Cada vez mais confio menos em Luxemburgo

Eu não confio em Luxemburgo.

O jogo de hoje em Passo Fundo só fez reforçar minha desconfiança. Por dois motivos: o primeiro quando ele fragilizou o time ali pela metade do segundo tempo.

O Grêmio vencia por 1 a 0, enfrentava dificuldades, mas tinha condições de sustentar o resultado para assumir a liderança do grupo. Luxemburgo promoveu o desmanche do meio de campo ao sacar Guilherme e Souza e colocar Fábio Aurélio e Matheus Biteco.

Não era momento para dar ritmo de jogo a um atleta que estava há um ano ou mais sem jogar. O momento era de consolidar a vitória, não de fazer experiências.

A consequência foi o empate do Passo Fundo, que depois ainda teve uma chance magnífica após falha assustadora de Bressan. Grohe evitou o segundo gol com uma defesa fantástica.

Há quem diga que ele falhou no gol do adversário, mas eu não concordo. Foi um chute muito forte, com a bola pegando efeito e se afastando das mãos estendidas do goleiro.

É necessário destacar que o Grêmio poderia ter matado o jogo no começo do segundo tempo, quando Kleber ficou cara a cara com o goleiro e chutou rente à trave, após grande jogada de Vargas, o melhor em campo.

O empate deve ser debitado na conta do treinador, que foi imprudente e mexeu mal no time.

Luxemburgo tem sido assim desde que foi contratado: confundindo seguidamente – em especial nos jogos decisivos – ousadia com imprudência.

O segundo motivo para aumentar minha desconfiança em relação ao treinador foi uma declaração dele que fisguei do site do Correio do Povo, após o jogo, ao ser questionado sobre a instabilidade do time na temporada:

– Faz parte de um processo, que só é possível fazer uma avaliação ao término.

O término para mim, toda a torcida gremista e também para a direção, tem a ver com a Libertadores. É para conquistar a Libertadores que o clube está investindo tanto dinheiro. É na Libertadores que a torcida joga todas as suas esperanças.

Temos então que se o Grêmio for campeão, teremos avaliação positiva, é claro. Se perder, será negativa. Se bem que Luxemburgo ainda poderá ponderar que a ‘Libertadores é disputada por grandes equipes e que só uma delas pode vencer, e que, infelizmente, não foi dessa vez que o Grêmio chegou lá’.

Luxemburgo parece que está treinando para ser comentarista de resultados.

A função dele é outra: é avaliar corretamente o que acontecendo para realizar os ajustes necessários que levem a um término vitorioso. Se o processo for conduzido adequadamente, as chances de um resultado positivo são maiores. Assim, a hora de avaliar se as coisas estão indo bem é agora, é já.

Ao transferir as coisas para adiante, Luxemburgo nada mais faz do que empurrar os problemas com a barriga. Ele me dá a terrível sensação de que, na verdade, não sabe bem o que está se passando.

Há tanta coisa a ser explicada e o treinador do Grêmio, que conseguiu a proeza de der batido pelo modesto Cruzeiro na Arena, sugere simplesmente que a gente espere pelo final da campanha.

Cada vez mais confio menos em Luxemburgo.

E aí se estabelece um dilema, ao menos para mim: como manter esperança na conquista da Libertadores sem confiar no treinador?

PERPLEXIDADE

Fiquei sabendo da derrota do Grêmio diante do Cruzeiro, quinta-feira, em plena Arena, apenas no final da tarde de sexta-feira santa.

Explico: eu estava na colônia, no interior de um pequeno município do oeste catarinense, Saudades. Aliás, a região é repleta de gremistas e colorados.

Fiquei afastado dos meios de comunicação. Sequer me lembrava que o Grêmio jogaria com o Cruzeiro, jogo para vencer com naturalidade, sem maior esforço.

Assim, reagi com perplexidade quando um gremista me interpelou para saber como eu explicava a derrota por 2 a 1. Pensei que ele estivesse de sacanagem.

Percebi que ele e outros gremistas que se acercaram estavam perplexos, temerosos com o que pode acontecer no jogo que realmente interessa, o contra o Fluminense.

Ponderei que o time, assim como eles, torcedores,  está com o foco na Libertadores, que os jogadores não jogam com a mesma disposição, tiram o pé nas divididas, buscando se preservar. Isso poderia ajudar a explicar uma atuação tão frustrante.

Pela reação deles, acho que não fui convincente.

Desconfio que possa estar acontecendo algo mais grave nos bastidores.

INTER

O Inter bateu o Esportivo com atuação destacada de D’Alessandro, que no Gauchão se mostra um imperador do futebol, o que não costuma acontecer no Brasileirão.

O time colorado se encaminha para ser campeão gaúcho. De novo.

Agora tem esse jogo contra o Rio Branco. No Acre. Fazer um time caro como esse do Inter cruzar o Brasil para jogar no Acre é um absurdo. Coisas da CBF.

O maior adversário não é o Rio Branco, mas a viagem. Ontem, o técnico Dunga até tentou valorizar o adversário: “Há uns dois ou três anos eles têm a mesma equipe. Tem uma boa troca de passes e duas linhas de quatro, com jogadores experientes”.

Moledo, o zagueiro que parte da mídia gaúcha quer ver na Seleção Brasileira, sofreu e lesão e corre o risco de ficar fora do time por algumas semanas.