Sonhos e pesadelos

Quando o Figueira fez o segundo gol eu joguei a toalha. Não via a menor possibilidade de reagir, virar o jogo, com esse ataque que a direção gremista ousou montar para enfrentar duas competições tão difíceis, a Libertadores e o Brasileirão.

O Grêmio vai terminar o campeonato nessa faixa em torno do décimo lugar, conforme escrevi há uns 15 dias quando alguns delirantes sonhavam com Libertadores, e tinham como objetivo ainda passar à frente do Inter.

Não consigo esquecer o discurso que o presidente Paulo Ufanista Odone despejou após a vitória sobre o Santos, que era o verdadeiro Grêmio, um time com a cara de Grêmio, não aquele que vinha cambaleante sob o comando de Renato.

O castigo veio com duas derrotas seguidas. Uma dentro de casa contra o ‘poderoso’ Figueirense. Será que o comandante maior do clube ainda pensa que esse é o time com cara de Grêmio?

Não, esse time tem a cara do sr Odone e dos homens que assumiram o futebol com ele.

O técnico Celso Roth é tão culpado quanto o Renato. Na verdade, são mais vítimas, porque falta qualidade no Olímpico. Falta uma zaga confiável, mas falta acima de tudo atacantes de qualidade.

O Grêmio não tem um ataque titular que imponha respeito e que inspire confiança ao torcedor.

É verdade que o Grêmio estava relativamente bem no começo, mas não conseguiu converter as poucas chances criadas. O goleiro Wilson fez duas ou três belas defesas.

Aí, numa escapada, bola jogada na área, Ed Carlos perde uma disputa dentro da área por falta de agilidade e reflexo, gol do Figueira. Depois, Victor falha e o Figueira amplia. Fim de jogo.

Se o árbitro encerrasse ali pouparia sofrimento, angústia, desespero, raiva.

Roth até pode ter errado nas substituições. Mas o que pode fazer um treinador quando olha para o campo e vê André Lima. Olha para o banco e vê Diego Clementino e Miralles como alternativas para tentar uma virada?

Escudero não estava bem no jogo. Marquinhos estava melhor. Roth tirou o menos ruim naquele momento. Acho que ele deveria ter insistido mais uns 15 minutos com Escudero. Mas ele colocou Miralles, que pouco acrescentou. Depois, Clementino no lugar de Marquinhos, que havia caído de produção. Poderia ter sacado Douglas, mas Douglas ainda tem uns lampejos que podem mudar um jogo.

Gilberto Silva na zaga no lugar de Rafael Marques não alterou grande coisa. O time ganhou uma saída de bola qualificada, mas seguiu vazando. O terceiro gol foi em cima do veterano volante, driblado no mano a mano.

A meu ver, só se salvaram Mário Fernandes, Fernando e Júlio César.

Espero que ninguém mais fale em Libertadores.

Lembro que no ano passado, Renato assumiu com o time colado na zona de rebaixamento. Conseguiu subir até entrar no grupo da Libertadores. Com mais duas ou três rodadas, poderia até ser campeão.

Hoje, a situação é parecida. A diferença é se o campeonato tivesse umas rodadas a mais, haveria o perigo de rebaixamento. É assim que eu vejo: o Grêmio agora tende a descer.

INTER

Enquanto isso, o Inter se distancia. Se distancia do Grêmio e também do título, algo que a maioria dos colorados que conheço ainda acredita. No máximo, uma vaga na Libertadores. No máximo. Aparentemente, uma grande conquista, mas se trata de um prêmio de consolação para quem gasta R$ 6 milhões mensais com a folha de pagamento.

Mas é melhor do que ficar na sul-americana, que é o máximo que o Grêmio ainda pode conquistar.

O Inter ganharia alento se tivesse batido o São Paulo. Fez uma boa partida, mas ficou no empate. O resultado em si é bom se vier acompanhado de vitória no final de semana.

Aos menos os colorados ainda sonham com alguma coisa. Aos gremistas, restam apenas pesadelos.