Renato vence o duelo dos ídolos

Renato foi ousado. O Renato técnico imitou o Renato jogador. Foi pra cima do adversário dentro da casa dele.

Confesso que fiquei assustado. Jogar com dois volantes, sendo que um deles é novato e outro veterano, e dois meias que não sabem marcar, me deu a impressão de irresponsabilidade.

Mas deu certo. O Grêmio foi pra dentro do Inter no começo. Surpreendeu o adversário, que, depois, equilibrou a coisa, fez o gol e poderia ter ampliado. Foi um momento difícil.

Aí veio a falha de Renan. O goleiro saiu muito mal e Viçosa, que havia perdido dois gols que até o Borges faria, fez a única coisa que caberia no lance: cabecear e encobrir Renan.

O olhar que o Bolívar, que não jogou nada, lançou para Renan foi assustador. Parecia dizer: “Quer merda que tu fez”. 

O restante do primeiro tempo foi bonito de se ver: os dois times atacando e buscando o gol.

Vi um Inter apático, quase displicente na marcação, no combate, no corpo a corpo. Parece que faltava Guinazu para mostrar como se marca. D’Alessandro estava passeando em campo. Acabou saindo no segundo tempo.

O gol de Leandro aos 29 segundos foi pra arrasar a torcida colorada, que havia vaiado o time no intervalo. Afinal, o Grêmio mostrava mais determinação, mas vontade de vencer, e estava melhor tecnicamente.

Viçosa foi importante nesse gol, ao dar um toque precioso na bola e deixar o guri na cara do Renan. Aí, o guri de 17 anos mostrou para os marmanjos como é que se faz diante de um goleiro.

O Grêmio foi superior ao Inter dentro do Beira-Rio, é inquestionável. O Beira-Rio já foi mais assustador. Virou salão de festa dos adversários.

O Inter ainda conseguiu empatar. Achou um gol no cabeceio de Damião, com valiosa colaboração de… Gilson. A bola bateu no bruxinho do Renato e enganou Marcelo Grohe, com outra atuação espetacular.

O Inter cresceu no jogo, mas o Grêmio ofensivo de Renato não se intimidou. Quase no final, Viçosa fez o 3 a 2.

Renan falhou, mas não tanto quanto no primeiro gol. Nesse gol, ele saiu até a marca do pênalti acreditando que Viçosa poderia tentar dominar a bola no peito em vez de cabecear. Mas Viçoza foi inteligente e voltou a encobrir o gol. Mais mérito dele do que falha do Renan.

Fábio Rochemback foi o melhor do jogo, disparado.

Fernando provou que é um grande volante. E que vai evoluir ainda mais, muito mais. 

Viçosa mostrou que pode ser útil, um bom reserva para o Brasileirão.

Mário Fernandes ressurgiu com força e brilho. Leandro confirmou que uma estrela em ascensão. Enlouqueceu a defesa colorada.

Por fim, um elogio para Renato: deixou Borges fora. Imagino o que diriam hoje seus detratores se o Grêmio perdesse com Borges no banco. Só imagino.

Renato tem coragem, uma coragem que beira à insensatez por vezes, mas está provado que ele sabe o que faz. 

Borges no banco: um castigo exemplar.

SAIDEIRA\

Arbitragem boa. Mas Jean Pierre poderia ter dado amarelo antes para o Tinga, que bateu bastante e acabou levando amarelo por um toque de mão. Bolívar deveria ter sido expulso pela falta sem bola no Leandro e depoir um tapinha na cabeça do guri. Isso na cara do juiz. Exagerado o vermelho para Escudero. Acho que ele estava sob o impacto de ter validado o terceiro gol gremista, sob protestos fortes dos colorados. Então, compensou para atenuar as críticas pós jogos. Pode ser. Mas o gol foi legítimo. Aliás, perfeitos os auxiliares.

RENAN

Renan vai ser responsabilizado pela derrota. Uma pena. Eu imagino que ele jogou pensando muito em sua mãe falecida tragicamente há pouco tempo. Imagino que ele a homenagearia após o jogo em caso de vitória. Imagino. Posso estar enganado. Não duvido que em função disso ele tenha jogado ansioso demais. Gostei que o Grêmio venceu, mas gostaria que tivesse sido de outro jeito. Sem falhas do Renan.

Mas no futebol não há lugar para sentimentalismo. Infelizmente. 

GORJETA

Renan falhou. Mas o D’Alessandro que se escondeu e se omitiu. O Rafael Sobis que nada fez. O Bolívar que justificou plenamente seus críticos. E o Falcão. O que dizer do Falcão?

Apenas uma frase: um grande equívoco como treinador.

IDOLÕMETRO DO BOTECO

FALCÃO EM QUEDA; RENATO EM ALTA