O rugido da Arena e o efeito D'Ale

O técnico Dunga deve ter dormido tranquilo ontem. O sono dos justos.

Afinal, o inquieto e instável D’Alessandro, guindado a líder do vestiário colorado, declarou em alto em bom som que o ‘grupo havia aprovado’ o novo treinador.

Com o carimbo de ‘aprovado’ por D’Ale e seus companheiros, Dunga terá mais condições de mostrar que pode ser num clube o que não foi na seleção: um técnico vitorioso.

Se no Inter o ambiente aparenta ser de absoluta serenidade, no Grêmio o clima é de expectativa e preocupação.

Afinal, a LDU, que antes era apontada como um gatinho pela crônica esportiva porque “era um time em formação e sem entrosamento”, passou a ser um leão. Um gigante.

Assim como nunca acreditei que a LDU fosse um adversário fraco – ainda mais na altitude – e o Grêmio uma potência, sempre mantive uma postura cautelosa.

Lembro que no programa Cadeira Cativa, dois dias antes do jogo, eu afirmei que assinaria um acordo de derrota do Grêmio por 2 a 1. Hoje, se vê que seria um resultado melhor, porque vitória por 1 a 0 classificaria o time.

A continuidade na Libertadores ficou mais difícil. É preciso vencer por dois gols de diferença.

A LDU não é um leão, muito menos um gatinho. É um adversário que merece respeito e preocupação.

Se os jogadores do Grêmio estivessem ambientados na Arena e adaptados ao tipo de gramado, ainda arenoso, eu estaria muito tranquilo, talvez até mais que o Dunga depois de receber o apoio do grupo.

A preocupação em relação ao campo, porém, aumentou depois que ouvi um repórter afirmar que o gramado da Arena está pior do que estava no jogo da pobreza. É claro que não posso acreditar nessa ‘informação’ descabida.

O Grêmio é quase um visitante em sua própria casa. É como o sujeito que se mudou para um mansão e ainda se perde em algum corredor ou entra na peça errada.

O fator local que tanto pesou a favor da LDU, tem sua importância reduzida nessa decisão.

A grande diferença, o que realmente pode fazer a diferença e levar o time a superar a LDU para continuar na Libertadores, é a torcida.

A torcida do Grêmio, sim, pode ditar o rumo do jogo, para o bem ou para o mal.

Se a torcida entender que seu time ainda precisa encorpar e que a LDU não é o timeco que foi vendido por alguns, terá o comportamento adequado para esse momento de tantas incertezas e inquietações.

Terá de ser compreensiva quando o titular número de Luxemburgo, o Pará, cruzar errado ou quando o manhoso técnico mandar a campo seu pupilo, o inacreditável Marco Antônio.

Terá de agir como a mãe diante de uma travessura do filho quando Marcelo Moreno desperdiçar sua terceira chance de gol.

Vaiar nunca. Sequer murmúrios de desaprovação – que na Arena são amplificados – serão permitidos.

Se a torcida lotar a Arena com o mesmo espírito de paz, aceitação e sentimentos elevados que o grupo colorado sugere dedicar ao Dunga, a vitória virá ao natural.

Até porque o Grêmio mostrou no primeiro jogo que tem um time superior. Não muito, mas superior.

Essa superioridade vai aumentar se a torcida entrar em campo – Psiu, o da Geral, não é para levar ao pé da letra porque dá interdição, viu? – e jogar com o time, não contra o time.

Se a Arena rugir, o ‘leão’ equatoriano vai ronronar.