Carlos Miguel estava no programa do Reche, o Cadeira Cativa na Ulbra TV. Lá pelas tantas, começamos a falar de centroavante.
– O último centroavante goleador que o Grêmio formou foi Alcindo – disse eu.
O Miguel me olhou parecendo espantado, incrédulo. Lembrou do Jacques, que surgiu no auge de Jardel.
– Aí ficou difícil pra ele -, comentou o Miguel, que passou a elogiar o Jardel. Lembrou de uma brincadeira que eles faziam nos treinos a respeito da dificuldade que o Jardel tinha com os pés no trato com a bola, algo parecido com o que vemos hoje em Brandão e André Lima. Se bem que o Jardel era melhor que esses dois também com a bola no chão.
– A gente dizia pro Jardel se deitar quando a bola vinha rasteira e mandar de cabeça, porque com os pés era complicado – riu o Miguel, que hoje lida com jogadores de 15 e 16 em parceria com o Dinho.
Viram? Dinho, Carlos Miguel, Jardel… O time multicampeão de parte da década de 90. O Reche ainda lembrou de todos os outros.
– Vamos parar com essa conversa, vamos mudar de assunto, se não eu começo a chorar – disparei, acrescentando:
– Eu era feliz e não sabia.
Naquele tempo eu trabalhava no CP. O gremismo só se manifestava na gozação com os colorados da redação. No mais, seriedade, isenção.
Ser isento ganhando tudo é fácil. Os colorados sofriam, sofriam como a gente agora. Agora, não, já são dez anos sem comemorar um título nacional.
Hoje, toda a mediocridade de um ano de erros é sepultada por uma vaga na Libertadores.
Um dia ainda teremos gremistas ou colorados lotando a Goethe pra comemorar vaga em Libertadores. Folha de pagamento superior a 5 milhões de reais por mês para ganhar vaga na Libertadores. Muitas vezes, como vai acontecer agora com o Grêmio e talvez com o Inter, nem isso. Sul-Americana e lambe os beiços.
Eu gostava mais do Brasileirão com a fase de mata-mata. Fazia renascer as esperanças.