Grêmio sai do sufoco

O placar de 2 a 0 esteve presente nos jogos da dupla Gre-Nal neste final de semana. No sábado, o Inter foi batido por 2 a 0 pelo Vasco, interrompendo sua séria de vitórias; ontem, o Grêmio alcançou o que precisava: vencer para poder respirar, sair do sufoco e dar tempo para Julinho Camargo trabalhar e acertar o time.

A vitória foi fundamental, mas ignorar o modo como ela aconteceu é um erro que pode custar caro mais adiante. O Coritiba foi superior no primeiro tempo e merecia ter feito ao menos um gol. Um gol que não aconteceu por causa de Marcelo Grohe, que teve uma tarde do nível das melhores atuações do titular Victor.

Marcelo Grohe era o único obstáculo de Marcos Aurélio que correu livre leve e solto desde o meio de campo, após falha grosseira de Neuton (jogador que admiro muito). A torcida emudeceu. Um gol naquele momento seria uma calamidade. Mas Marcelo fez uma defesa salvadora, sinalizando que ali atrás era com ele, e que bastava o ataque fazer a sua parte, ou seja, atacar.

Penso que ali o time começou a ter vergonha na cara para jogar com ímpeto, mais bravura e mais emoção. No intervalo, Julinho corrigiu o posicionamento do time, que ficou mais firme atrás e passou a acertar mais os passes no meio e os lances ofensivos, com Douglas mais preciso e Douglas mais arisco, infernizando a zaga.

Escudero, que a mim não agrada porque parece acionar uma usina nuclear para acertar uma jogada, até que foi bem. Foi dele, aliás, o chute que resultou na única defesa difícil do goleiro do Coritiba, um chute rasteiro no canto direito, após jogada de Leandro.

Gilberto Silva, que fazia sua estreia perante a torcida, deu mais tranquilidade ao time. E foi além disso.

No futebol, as vitórias acontecem por caminhos estranhos, tortuosos, imprevisíveis. O primeiro gol é uma prova disso.

O zagueiro pela direita, Mário Fernandes, pegou um rebote pela ponta esquerda de ataque, e cruzou com a precisão que faltou aos jogadores mais habituados a isso, um cruzamento forte, saindo da zaga e indo ao encontro dos jogadores que atacavam. Um cruzamento perfeito, a la Valdomiro Vaz Franco. E quem apareceu? Gilberto Silva, um volante de contenção.

Tenho a impressão que foi o primeiro gol que vi Gilberto Silva marcar em sua carreira (é claro que ele marcou outros, mas poucos, sem dúvida).

Então, um gol inusitado, quase mágico, para furar o bloqueio do Coritiba.

Depois, quando o time paranaense ameaçava o empate, André Lima, de atuação ruim (justificável pela longa parada), teve categoria para receber a bola rolada por Leandro e que Douglas deixou passar, enganando a marcação, e colocar no canto.

Sobre Douglas: ele esteve mais interessado. Como todo o time, cresceu no segundo tempo. O ideal seria encontrar um esquema que não fosse tão refém de um jogador como ele.

Os melhores: Marcelo Grohe, Leandro e depois Gilberto Silva.

Resumindo: o Grêmio foi mal no primeiro tempo, muito mal. Ouvi os torcedores preocupados no intervalo falando nas emissoras de rádio. No segundo, e aí crédito para Julinho, que estreava diante da torcida, o time melhorou, mas deixou claro que precisa evoluir muito para ambicionar uma vaga na Libertadores. Se melhorar mais um pouquinho, afasta a ameaça do rebaixamento, mas precisa melhorar esse pouquinho. Título eu descarto completamente. Aí, só milagre.

O mesmo vale para o Inter. Não vejo futebol nos dois clubes para brigar pelo título, até porque o Corinthians está disparando e não dá sinal de que irá cair.