Grêmio: uma análise, uma contribuição

O vice-presidente de futebol Antônio Vicente Martins está perdido. Posso estar enganado, mas é isso que ele me passa a cada entrevista.

Ele não sabe por que o Grêmio repete a campanha do ano ano passado no Brasileirão. Se ele sabe, não o demonstra.

Depois do empate com o América Mineiro, agora um adversário direto na luta para não cair, AVM jogou parte da responsabilidade sobre Renato, que seria responsável pela indicação de alguns jogadores.

Os jogadores indicados este ano por Renato, salvo engano: Miralles, Gilberto Silva e Rodolpho.  

Alguém questionou esses nomes anteriormente?

Mas isso é o que menos importa: o dirigente é quem decide se contrata ou não. O técnico indica, o dirigente contrata se quiser. Não é ele quem manda?

Bem, se ele não manda, que se demita, dê lugar a outro gremista também tão decidido a ajudar o time do coração.

Tenho dúvidas se AVM manda alguma coisa. Pelo que sei, ele e seus companheiros do futebol não aceitaram o pedido de demissão de Renato ainda no vestiário após empate com o Avaí. Teriam sido, então, atropelados pelo presidente Paulo Odone, que os deixou falar na coletiva e depois foi lá e fez aquela lambança que culminou na saída de Renato.

Aquele era o momento de se impor. Ou cair fora.

Cesar Cidade pediu o boné ontem. Alega questões particulares. Dos três, talvez fosse o melhor. Os melhores são os primeiros a sair quando tolhidos em sua capacidade de decisão.

Se é para dizer amém, melhor voltar para a arquibancada. Eu penso assim. Mas sei que tem gente que gosta de ficar agarrado ao poder de qualquer jeito, mesmo que isso possa resultar em prejuízo ao seu clube.

Ah, é preciso considerar a divisão de cargos no clube pelos movimentos que venceram a eleição.

Se sair um representante de tal grupo, o substituto deve ser da mesma corrente ‘partidária’.

Competência e preparo para determinado cargo é o que menos importa.

É assim que funciona nos governos. Infelizmente, é isso que acontece hoje nos clubes, ao menos na dupla.

Hoje, AVM deu entrevistas dizendo que é possível repetir o ano passado. Sim, tanto é possível que a história de fracasso está se repetindo. Resta saber se é possível repetir a segunda parte da história, aquela que começou com a chegada de Renato ‘salvador’ Portaluppi.

Quem será o Renato agora? Julinho?

Quando Julinho foi contratado eu escrevi que era um engano, um erro, que torceria por ele, mas que não vinha nele condições de assumir um cargo tão importante numa situação tão complicada. Levei umas chineladas em função dessa minha descrença.

Continuo torcendo por ele, até porque se ele fracassar as consequencias serão desastrosas.  Não é uma questão de conhecimento de futebol. A questão é comando de vestiário.

Tivesse Julinho o respaldo de dirigentes fortes, com voz de comando, ele teria melhores condições de vencer.

Mas a impressão que tenho é que Julinho Camargo está só. É uma impressão extraída dos fatos envolvendo os homens do vestiário, o presidente e o futebol do time.

Renato prescindia desse apoio, e isso ficou muito claro o tempo todo. Renato estava mais afinado com os homens da gestão anterior, e disso ninguém tem dúvida. Talvez seus resultados no Brasileirão 2010 tenham muito a ver com essa relação mais afetiva.

Como o momento é de contribuir, deixo aqui minhas sugestões principais:

– como não dá pra mudar a presidência, que se mude o futebol, colocando no comando um dirigente que se imponha e que purifique o ambiente se o vestiário estiver contaminado como parece estar;

– se continuar esse pessoal, que se contrate um treinador com perfil de xerifão do vestiário, alguém com autoridade, mas ao mesmo tempo habilidoso para fazer com que os jogadores joguem por ele pelo menos o tempo necessário para afastar o fantasma do rebaixamento. 

Alguém aí falou Celso Roth?

É a parte que nos resta nesse latifúndio.