O time do QUASE

Por mais que me esforce não consigo definir minha vida nos últimos dez anos apenas com uma palavra.

Façam vocês também essa tentativa. Vale a pena. Não é perda de tempo, porque ao menos vocês exercitarão a memória, o que, dizem, é um preventivo contra o ‘alemão’.

Mas se eu fizer a mesma tentativa para encontrar uma palavrinha só que defina o Grêmio nesse período não terei maiores dificuldades, e penso, desculpem a pretensão, que terei apoio próximo da unanimidade.

O Grêmio nos último dez anos – e podemos acrescentar mais um ano – é o time do QUASE.

Sábado, contra um Coritiba desfalcado, ficou apenas no empate em 0 a 0 no Olímpico.

Aliás, se alguma mente diabólica elaborasse um plano para desmistificar o Olímpico em seu derradeiro ano como o local em que o Grêmio, empurrado por torcida, é imbatível, não alcançaria tanto sucesso como faz o time do festejado Vanderlei Luxemburgo desde que pisou no clube.

Ironicamente, Luxemburgo não cansa de repetir que tinha medo de enfrentar o Grêmio no Olímpico, onde nos últimos tempos qualquer um vem e faz festa.

Sábado, mesmo com Elano e Zé Roberto, o Grêmio repetiu aquele futebol que cometia antes da chegada desses dois excelentes jogadores.

O goleiro do Coritiba, que jogou retrancado como muitos outros fazem, se não me engano não foi exigido uma vez sequer em 90 minutos.

Já o goleiro Marcelo Grohe evitou a derrota. Simples.

Apesar disso, a cotação ZH (e aí pego o tema preferido do blog do RW), que parece ligada no piloto automático na hora de depreciar os jogadores do Grêmio, pode parecer nesta segunda-feira algo assim: “Sem culpa nos gols e muito seguro nas intervenções, nota 4”.

O fato é que o Grêmio afastou por sua própria conta, com esse empate e outros resultados recentes nesse nível, afastou qualquer possibilidade de ainda buscar o título, sonho ainda acalentado pelo presidente Paulo Odone antes da partida.

O time do QUASE se impôs mais uma vez. As causas?

São inúmeras, mas cito aqui as que considero principais:

– os adversários aprenderam que precisam neutralizar Elano. Zé Roberto também, mas nem tanto, até por isso o ZR foi destaque, porque teve mais liberdade;

– Elano e Zé Roberto tiveram de ficar de fora em alguns jogos, o que proporcionou a entrada do ‘trio de carimbadores’;

– A insistência de Luxemburgo em promover MA e também de sacar Fernando;

– a péssima fase de Kleber, que se arrasta em campo, não dribla mais nem a trave da goleira e foge da área como o diabo da cruz;

– a pouca efetividade das laterais, onde dois jogadores ligam uma usina nuclear a cada jogo para conseguir um cruzamento certo por partida;

Cada um pode apontar suas razões. Devo ter esquecido algumas, e talvez tenha sido injusto em outras, mas é o que tenho para esta manhã de domingo.

Um dia muito especial, no qual a torcida do Grêmio vai decidir se quer continuar QUASE campeã ou se quer voltar a lotar a Goethe.

Em tempo: a continuar nesse ritmo de guri que desce a ladeira em carrinho de lomba, o time do QUASE pode perder a vaga no G-3 para o São Paulo, como venho alertando há tempo, e, se vacilar, fica fora até do G-4.