Luxemburgo, Cris e as nossas escolhas

Ficar ou não ficar com Luxemburgo, eis a questão. Lendo e ouvindo alguns comentários de fonte vermelha, que insistem em colocar o nome de Celso Roth na roda, fico inclinado a manter o técnico de passado vitorioso e presente perdedor.

Pela lei das probabilidades, depois de disputar cinco competições e não erguer nenhum troféu a sinalização é que Luxemburgo está cada mais próximo de um título.

O problema é que esse título pode não vir ainda neste ano, o que é muito provável diante do quadro de incertezas e das nuvens escuras que pairam sobre o Olímpico e a Arena.

Eu não tenho todos os elementos para uma tomada de decisão racional. Também não integro o tal conselho de administração do clube – infelizmente para o clube e também para mim -, que hoje irá reunir-se para deliberar se Luxemburgo fica ou não fica.

Se prevalecer o emocional, Luxemburgo não continua. É fácil para alguém de fora, sem compromisso maior com a gestão, dar palpite ou opinião. Não terá de arcar diretamente com as consequências.

Uma questão que deve ser pesada: o Grêmio tem como bancar uma indenização de 6 milhões de reais?

Ouvi o dirigente Nestor Hein, sempre procurado e facilmente encontrado para dar entrevistas, dizer que essa indenização não seria obstáculo porque aí seria coisa de clube pequeno.

Sendo assim, se dinheiro não é problema – o que eu duvido – e considerando o trabalho de Luxemburgo até aqui, a tendência é de que ele será mesmo demitido.

Agora, eu tenho convicção de uma coisa: não fosse a indenização, Luxemburgo só voltaria a Porto Alegre para cuidar do seu negócio com vinhos.

ORIGEM

Já escrevi muitas vezes: nós somos responsáveis por nossas escolhas e por tudo o que resulta delas. Isso vale para o futebol e para todas as coisas.

Quando algo começa mal, é improvável que termine bem.

Quando Paulo Odone manteve Renato Portaluppi como treinador mesmo querendo outro, ele deu o primeiro passo para o seu fracasso em 2010.

É preciso aprender com os erros do passado. Mas nem sempre se aprende e os erros se repetem. No futebol isso é muito comum, rotineiro.

Dois anos depois, Fábio Koff fez a mesma coisa: ficou com um treinador que ele não queria.

Nas duas situações, os dirigentes estavam respaldados pela voz das arquibancadas.

Odone ainda tinha mais razão para manter Renato, que havia pego o time ameaçado de rebaixamento e o conduziu à ponta de cima da tabela, e isso sem contratações milionárias.

Se a atual direção ouvir de novo o clamor da torcida, a mesma que gritou ‘fica Luxemburgo’ – praticamente intimando Koff a renovar o contrato do treinador -, terá de demitir Luxemburgo.

Mas, seja qual for a decisão da reunião marcada para esta segunda-feira, que seja resultado de análise e avaliação sensata e racional.

Que o torcedor que existe em cada dirigente fique do lado de fora da sala.

BOLÍVAR

A eliminação prematura da Libertadores tem várias causas. Algumas subjetivas. Outras obscuras.

Mas há as causas bem objetivas, cristalinas. Por exemplo, o pênalti desnecessário cometido por Cris no jogo de ida contra o Santa Fé.

Sem o pênalti e o consequente gol, o Grêmio estaria classificado.

Hoje, ninguém estaria lamentando o gol perdido por Vargas no finalzinho do jogo na Colômbia.

Curioso: no dia seguinte ao jogo, setores da imprensa – aqueles já muito conhecidos – especularam que Vargas não ficaria mais no clube. E isso que Vargas teve boa atuação.

Não li ninguém especulando sobre a saída de Cris, Fábio Aurélio, Marco Antônio…

BOLÍVAR

Falando em Cris: no ano passado, eu sugeri a contratação de Bolívar, que estava deixando o Inter. Houve boatos de que ele poderia ser contratado pelo Grêmio. Houve rejeição total dos torcedores gremistas.

Bem, não veio Bolívar. Veio Cris.

Cris afundou e Bolívar é campeão no Rio com o Botafogo, aquele que ‘nunca chega’, mas que com Bolívar chegou.

Nesta segunda-feira, ele pode ser eleito zagueiro da seleção do campeonato carioca.

Nós somos responsáveis por nossas escolhas.