Onde está Wally, digo, Ilgo?

Diante de mais uma crise técnica do Grêmio (elas emendam uma nas outras agora), tenho que inventar algumas coisas pra me distrair.

Fico meio nostálgico. Lembro do Gauchão de 77, quando o Oberdan parou o ataque colorado.

Lembro do Brasileiro de 1981 (já contei aqui como eu ajudei o Grêmio a ser campeão, mas posso repetir se os pedidos forem muitos); aquele gol histórico do Baltazar sobre  o SP (que tinha a metade da seleção) para calar a boca do Paulo Santana, que não parava de cornetear o artilheiro de Deus. Ah, e o mundial de 1983, quando um clube gaúcho conquistou pela primeira o título.

A cerveja 1983 está aí pra que uns e outros não esqueçam.

Aí, revolvendo coisas antigas (estou mudando de domicílio neste sábado), eis que deparo com fotos interessantes.

Vejam a foto abaixo, amigos e eventuais desafetos. É lá do início dos anos 80.

É o time da redação do Correio do Povo/Folha da Tarde, contra a seleção dos funcionários da Caldas Júnior. Acho que perdemos, mas isso não vem ao caso.

Na foto aparece este que vos fala, além do Hiltor Mombach, do Nilson Souza (o melhor texto do RS) e o Jurandir Soares, goleiraço, comentarista de política internacional.

Bem, o primeiro que me achar nesse bolo vai ganhar três long neck (a propósito, o Pablo Retamoso, de Veranópolis, já veio buscar as suas referentes ao teste anterior; muita sede o rapaz).

É imitação do ‘onde está Wally?’.

O primeiro que achar o Nilson e o Hiltor leva uma long neck por acerto (a cotação deles aqui no meu boteco é menor).

O bom desse negócio é que a gente fica certo de que o tempo é cruel.

Se alguém pensa que isso é uma fuga da realidade…

Acertou.

Coloradismo 'entorno' da Arena

O deputado Raul Pont está vociferando contra a aplicação de dinheiro público nas obras, indispensáveis, no entorno da Arena.

Está no seu direito. Só tenho lá minhas desconfianças se ele o faz por ser um político realmente preocupado com o dinheiro público ou por puro coloradismo.

Ele já andou retrucando (em resposta ao conselheiro Giuliano Vieceli, que enviou sólidos argumentos contra a posição do deputado petista igualmente publicada no blog de Hiltor Mombach, no CP), que a segunda hipótese é risível, cheia de preconceito e fanatismo.

Não foi por preconceito e algum tipo de fanatismo que a Ford foi embora do Rio Grande do Sul?

Sempre respeitei o Sr. Pont. Raramente concordei com suas idéias no campo da política, mas as respeitei porque via nele um homem honesto, com sólidos princípios éticos. Um homem digno, enfim.

Mas tudo mudou com o episódio do Mensalão, aquele dos 40 ladrões conforme denúncia da Procuradoria Geral da República. Entre eles, homens do alto escalão petista. Gente que era a esperança de milhões de brasileiro.

Peixes graúdos nas malhas da corrupção.

Naquele momento, esperei que os petistas que eu respeitava fossem seguir os passos de Heloísa Helena e Luciana Genro, que tiveram a coragem de abandonar o aconchego do ninho do partido mais poderoso do país pela aventura de criar um novo partido. Luciana, se tivesse imitado Maria do Rosário, talvez hoje fosse ministra.

Sinceramente, mas sinceramente mesmo, eu não tive dúvidas de que a essas jovens idealistas, defensoras ardorosas da doutrina do antigo PT, logo se juntaria o Sr. Raul Pont. Não esperava isso do Olívio, da Maria do Rosário, do Tarso, do Paim.

Mas o Pont, sim. Ele levantaria a bandeira da ética às alturas em meio ao mar de lama de atingia o partido que cresceu combatendo a corrupção e os corruptos.

O Sr Pont oPTou. Foi só mais uma decepção na vida, nem foi das grandes. Pior foi ser goleado pelo Boca Jrs tempos atrás, ou cair pra segundona duas vezes.

O deputado, ao posicionar-se contra dinheiro público investido na Arena, afirma: “O dinheiro público, do Orçamento Público, sempre escasso diante de tantas prioridades deve ser gasto com muito zelo”.

Eu não me lembro de ele ter dito algo sequer parecido quando o governador do seu partido criou 975 contratos emergenciais no ano passado, causando uma repercussão financeira, em 2012, de uns R$ 33 milhões, mais uns R$34 milhões em 2013. Sem falar nas centenas de CCs.

Faltam, pelo que soube, R$ 30 milhões para concluir a obra de ‘mobilidade urbana’ na área da Arena.

Se depender do deputado Raul Pont, a obra não sai. Por preocupação com o dinheiro público ou por coloradismo?

Eu não tenho dúvida. Tenho a coragem de assumir meu ‘preconceito’ e meu ‘fanatismo’.

E ponto.

Rei na barriga

O sujeito que tem o rei na barriga não consegue ficar em paz, não sossega. Precisa sempre provocar alguém, medir forças, mostrar uma superioridade que ele acredita possuir sobre tudo e sobre todos.

Talvez não seja o caso do presidente Paulo Odone, mas é o que parece.

Mais uma vez ele aproveitou uma situação banal, simples, para fustigar um dos nomes mais importantes da história do Grêmio.

Ao chamar Caio Jr. para o palco (pelo jeito sempre precisa ter um palco em eventos com a presença do presidente tricolor) durante um jantar festivo, ele alfinetou Renato Portaluppi. Disse que aquele momento só era possível porque Caio Jr. havia concordado com os treinamentos em Bento Gonçalves, e que só não acontecer no ano passado porque o técnico de então, Renato, não havia concordado.

Confesso que também considerei a negativa de fazer pré-temporada em Bento uma atitude antipática. Afinal, Renato tem raizes na cidade.

Até agora eu não sabia por que Renato havia tomado essa decisão. Hoje eu sei:

ele não queria dar palco para o presidente.

Ao contrariar o presidente, Renato aumentou o clima já tenso, para não dizer hostil, que havia entre os dois já no começo dos trabalhos, e que contribuiu para os maus resultados do time em toda a temporada.

Renato desafiou um sujeito que tem o rei na barriga, que, além de tudo, demonstra ser rancoroso.

O Grêmio começa a temporada de forma estimulante para o torcedor.

Odone tem recebido o reconhecimento disso, mas não parece satisfeito.

É preciso provocar alguém, mas não pode ser qualquer um. Tem que ser um ídolo.

Uma pena.

Três volantes

Numa época com poucas notícias qualquer coisa pode virar motivo para polêmica. Por exemplo, foi só Caio Jr começar com três volantes no meio de campo que já ouvi e li gente fazendo relação com Celso Roth.

Concordo que não é um bom sinal. Gostaria de ver o meia Marco Antônio ao lado do Douglas ou do Marquinhos. Dois volantes e dois meias. Tenho curiosidade em conhecer o ‘Xavi’ da Lusa.

Agora, eu entendo o Caio Jr. Ou acho que entendo. Como Fernando é titular, ele teria de começar optando por Léo Gago ou Fábio Rochemback. Caio Jr quer adiar essa opção por uma questão estratégica. Não é fácil colocar um FR no banco assim de cara. Até porque ele não sabe qual será a resposta de Léo Gago, jogador de trajetória discreta. Então, ele começa com os dois, dando tempo para Léo Gago se ambientar e provas, nos treinos, que pode ser titular.

Aqui entre nós, se eu fosse o FR, indicaria o Léo Gago para vir disputar posição. Com rival desse porte o FR se mantém. Posso estar errado, mas é o que penso.

Outra coisa: o Grêmio tem três meias com características muito parecidas: Douglas, Marquinhos e Marco Antonio. Falta alguém mais agudo, um Carlos Eduardo por exemplo. Era o Escudero, que felizmente acertou-se com o Atlético Mineiro. Já não tem risco de voltar, ao menos por uma temporada. Com ele aqui, talvez a direção gremista ficasse satisfeita e não insistisse em alguém com mais qualidade.

Também é preocupante a questão da zaga, mas ainda há tempo. Para começar, Saimon e Wilson são aceitáveis. Tem as apostas em dois zagueiros novatos, tudo bem. Mas falta uma dupla de área com a envergadura e a respeitabilidade da dupla de ataque. Pelo menos um grande zagueiro precisa ser contratado, sob pena de comprometer a temporada mais uma vez.

Havia quem acreditasse em Sorondo. Pensamento mágico. Eu não acreditava, e não acredito em Sorondo, mas torcia e continuo torcendo muito por ele. É um profissional, um trabalhador, que hoje se encontra impedido de exercer sua profissão, e isso é muito triste.

É claro que se Sorondo voltasse a jogar tudo o que sabe, o Grêmio teria um excelente zagueiro. Infelizmente, ao que parece, não é isso que vai acontecer.

Árbitro cai e denuncia esquema

Até o torcedor mais inocente e ingênuo sabe que existem arbitragens desonestas no futebol. Aqui e na maioria dos países. O caso Edilson está aí para servir de exemplo, mas não tenho dúvida de que há outros. É claro que estamos falando de exceções, de uma minoria sem ética, sem moral, sem dignidade que existe em qualquer atividade.

Escrevo sobre isso por causa da entrevista estrondosa que o árbitro carioca Gutemberg de Paula Fonseca deu para emissoras de rádio de Rio/SP nesta sexta-feira.

Transcrevo uma parte:

O principal alvo do juiz, que soube na quinta-feira ter deixado o quadro de árbitros da Fifa, foi o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf), Sérgio Corrêa. À Rádio Jovem Pan, Gutemberg insinuou que Sérgio Corrêa pediu favorecimento ao Corinthians. Ele ainda chamou o dirigente de “mariquinha, mentiroso e corrupto”. Segundo Gutemberg de Paula, Sérgio Corrêa vinha exigindo nos últimos anos que os árbitros ligassem para ele assim que eram escalados para seus respectivos jogos. Assim sendo, todos recebiam alguma recomendação sobre o jogo que iriam comandar.

– Ele inventou a situação de que quando o árbitro recebe a escala, deve ligar para ele e receber recomendações. Eu tenho provas para que essa sujeirada seja lavada. Eu, por exemplo, fui escalado para um jogo entre Corinthians e Goiás, em que o Corinthians ganhou por 5 a 1. E antes do jogo, ele disse assim: “Vai lá, boa sorte. Vai apitar o jogo do Timão, hein” O que eu posso entender disso? Que se o Corinthians não ganha eu podia para o resto da vida não ser escalado. Ser punido e ficar fora. Tem muito mais coisa, tudo fundamentado e documentado com provas. A nossa relação começou a se acirrar porque parei de ligar. – disse Gutemberg à Jovem Pan sobre a partida que apitou no Campeonato Brasileiro de 2010.

Garantindo ter provas contra Sérgio Corrêa, Gutemberg sugeriu que a perda do escudo da Fifa foi uma represália, uma vez que não vinha cumprindo as “ordens” do presidente. – Acho que voltamos aos tempos das Capitanias Hereditárias, mas na arbitragem brasileira. Ele é mentiroso, mariquinha e corrupto. Corrupção não é só a ação de seduzir por dinheiro. Mas ela é a ação de seduzir por presentes. Escalam um árbitro quando atendem aos anseios dele. Ele não convence que tenha sido por outro motivo que não seja o político, de interesse pessoal dele. Passei em todos os testes – desabafou o árbitro carioca.

Mais tarde, em nova entrevista, desta vez à Rádio Tupi, Gutemberg, que tem 38 anos de idade e poderia ser árbitro até os 45, anunciou que encerrou sua carreira no apito.

– Parei com a arbitragem. Cansei dessa sujeirada, não vou ficar atuando para ser perseguido. Parei por causa dele (Sérgio Corrêa), da perseguição dele. Imagina os novos árbitros, o que eles vão passar. Comuniquei também à minha federação (do Rio de Janeiro) e agradeci por tudo, mas parei – disse o agora ex-árbitro.

Não conheço esse Gutemberg, que certamente nada falaria se continuasse como árbitro Fifa, mas ele presta um enorme serviço ao expor as entranhas da arbitragem, principalmente ao atacar esse sujeito que comanda a arbitragem brasileira, mesmo tendo sido um bandeirinha sem brilho.

Sérgio Corrêa: gravei esse nome na noite em que ele anulou um gol legítimo de Jardel no último minuto de uma decisão contra o Palmeiras, penso que pela Copa do Brasil. Eu trabalhava no Correio do Povo na época e estava fazendo o jogo para o jornal. Poucas vezes fiquei tão revoltado com um ‘erro’ tão gritante.

Pois esse sujeito hoje, já faz tempo na verdade, é o chefe dos árbitros.

O que Gutemberg relatou eu sempre tive convicção de que não existia, e era comum: o chefe deixar claro de alguma forma seu interesse na vitória de determinado time, normalmente o Corinthians. Com isso, o juiz, principalmente os que buscam seu espaço, podem ser suscetíveis e fazer o que ficou implícito, quando não é explícito mesmo.

Sei de um juiz, dos maiores, que começou a abrir caminho favorecendo escandalosamente o Timão numa partida de Copa do Brasil. Pode não ter sido proposital, mas foi um erro clamoroso, que certamente não seria cometido contra o time paulista.

Espero, agora, que outros juizes se manifestem, principalmente os que estão largando o apito e não mais dependem da ‘boa vontade’ do poderoso Sérgio Corrêa.

O futebol é um negócio milionário que mexe com a paixão de milhões de pessoas.

Por isso, deve ser conduzido com isenção, transparência e honestidade.

Sei que estamos longe disso, mas a cada denúncia como essa (e outras contra o presidente da CBF) avançamos um pouquinho.

Sem empolgação

Fui rotulado de ‘pessimista’ ao participar do programa do Reche, o Cadeira Cativa, na UlbraTV, dias atrás.

Fui acusado de ter comido limão com sal antes de sair de casa. Isso só porque, contrariando a maioria dos gremistas, não consigo me entusiasmar com o time montado até agora pelo Paulo Pelaipe, apesar de reconhecer o esforço e o conhecimento do dirigente.

Tirando a dupla Marcelo Moreno/Kleber, nada me empolga.

Fico intrigado, e irritado, quando leio e ouço que Léo Gago será o segundo volante, e que Fábio Rochemback o seu reserva.

Com base em que alguém pode sentenciar que esse jogador, que é bom, sem dúvida, vai chegar aqui e logo assumir a titularidade? Eu não tenho a menor dúvida que o titular continuará sendo o FR. A não ser que o Misael prove tudo aquilo que dizem dele.

Até admito que Gago possa ganhar a posição, mas terá de mostrar muito mais bola do que já mostrou em sua longa trajetória.

O que estou querendo dizer é que Pelaipe não contratou um segundo volante à altura do que o Grêmio precisa para voltar a conquistar grandes títulos.

Então, o problema começa aí.

E a zaga? Alguém pode garantir que Simon é mesmo o zagueiro que o time precisa? Eu gosto dele, ainda mais depois do pontapé no RG, mas acho temerário começar a temporada sem contratar um grande zagueiro.

O clube está tentando Lugano, mas não é um negócio fácil. Se não vier Lugano, tem que vir outro com envergadura similar. Pelo menos um grande zagueiro. Eu já acho que deveria vir uma dupla pronta e inquestionável.

No meio de campo, o que temos é Marco Antônio e Douglas nas meias. O primeiro não conheço; o segundo conheço o suficiente para não mais confiar nele.

Aguarda-se a contratação de Carlos Eduardo. Giuliano é outro. Entre os dois, prefiro o primeiro. Mas qualquer um deles vai acrescentar qualidade. O segundo tem a vantagem de irritar os colorados. Mas ainda assim fico com o Carlos Eduardo, que é mais rápido, mais objetivo.

Então, o que vejo é um time com lacunas significativas. Por isso, não me empolgo.

Podem me rotular de pessimista.

DISCURSO

Gostei do discurso do presidente Odone na apresentação dos jogadores. Ele disse claramente que quem não quiser trabalhar, dar o máximo, que faça as malas, que ele ajuda a encontrar clube, sem problemas. Desconfio que foi uma diretíssima pro Douglas.

Já o discurso do Luigi foi fraquinho: em menos de três minutos ele usou pelo menos três vezes a expressão ‘sem sombra de dúvidas’.

INTER

Se eu fosse colorado estaria ainda mais preocupado. A exemplo do Grêmio, a dupla de área é pouco confiável, ou nada confiável. Índio é quase avô. Moledo é apenas razoável. E o Bolívar? parece que a torcida vai ter que aturá-lo mais uma temporada.

Kleber, que mais uma vez fez que foi, mas acabou ficando, é um lateral decadente, embora de boa técnica e visão de jogo. Nei é razoável.

O meio campo colorado continua sendo seu ponto mais forte. Mas está envelhecido. É claro que o ataque agora, com Dagoberto, ficou muito fortalecido.

Dagoberto, que gosta muito de fazer gol no Grêmio, e Damião formam uma dupla realmente de respeito.

E os dois aparentemente se completam.

Acho que até é mais afinada que a dupla Kleber/Moreno.

Vamos ver qual irá se sair melhor.

Lugano vem aí. Vem?

Já que o momento na mídia é de arriscar nomes na esperança de que um chute acerte o alvo para depois sair alardeando que foi o primeiro a noticiar, decidi voltar à essa prática, minha especialidade nos tempos de repórter esportivo.

Dias atrás escrevi que Lugano seria o nome mais indicado para acertar a defesa do Grêmio e, de quebra, empolgar a torcida. Seria, sem dúvida, a principal contratação do clube nos últimos anos.

Hoje, obtive a informação de que o Grêmio já definiu detalhes de um contrato com o zagueiro uruguaio. A fonte é confiável, principalmente porque está fora do circuito do futebol. Não é empresário, procurador, dirigente, parente de dirigente, amante de dirigente. Enfim, não é uma pessoa que poderia ter alguma vantagem em divulgar qualquer informação sobre compra ou venda de jogador. Por isso, confiável. E séria.

De minha parte, torço para que a informação acabe se confirmando. Repito: o negócio está em andamento, não concluído. E pode ser que não se concretize, já que é um negócio complicado. Além disso, o que não falta é gente para tumultuar.

Se Lugano empolga, Giuliano agrada apenas.

Trata-se de um bom jogador, mas não penso que seja uma solução para o meio de campo gremista. No Inter, ele nunca foi titular absoluto. Teve algumas belas atuações e marcou gols decisivos na campanha do bi da Libertadores, alguns meio de xiripa, ou seja, na sorte.

Penso que é um jogador muito caro e que não é uma solução. É um acréscimo de qualidade, sem dúvida, mas prefiro o Carlos Eduardo, por exemplo.

Até não sei se a direção gremista não está aplicando a tática do quero-quero. Grita Giuliano aqui, para contratar Carlos Eduardo ali, com o objetivo de mostrar ao clube russo que há outras possibilidades.

A contratação de Giuliano, por outro lado, tem, como diria o Lula, “um plus a mais”, que é mexer com os colorados.

Mas penso que o Grêmio, agora, tem mais é que tratar de fazer um grande time, sem pensar em provocações.

É preciso acreditar!

2011 termina pior que 2010, um ano que só não foi um desastre absoluto porque, mergulhado numa crise, o então presidente Duda jogou todas suas fichas em Renato Portaluppi, o mesmo que rejeitou quando demitiu Celso Roth em meio à Libertadores de 2009 para contratar o insosso Paulo Autuori.

Sei que o momento é de pensar o futuro, não de revolver o passado.

Mas eu considero imprescindível olhar pelo retrovisor para evitar erros cometidos lá atrás.

No Grêmio, as lições do passado, mesmo ainda frescas, recentes, são desprezadas, ou por estupidez ou por questões políticas. Ou ainda por outros interesses.

O único legado da gestão 2010 foi uma Libertadores, uma herança que a gestão atual não soube aproveitar, um pouco em função de ter vindo acompanhada de um presente indigesto ao sr Paulo Odone, o técnico Renato Portaluppi, mas muito mais por incompetência mesmo.

O ano termina sem aquela loucura de tentar trazer Ronaldinho na esperança de que ao retornar ao clube que o formou o jogador voltaria a ser aquele atleta aplicado e interessado que um dia deslumbrou o mundo.

Dessa vez não houve perda de tempo com delírios e pirotecnias midiáticas.

Na ânsia de se redimir e consciente que os próximos 365 dias serão decisivos para determinadas carreiras no clube e fora dele, a atual gestão passou a agir com mais objetividade e determinação.

As contratações de Kleber e Moreno dão um alento, mas ao mesmo tempo preocupam pelo alto investimento.

Mas o principal é que o homem que comanda esse processo mostra conhecimento sobre as necessidades da equipe. O diretor Paulo Pelaipe está montando a equipe para este ano da Arena com atenção e cuidado, e isso sim me deixa um pouco mais esperançoso.

Não confiante, mas mais esperançoso, o que me faz concluir que pouca coisa mudou.

A esperança continua sendo o que move o torcedor do Grêmio. Tem sido assim há dez anos.

Esperemos que este 2012 altere essa rotina desagradável, enfadonha, irritante, gosmenta, nauseante.

É preciso acreditar!

Um grande 2012 pra todos nós.

Gago, a base e a Arena

A contratação de Léo Gago é intrigante. Trata-se um bom jogador, mas é daquele tipo que ao se chutar uma pedra saem dezenas iguais. Entre eles, alguns da categoria base do Grêmio.

Não posso acreditar que não existam uns dois ou três volantes e condições de aproveitamento no time principal. Aliás, o que mais aparece na base gremista é volante.

Está certo que Léo Gago é um jogador experiente. Mas se Fernando foi aproveitado e rapidamente se firmou, por que não pode acontecer o mesmo com outro guri do junior?

O Grêmio investiu pesado em dois atacantes, dois grandes atacantes. O time começará o ano com o que não teve durante todo este 2011 que já vai tarde: um ataque de qualidade.

Aí, na hora de contratar um segundo volante para jogar ao lado de Fernando, vem Léo Gago. Eu até gosto desse jogador, mas o momento não é de buscar jogadores medianos, e sim de contratar jogadores que cheguem para assumir a titularidade independente do treinador.

Jogador para compor o grupo deve ser buscado na base. Eu sei que a base do Grêmio neste ano obteve resultados medonhos, o que faz a gente ficar ainda mais intrigado. O que está acontecendo na base gremista? É incompetência demais? Outros interesses interferem na escolha e escalação de jogadores? Há carteiraço de empresários?

Se a base gremista não for reorganizada o Grêmio dificilmente poderá repetir a década de 90. Não tem como formar time vencedor somente com gente de fora. Quer dizer, até é possível, mas custa caro e o retorno não é garantido.

As categorias de base do Grêmio merecem tanta atenção quanto a Arena.

Não adianta ter uma casa maravilhosa se os inquilinos não estiverem à altura.

Retomando: o ataque titular está aí.

Mas e a defesa? E o meio campo?

É preciso pelo menos um grande zagueiro. Sorondo é uma aposta. Torço por ele, mas não sei se ele terá condições de jogar e de mostrar o futebol de sua fase pré-Inter. Então, que busquem um zagueiraço!

Eu sei que um investidor está disposto a bancar a contratação de Lugano. Mas o uruguaio está sendo sondado por outros clubes brasileiros, entre eles o São Paulo, que seria a sua preferência. Lugano seria perfeito.

E o meio? Douglas vai embora. Soube que ele rejeitou ir para o Palmeiras. Claro, com Felipão o furo seria mais embaixo. Jogador como Douglas Felipão leva na rédea curta.

O Grêmio deveria investir em Ibson, é o nome que me ocorre. Carlos Eduardo seria outro grande reforço

Paulo Pelaipe está trabalhando, mas o time que ele formou até agora não ganha é pra ganhar o Gauchão. E só.

INTER

No Inter, a impressão que se tem é que a direção está satisfeita com o time que tem para disputar a Libertadores. Dagoberto é uma excelente contratação, mas é preciso mais.

Os laterais são medianos, a zaga inconfiável. O ataque está ótimo e o meio é muito bom.

Sei que muitos colorados gostam de Kleber, mas a meu ver ele já deu o que tinha que dar. O ‘dono’ do seu passe, o empresário Sonda, quer colocá-lo em outro clube. Mas é difícil achar quem pague o que Kleber recebe no Inter. No final da história, ele acaba ficando, como aconteceu anteriormente.

Douglas e o Papai Noel

É só o que faltava. Os empresários de Douglas lançaram uma nota para criticar a direção do Grêmio em relação a uma eventual prorrogação de contrato do jogador, que vence no final de 2012.

Reclamam que declarações recentes de Pelaipe foram “ríspidas e agressivas, além de opiniões pessoais e pouco profissionais”. Pelaipe, que não nasceu ontem, sabe que o grupo que representa Douglas está se esquivando.

O que os empresários querem é fazer a vontade de Douglas. E a vontade de Douglas é, mais do que jogar no Corinthians, sair do Grêmio. Douglas não quer mais saber do Grêmio.

Os empresários estão fazendo mais ou menos o que o sr. Assis Moreira fez no caso Ronaldinho, década atrás. Ficam enrolando, enrolando, à espera de que o Grêmio se canse e por fim libere seu representado por preço vil, abaixo do mercado.

A jogada é parecida com a que fazem os representantes de Montillo, no Cruzeiro. O meia argentino, estimulado por seu procurador, também quer jogar no Corinthians. Montillo é a prioridade do Corinthians. Douglas é segunda opção. Para Douglas, que quer porque quer sair do Olímpico, não interessa que ele seja o segundo da lista, e que ele só irá para o time abençoado por Lula, pela CBF, pelas empreiteiras e BNDES se a negociação com Montillo fracassar.

Então, trata-se de um jogo muito simples, que tem como síntese fazer a vontade do jogador em detrimento dos interesses dos clubes aos quais estão vinculados, com contrato em andamento, salários e tudo o mais em dia.

Os empresários estão na deles. Não entro no mérito da questão. Agora, o que eles não podem é baixar o pau na direção que insiste em continuar com o jogador, mesmo sabendo que ele só ficará contrariado, com mais dinheiro no bolso e ainda assim contrariado. E jogador contrariado é capaz de chutar pênalti decisivo lá na marquise da arquibancada ou ser expulso ‘de graça’ em algum mais importante, deixando o clube na mão.

O que os empresários não podem é criticar Paulo Pelaipe, querendo passar a impressão de que o dirigente é que será culpado se Douglar não ficar. Eles insinuam claramente que se não houver acordo será por culpa de Pelaipe. Se Pelaipe pegou pesado é porque ele sabe que está sendo vítima de embromação. O que ele fez? Denunciou essa enrolação.

Então, Douglas terá de se apresentar dia 4 de janeiro e se fizer corpo mole será afastado para treinar em separado. É o que promete Pelaipe, no que faz muito bem. Os jogadores conquistaram uma série de vantagens com a Lei Pelé, que de quebra está deixando cada mais ricos os intermediários do futebol. O mínimo, agora, é que o jogador cumpra seu contrato com ética e dignidade.

Não quer renovar para tirar vantagem logo adiante, tudo bem. Faça isso, mas seja profissional até o último minuto do seu contrato.

O problema é que não tem como esperar esse comportamento de Douglas e da maioria dos jogadores, ainda mais se tem empresário por trás louco para fazer transferências e receber polpudas comissões.

O que precisa terminar é essa máxima de que jogador quando quer sair ninguém segura. Acho que tem que segurar sim, fazer com que cumpra o contrato até o fim, a não ser, é claro, que o clube tenha algum ganho expressivo em cima do rebelde.

Concluindo: acho que Pelaipe está conduzindo bem essa história envolvendo Douglas. Ele quer ampliar o contrato do jogador, que se esquiva, porque espera pelo Corinthians outro grande clube de São Paulo ou Rio.

Se não houver entendimento, Douglas, que já é um tanto roliço, fica sem jogar e em seis meses estará gordo igual a um Papai Noel sem a barba branca.

VICENTE

Faleceu o zagueiro Vicente. Ele estava no Santos quando Pelé se despediu na Vila Belmiro. Depois, veio para o Grêmio, onde se tornou três vezes campeão gaúcho. Ele jogou ao lado de Oberdan em 1977, quando o Grêmio interrompeu a hegemonia colorada no Gauchão. Pouco tempo atrás e o vi num programa de TV. Estava envelhecido, parecia mesmo muito doente. Cheguei a duvidar que era o mesmo Vicente. Era um profissional sério, bom zagueiro. Convivi com ele de 1979 a 1981, como setorista do Grêmio. Só por ter ajudado a quebrar aquele ciclo de vitórias coloradas merece todas as homenagens do Grêmio.

PRESENTE

Ainda envolvido com a busca de meus documentos, mas já com o carro recuperado (voltou com uma leve batida na dianteira), comemoro um presentinho de Natal: Escudero não fica. Parece que ele vai jogar seu futebol dispersivo e improdutivo no Atlético Mineiro.

Jogador desse tipo não pode ficar no grupo, porque ele acaba jogando. Melhor assim, que seja feliz.

Bem, feliz Natal a todos.