As sombras da zona de rebaixamento

O Grêmio até que jogou bem. Levou 2 a 0 do Cruzeiro, um resultado normal e aceitável, em outras circunstâncias.

O que me assusta é que o Grêmio jogou bem e mesmo assim perdeu. Teve mais escanteios, mais posse de bola, ficou boa parte do jogo no campo do adversário, mas não fez o essencial: o gol.

O Cruzeiro foi mais objetivo. Uma objetividade que o Grêmio teve com Renato Portaluppi no Brasileirão passado, e que raramente repetiu nesta temporada, com o mesmo treinador.

Além de um toque de bola pouco produtivo, o Grêmio teve contra si dois chutes de muita felicidade do argentino Montillo, que assumiu a artilharia do campeonato. Montillo, dois chutes, dois gols.

Quando essas coisas acontecem fico assustado, quando tudo dá certo para o adversário… Já vi esse filme, seguidamente demais para o meu gosto. Percebo as sombras da zona de rebaixamento se aproximando do Olímpico.

É evidente que o time mostrou melhor posicionamento em campo. Pareceu mais organizado, embora o meio-campo tivesse jogado junto pela primeira fez. Mas isso atribuo ao experiente Gilberto Silva, que formou boa dupla com Fábio Rochemback, apesar do desentrosamento natural.

Marquinhos também teve boa movimentação, mas sem encontrar seu melhor espaço no campo ofensivo. Já Escudero explicou por que Renato o escalou poucas vezes. Falasse português, estaria jogando no Cerâmica.

Na frente, Leandro foi o grande destaque. André Lima ainda está fora de sua melhor condição, falta de ritmo. Mas não vai jogar muito mais do que jogou contra o Cruzeiro.

Se o Grêmio tivesse vencido, os oportunistas de plantão diriam que foi graças ao Julinho Camargo. Assim como não teve responsabilidade na derrota, Julinho não teria mérito maior em caso de vitória.

Se Renato tivesse continuado, contando então com Gilberto Silva para colocar ordem na casa, duvido que conseguisse resultado melhor. Até porque do outro lado estaria Montillo em noite iluminada.

Então, é preciso esperar pra ver se Julinho Camargo conseguirá armar um time mais equilibrado e mais agudo no ataque. Se eu já era cético antes do jogo desta noite, mais agora ao ver que o único atacante realmente de qualidade da equipe é um guri de 18 anos.

GANGORRA

Enquanto o Grêmio patina em campo e afunda no campeonato, o Inter consegue sua terceira vitória seguida no campeonato. Sofreu para vencer o lanterna, mas venceu, e isso é o que importa. De nada vale jogar bem, ser superior ao adversário em boa parte de um jogo, se o resultado não aparece no placar.

O Inter teve ao menos esse mérito. Somou mais três pontos e agora está na ponta de cima da tabela. Oscar, que Falcão um diz relegou a um segundo plano, voltou da seleção para salvar o time.

O sucesso do Inter agrava ainda mais a situação do Grêmio. Afinal, a gangorra Gre-Nal é permanente, e eterna.

Já o Atlético Paranaense justificou porque é lanterna. Renato terá muito trabalho para recuperar o time.

Se conseguir, vou gostar de ouvir e ler seus críticos, esses que se uniram e deram respaldo para que Paulo Odone provocasse seu pedido de demissão às vésperas de contar com alguns reforços.