A mão do treinador

Que partida do Jonas! Quando ele perdia gols, era colocado na reserva e não conseguia ter sequencia de jogos, eu escrevi aqui algumas vezes que ele tinha qualidades, que ele precisava ganhar moral, confiança.

Era um círculo vicioso. Ele não tinha sequencia porque quando entrava perdia gols imperdíveis; ele perdia gols e jogava mal porque não tinha uma sequencia.

Centroavante talvez seja o jogador que mais precisa de estar com auto-estima elevada para render o que sabe, fazer os gols. Vejam o André Lima, que cresce de rendimento a cada jogo. É outro que jogou muito bem.

No começo da temporada, em programas da Guaíba e da Ulbra TV, e aqui mesmo no boteco entre um chopp e outro, afirmei que Jonas era um jogador do nível do Nilmar. Um atacante que tem luz própria, que não depende apenas de jogadas dos outros.

Fui alvo de chacota. Da mesma forma quando defendi a contratação do Renato já no ano passado, naquela fatídica Libertadores, logo após a queda do Roth.

O Grêmio goleou o Prudente. Patrolou. Mas só venceu porque Renato não foi atrás do clima de já ganhou.

Sou do tempo em que futebol se ganha dentro de campo, mas pode se perder antes do jogo se não respeitar o adversário.

É visível que o Grêmio ganhou moral. E isso se deve ao trabalho de Renato Portaluppi, que alguns cronistas da praça fizeram de tudo para que ele não fosse contratado, usando o argumento fajuto de que ele é um ídolo e poderia se queimar.

Houve também quem dissesse que Renato nem é mau treinador, ele simplesmente não é treinador. Eu não esqueço. Se dependesse dessa gente o Renato não estaria no Olímpico hoje, fazendo o Grêmio renascer no campeonato depois da gestão nefasta da dupla Meira/Silas.

Ainda tenho calafrios com algumas decisões do Renato, mas me conforta saber que ele mantém três jogadores de boa marcação no meio de campo, liberando mais o Douglas.

É claro que o gol aos 45 segundos ajudou. A defesa se atrapalhou, Jonas tocou para André Lima fazer 1 a 0.

O segundo gol foi uma pintura. Uma jogada trabalhada como há muito não via. Um corta-luz genial do André Lima e o gol com bola colocada no canto direito pelo Jonas.

O terceiro gol também foi muito bonito. Lúcio lançou, Jonas dominou no peito e, mais uma vez de esquerda, matou o goleiro.

No segundo tempo, o Grêmio diminuiu o ritmo. O Prudente poderia ter descontado. No final, Jonas marcou de Pênalti, sofrido por ele mesmo. Logo em seguida, ele reviveu o Jonas do passado ao perder um daqueles gols feitos após driblar o goleiro.

Em resumo, o Grêmio mudou. A gente vê que cada jogador atua com mais confiança, acreditando mais em si.

E aí está a mão do treinador.