mais honesta, a mais sincera.

A vaia no estádio de futebol é um sentimento que jorra espontâneo, sem manipulação de partidos políticos oportunistas como os que estão por trás dessa onda de manifestações que varre as grandes cidades.

Depois de ouvir as vaias para Blatter, que, pateticamente, num portunhol ridículo, pediu fair play e educação ao público, e também para a presidente Dilma, que tratou de declarar aberta essa tal copa das confederações e saiu de cena rapidinho, desliguei a televisão.

Tudo o mais que pudesse acontecer nos 90 minutos seguintes não seriam tão importantes e gratificantes como aqueles segundos de constrangimento das autoridades.

Só lamento não ter visto o Lula, maior responsável por essa orgia de gastos milionários na construção de estádios de futebol gigantescos e que, em muitos casos, logo estarão ociosos como os da África do Sul, onde alguns até estão sendo demolidos.

Mas a vida é assim, a felicidade nunca é completa.

Fui ligar de novo a TV – estava envolvido com minhas cervejas – no final do jogo, a tempo ainda de ver uma jogada belíssima de Oscar para o gol de Jô.

Foi aí que soube da vitória por 3 a 0 sobre o glorioso Japão.

Minha mulher resumiu tudo com uma frase singela: japonês, pra mim, entende de tecnologia, não de futebol.

Não deve ser esse o pensamento de um grupo de homens cobertos de verde e amarelo que acenavam sorridentes para a câmara da Globo durante um boletim ufanista do repórter.

Eles comemoravam a vitória com alegria infantil que até me deu uma certa inveja.

Por que eu não consigo ficar assim? Deve haver algo de muito errado comigo.

Só não fiquei deprimido porque o som da vaia para Blatter e Dilma – com Lula como sujeito oculto da frase – ainda ecoa como uma sinfonia celestial nos meus ouvidos.

Sinto que não estou sozinho.

Vale a pena conferir: http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2013/06/dilma-e-blatter-sao-vaiados-em-abertura-da-copa-das-confederacoes.html

NEYMAR

Neymar marcou um golaço. Neymar é craque, não pelo golaço, mas por tudo o que consegue fazer com a bola.

Sinceramente, tenho pena daqueles que um dia afirmaram que o guri não está pronto ou que não joga tudo isso – o meu amigo W. Carlet é um deles – e continuam batendo nessa tecla, sem humildade para voltar atrás.

É tão simples, não dói. Todos nós erramos na avaliação de jogadores.

Vamos lá Vianey, repita comigo:

Ney-mar é cra-que!

Viu? Não dói.

Quem ousou comparar Taison e Messi deveria ser um pouco mais humilde.