Primeiro tempo de campeão

Depois de um primeiro tempo de candidato ao título do Brasileirão, o Grêmio voltou à sua rotina neste campeonato e fez um jogo de quem se esforça para ser rebaixado.

Qual é o Grêmio de Celso Roth? Eis a questão. Arrisco dizer que é o do primeiro tempo. Se conseguiu atingir esse nível é porque tem potencial para repetir.

O Grêmio jogou com autoridade, deu poucas chances ao adversário (não devemos ignorar que o Bahia vem de aplicar uma goleada no Flamengo, no Rio) e chegou com perigo várias vezes na área do time baiano.

O mais importante: chegou sempre com jogadas trabalhadas, não aquela bola alçada, lotérica, que serve muito mais aos zagueiros do que aos atacantes.

Então, o Grêmio que o Professor Roth está ajustando aos poucos é o do primeiro tempo. E este Grêmio é o que me importa.

O do segundo tempo se resume a um jogador: Victor. Não fosse ele, o empate estaria registrado no placar agora, ou até mesmo uma derrota.

Imagino que o ‘esquadrão de caça ao Victor’ esteja agora amargando um arrependimento que corrói as entranhas. É claro que estará de volta com a primeira falha. Faz parte da vida do torcedor.

De minha parte, começo a acreditar que errei feio ao sentenciar que Escudero, se falasse português, poderia disputar um lugar no time do Avaí, nunca num time de ponta. O argentino está me surpreendendo.

O golaço que marcou que foi apenas a cereja do bolo, porque ele foi de novo participativo, interessado e muitas vezes eficiente. Outra coisa: ele vai pra cima, não tem medo de ser feliz.

Agora, quem encheu as medidas no primeiro tempo foi Douglas. Ele aplicou um desconcertante drible do elástico. Um drible perfeito, mágico, que seria aplaudido de pé por seu criador, o Rivelino. Na sequencia, um cruzamento na medida, de pé direito, para Brandão cabecear na trave. No rebote, outro lance belíssimo: o torpedo de primeira de Escudero.

Gostei de novo do Júlio César. No lance do primeiro gol ele matou minha saudade de ver um lateral driblar seu marcador, chegar ao fundo e cruzar como se colocasse com as mãos na cabeça de Brandão, que mostrou que pode ser muito útil nessa arrancada rumo a uma vaga no grupo da Libertadores.

Sim, eu acredito. O Grêmio do primeiro tempo pode tudo. O do segundo… Bem, melhor nem imaginar.