O paciente terminal, morte súbita e incompetência

É fácil ser dirigente de futebol. Se a coisa dá errado, e no Grêmio isso tem sido rotina, é só demonstrar humildade (normalmente falsa como uma nota de 30 reais) e, em tom choroso, afirmar:

– Faltou competência.

Se o sujeito diz isso na empresa em que trabalha vai pra rua. Não há lugar  pra incompetência no futebol nem em lugar algum.

Tudo é muito difícil, muito competitivo. É preciso cuidar dos detalhes. Principalmente, é preciso estar atento ao básico.

Por exemplo, sai um goleador, um jogador diferenciado, é preciso buscar outro imediatamente, se não tive similar no grupo.

Essa direção que aí está, e que repete a anterior, que por sua vez imitou a que a antecedeu e assim por diante, perdeu Jonas e não trouxe um substituto. Depois perdeu André Lima, e ficou assim com ar contemplativo diante da desgraça iminente.

Fracasso consumado, arma uma cara de bunda e admite que faltou competência.

É fácil ser dirigente de clube de futebol. Felizmente, os mandatos são curtos e a conta será cobrada.

SAIDEIRA

Gremistas felizes nas ruas. Semana passada, uma repórter do jornal O Lance conversou comigo sobre as cervejas. Ela perguntou se eu um cara anti-Inter. Respondi prontamente:

– Claro que não, o Inter é o único clube que tem me dado alegrias inesquecíveis nos últimos anos. O Grêmio, meu time, só me dá decepções, uma atrás da outra.

Os gremistas estão tranquilos, revoltados mas tranquilos, mesmo que isso pareça impossível.

Ocorre que o Grêmio era um paciente terminal, com prazo de validade curto na Libertadores. Eu mesmo escrevi isso após a saída de Jonas. Então, todos já esperavam pelo fim do Grêmio. Poucos ainda acreditavam na tal imortalidade. 

Já o Inter aparentemente irradiava saúde, saúde de ferro. De repente, não mais do que repente, morreu. Morte súbita, absolutamente inesperada, em meio a uma noite festiva.

E isso dói, dói muito. Uma dor insuportável e de difícil esquecimento.