A vingança de Mancini

A vingança é um prato que se come frio. É o que pensei quando vi o Vágner Mancini à beira do campo saboreando os 3 a 0 sobre o Grêmio, um clube do Sul que um dia foi poderoso, impunha respeito e conquistava títulos de grande porte.

Mancini estava goleando o sujeito que o demitiu há três anos, o Paulo Pelaipe, e o técnico que o substituiu. Celso Roth.

Deve ter sido uma noitada de muito chá (e otras cositas más) na noite cearense, quem sabe com a voz de Fagner ao fundo cantando ‘as velas do Mucuripe’.

O Grêmio que levou três do Ceará (do Ceará, não do Barcelona) repetiu o que tem feito em toda essa temporada. Uma defesa vulnerável (antes diziam que o Renato Portaluppi era ofensivista e por isso o time tomava tanto gol); um meio de campo confuso, que não marca com eficiência e que tem dificuldade para armar jogadas ofensivas; e um ataque que, na verdade, não existe desde a saída de Jonas.

A goleada só não foi maior porque Victor evitou mais gols com defesas quase milagrosas. Ouvi o narrador e comentarista, gente que não é daqui, dizer que Victor foi o melhor jogador do Grêmio.

Já os colorados daqui e os gremistas desesperados culpam o Victor de todos os males. Desprezam coisas simples como o fato de o time ter criado apenas duas ou três situações claras de gol contra mais de uma dezena do adversário.

Victor não teve culpa alguma no primeiro gol, um chute lotérico e mágico. Depois, foi vítima de um zagueiro vacilão, que no meu tempo de guri em Lajeado a gente chamada de ‘moscão’.

Mas Victor é o grande culpado. Se isso os deixa felizes. Com Marcelo Grohe o time vai vencer todas e pode até ser campeão. Quando o time é ruim, quado Clementino entra pra resolver e, pior, ainda joga mais que o promissor Leandro, não tem goleiro que salve.

Time sem ataque, sem jogadores capazes de reter a bola na frente pra defesa respirar e sem capacidade para armar jogadas, é um time capenga. Vejo outros jogos, com outros times, e deparo com atacantes criativos, gols saindo com facilidade. No Grêmio, cada gol é um parto. Como é difícil o Grêmio criar jogadas e fazer gols!

O Grêmio até teve uma melhora no segundo tempo com Marquinhos e Clementino no lugar de Lúcio e Leandro.

Outra coisa: Adilson ou joga no meio ou fica no banco. Ele não tem flexibilidade para enfrentar atacante habilidoso no mano a mano na lateral. Quem jogar em cima dele acaba se sentindo um Garrincha, tamanha a facilidade com que o dribla. Fora isso, Adilson não tem qualidade técnica para atacar. Ruim na defesa, pior no apoio.

Roth terá muito trabalho para consertar o estrago feito por uma direção absolutamente incompetente para armar uma equipe com qualidade.

DAMIÃO

No Beira-Rio, o Inter penou, mas venceu. E isso é o que importa. Mais uma vez Leandro Damião. Muito tempo atrás escrevi que todos os problemas do Grêmio acabariam se tivesse um jogador com a qualidade de Damião. Admito que exagerei, porque Damião, ao contrário de André Lima, não sofre de solidão e de desamparo.

Dorival Jr estreou com vitória por 1 a sobre o Botafogo. Tem na mão um time com potencial para crescer e brigar até pelo título, algo que considero muito difícil, mas não impossível.

Já o Grêmio deve festejar se não cair pra segundona. Com Victor ou Marcelo, tanto faz. Isso não vai alterar nada. O time continuará sendo ruim.