Brasil: já não estamos com essa bola toda

Nos meus últimos anos de CP, jogo da Seleção Brasileira sobrava pra mim. Quer dizer, eu era obrigado a ver o jogo e depois escrever sobre ele.

Lembrei disso ontem, quando ouvi o Rui Carlos Ostermann comentando o jogo Brasil x Itália.

Conclusão: o cara vai ficando velho e sobra para ele a Seleção.

Quem me acompanha há mais tempo, sabe que eu não me interesso pela seleção. Isso significa que não deixo de fazer outras coisas para assistir a qualquer jogo da Seleção.

Quer dizer, jogo contra a Argentina desperta minha atenção.

Conheço muita gente assim, que não liga pra seleção brasileira, ainda mais em amistosos.

Agora, esse jogo contra a Itália, na volta de Felipão, me atraiu.

Minha conclusão depois dos 2 a 2: o Brasil parece distante de ter uma equipe para a Copa do Mundo.

O Mano Menezes fez experiências demais. Não conseguiu nem definir uma base, nem um esquema confiável e realista.

O Mano escalava a seleção como quem acredita que o Brasil ainda é imbatível, que tem que ir para cima dos adversários, que o outro time é que precisa nos marcar. Enfim, essas bobagens que resultam em fracasso.

Para minha surpresa, e decepção, vi o Felipão seguindo a mesma cartilha, que parece ditada pela TV Globo com seu ufanismo tradicional e pernicioso, simbolizado em Galvão Bueno.

Felipão seguiu Mano e escalou um time faceiro, três atacantes para enfrentar a forte Itália.

Felipão calçou salto-alto. Sucumbiu ao oba-oba. Esqueceu que já não tem Rivaldo e Ronaldo.

Essa de escalar três atacantes foi demais. Ainda se fossem três grandes atacantes. Neymar, tudo bem, mas Hulk e Fred?

Não vejo um atacante da estatura técnica do Neymar hoje no futebol brasileiro. Há vários bons atacantes, goleadores como o Fred, o Damião, mas ambos não têm nível para titularidade. O Pato, se conseguir recuperar o brilho de seu início, seria uma saída.

Portanto, com essa carência, insistir com três atacantes é burrice, irresponsabilidade ou loucura, como diria o Gerdau.

A primeira providência de Felipão deve ser reconhecer que estamos numa safra modesta, sem grandes astros.

A partir daí ele deve começar a Seleção. Armar um time mais operário, com três volantes, dois que saibam chegar ao ataque com velocidade e técnica.

Eu começaria, a título de exemplo, com Fernando, ladeado por Paulinho e Hernanes. Mas há outros desse nível, como Ramires e Lucas, ex-Grêmio. Depois, Kaká ou Oscar. Quem sabe os dois juntos, sacando o camisa 9, já que não existe nenhum realmente digno de ser titular.

Enfim, o primeiro passo para armar uma seleção competitiva e capaz de ser campeã da Copa das Confederações e do Mundial é admitir que já não estamos com essa bola toda.