Alcindo e a conta de Roger

Faltou Alcindo. O ‘bugre’ teria mandado pelo menos umas duas bolas na rede do Atlético Mineiro, neste domingo.

Mas o Grêmio não tem nada parecido com Alcindo, centroavante da minha seleção gremista de todos os tempos.

(Escrevi um pouco sobre ele no comentário anterior.)

Faz tempo que o Grêmio não tem um matador. São incontáveis os jogos em que o Grêmio criou muito, amassou o adversário, e ainda assim não venceu.

Foi assim nesse empate por 1 a 1 com o time mineiro, cantado em prosa e verso por alguns analistas da praça como favorito ao título.

Pois o Grêmio foi muito superior ao Atlético. Não venceu por essas coisas do futebol.

Foi um crime esse empate. Mas como todos os crimes, sempre há pelo menos um culpado.

Saí da Arena, ainda atordoado com o gol de Robinho quase no final, convencido de que parte da responsabilidade cabe ao técnico Roger Machado.

Havia quase um consenso entre os gremistas que foram à Arena neste domingo que amanheceu triste com a notícia da morte de Alcindo.

Ouvi um gremista declarando para um repórter de rádio:

– Esse empate vai pra conta do Roger.

Concordo em parte. Durante o segundo tempo era visível o cansaço de Douglas. Roger demorou a tirar seu maestro, e até com boa razão. Afinal, o Grêmio com Douglas, mesmo cansado, dominava amplamente o adversário. Uma mexida talvez desarticulasse o time, permitindo uma reação do Atlético. É possível que Roger tivesse ponderado nesse sentido.

Não é fato que em time que está ganhando não se mexe? Mas no caso faltou colocar alguém mais agressivo para furar o bloqueio atleticano e concretizar em gol o amplo domínio.

O próprio gol de Luan foi quase um acidente. O Grêmio dominou, mas não teve acabamento nas conclusões na maioria das vezes. Faltou, inclusive, a já famosa ‘metidinha’ do maestro.

Então, era o caso de colocar um atacante para fazer a beira do campo, passando Luan para a função de Douglas.

Bolanos, que atuou pelas beiradas, às vezes parece que joga com a cabeça no Equador. Ainda está devendo.

Então, na conta de Roger, vai não o empate em si, porque seria uma conta muito pesada, mas o fato de não ter tornado o time mais agressivo e incisivo, com mais verticalidade e menos toques para o lado.

O Grêmio deveria ter ‘matado’ o jogo para não deixar o Atlético com seus atacantes experientes e frios especulando uma chance. O Atlético jogava claramente por uma bola. E teve essa bola.

Na conta de Roger, por uma questão de justiça, é preciso contabilizar que foi ele quem armou o esquema de envolveu completamente um dos favoritos ao título brasileiro. Méritos do técnico.

Seu erro, portanto, foi demorar para sacar Douglas (isso é quase unanimidade). A entrada de Ramiro eu até entendo – não concordo, mas entendo – seria para reforçar a marcação e não permitir o que acabou acontecendo, o gol desconcertante do Atlético.

O gol que subtraiu do Grêmio dois pontos que pareciam tão certos.

A conclusão é que Roger, que está com muito crédito, está acertando no atacando, e errando no varejo.

Mas erros que custam caro e tiram o sono de qualquer gremista.

Erros que passariam despercebidos se em seu ataque o Grêmio tivesse alguém do porte de um Alcindo Martha de Freitas, o maior artilheiro da história Tricolor.

SEGUNDONA

Os sinais são claros. O Inter está recebendo sinais de que ‘Jesus está chamando’. É pênalti perdido no último minuto; é gol sofrido quase no final e impedindo a vitória que se consolidava, como foi no empate por 1 a 1  com o Sport. E por aí vai.

Parece que tudo conspira contra. 

No caso deste domingo, só a arbitragem parecia favorável. Houve três pênaltis, todos discutíveis. Mas o juiz só marcou o favorável ao Inter.

Os outros dois, a favor do Sport, ele ignorou.  Por isso que o técnico Oswaldo de Oliveira foi expulso. Não aguentou.

Com o empate, o Inter dorme na zona de rebaixamento.

Alcindo, obrigado por tudo!

Alcindo é o centroavante da minha seleção do Grêmio de todos os tempos. 

Descobri Alcindo na minha mais tenra juventude, lendo a Folha Esportiva e a Folha da Tarde na década de 60, mais precisamente em 1965/66.

Lembro-me também de ouvir os gols de Alcindo na rádio Guaíba. Gols que depois pude ver no Canal 100, no cinema. Há jogos antológicos contra Vasco e Botafogo, que naquele tempo eram poderosos. Vitórias no Maracanã. Alberto (goleiro da minha seleção tricolor) fechando o gol e Alcindo marcando na frente.

Alcindo empilhava gols. Tantos gols que foi lembrado para a seleção brasileira de 66. Imaginem, um jogador da periferia do país naquele tempo precisava ‘gastar’ a bola para ser cogitado a vestir a amarelinha.

Pois Alcindo abriu seu espaço nos treinos da Seleção entre os 44 convocados, numa espécie de vestibular para ver quem iria para a Copa do Mundo da Inglaterra.

Chego a me emocionar ao cavocar minha memória (sem recorrer ao Google) e lembrar as manchetes em que Alcindo aparecia com destaque nos treinos, formando uma dupla imbatível com Tostão.

Os dois fizeram tantos gols e jogaram tão bem que ficaram no grupo principal.

Na Copa, Alcindo jogou ao lado de Pelé e Garrincha. Poucos jogadores ostentam isso em seus currículos.

Alcindo virou parceirão de Pelé, e de Tostão, claro.

Alcindo, não vai nascer outro igual. Aliás, Alcindo foi o último centroavante de qualidade formado na base gremista.

Parece incrível, mas é verdade.

Alcindo, muito obrigado!

Descanse em paz!

CORNETA DO RW

Vale a pena conferir essa bela homenagem do RW:

http://cornetadorw.blogspot.com.br/2016/08/alcindo_28.html

 

Grêmio encaminha classificação na CB

O sempre criticado Roger Machado escapou de linchamento. Ousou escalar três volantes, sendo que um deles foi outra ‘geni’ do time, o PGV (Pequeno Grande Volante) Ramiro.

Sem contar que, desprezando o bom senso e desafiando os astros, manteve Douglas no time em jogo fora de casa, onde decididamente ele não joga bem.

Pois não é que deu certo? O Grêmio fez uma de suas melhores atuações fora da Arena neste ano.

Se a proposta de Roger desse errado, as críticas cairiam como avalanche em sua cabeça.

Mas Roger, felizmente, acertou a mão. 

No primeiro tempo, só deu Grêmio. Algo que nem o gremista mais fanático acreditou que pudesse acontecer na piso sintético do Atlético Paranaense.

O gol da vitória foi o que se pode definir como o feitiço virou contra o feiticeiro.

O piso foi molhado por algum motivo, talvez para a bola correr ainda mais. O fato é que um escorregão de um atleticano no meio do campo proporcionou o contra-ataque, a bola escorregada de calcanhar por Douglas para Bolanos, que chutou cruzado na saída do goleiro.

Foi a única ‘metida’ de Douglas no jogo.

No segundo tempo, o Atlético voltou melhor, chegou a assustar até os 15 minutos. Depois, o Grêmio foi acumulando situações de gol.

Bolanos, Luan e Éverton entraram livres na área em lances de contra-ataque. Sem exagero, o Grêmio poderia ter goleado o Atlético Paranaense com o esquema com três volantes.

Aliás, antes do jogo sugeri esse esquema, mas com Maicon e não Ramiro. Ah, e sem Douglas. Mas o veterano meia parece mesmo ser ‘imexível’. 

O que importa é que o Grêmio encaminhou sua classificação na Copa do Brasil.

Domingo, contra o Atlético Mineiro espera-se que consiga fazer duas belas atuações consecutivas – coisa rara ultimamente – e vença o jogo para seguir na ponta de cima e com chances reais de título.

ATUAÇÕES

De um modo geral, todos jogaram bem. 

Kannemann foi discreto e eficiente em sua estreia.

Bolanos fez o gol, mas a meu ver precisa jogar mais e se comprometer mais com o jogo.

Wallace foi o grande nome do jogo. Soberbo.

Jogo para ‘poupar’ o maestro Douglas

O técnico Roger Machado fez treino secreto pensando no Atlético Paranaense. O adversário, dirigido pelo Paulo Autuori, fez o mesmo.

Uma tentativa de esconder aquilo que todos conhecem. Difícil ocorrer uma surpresa de qualquer lado.

Se Roger fosse mais ousado, sacaria Douglas do time. Já escrevi aqui que existem dois Douglas: o leão que se agiganta na Arena em especial contra adversários de grande porte, e o gatinho ron-ron que se enrola no novelo lã em jogos fora de casa.

É fato que o Grêmio cai de rendimento fora de casa. Se Douglas é o responsável maior por isso, há controvérsias, mas eu defendo essa hipótese.

Isso talvez aconteça até em função da idade de Douglas – Roger já admitiu várias vezes que armou um esquema especial para seu veterano e nada atlético meia.

Diante desse raciocínio, eu sacaria Douglas em todos os jogos fora de casa. Talvez com alguma exceção. E começaria pelo jogo desta quarta-feira, 19h30, contra o Atlético.

SErá um confronto duro, áspero. Na última vez que os dois se encontraram na Copa do Brasil o Grêmio foi inoperante ofensivamente e acabou eliminado sem fazer um golzinho sequer.

Bem, o que fazer? Primeiro, sacar Douglas. Segundo, dar sua camisa e suas funções a Luan. Simples.

Outra coisa que eu faria: Jailson na função de meia (sua origem), com Wallace e Maicon como volantes. Jailson jogando pelo lado direito, fazendo o corredor como dizem agora os doutos do futebol. No outro lado, Éverton. Na frente, Miller Bolanos.

Mas eu não sou treinador do Grêmio – infelizmente para o clube.

É claro que Roger não irá sacar seu guru, seu maestro, seu tutor, seu tudo.

Independente de quem jogue, é fundamental entrar em campo determinado a vencer, sem cogitar sequer do ‘pontinho fora’, praga difundida e enraizada na região abaixo do Mampituba.

Se a vitória não for possível – o adversário está bem, joga em seu piso sintético e ainda por cima tem um juiz que não dá ‘sorte’ ao Grêmio. Em 19 jogos com o sr Ricardo Ribeiro, o Grêmio venceu apenas DOIS jogos.

Apesar de tudo, e do retrospecto desestimulante em jogos fora de casa no Brasileirão (DEZ PONTOS EM TRINTA), eu acredito que o time reúne condições de voltar de Curitiba com vitória. Chances que aumentam se Douglas estiver fora.

Derrota previsível diante do histórico tricolor

Ao contrário da imensa maioria dos gremistas, considero a derrota diante do Flamengo um resultado natural, que não foge ao histórico do time neste Brasileirão.

Todos sabem, e não cansam de repetir, que o Grêmio fora de casa é fraco, uma caricatura do time poderoso que normalmente amassa seus adversários na Arena – com exceções absurdas como o empate com o Santa Cruz.

Em casa, o Grêmio de Roger Machado é um leão. Fora, um gatinho dócil, de unhas devidamente aparadas.

Então, todos os gremistas sabem disso, mas, torcedor é assim, sempre acredita que ‘desta vez mais ser diferente’. Não foi. o Grêmio cometeu um primeiro decepcionante. Não fosse Marcelo Grohe (alguém sabe me dizer se ele treina chutes com a bola rolando?), o Flamengo teria terminado com uma vitória mais larga.

Portanto, a derrota não me surpreendeu. Até porque o time já sai de Porto Alegre determinado a buscar o tal pontinho fora, o que acaba determinando uma certa acomodação. Não, o Grêmio, fora ou dentro de casa, deve sempre jogar pela vitória, e deixar isso muito claro em todas as entrevistas, do porteiro ao presidente.

É claro que eu me postei diante da TV, tomando chimarrão, sonhando com uma vitória. No final, depois que Henrique Almeida marcou o gol gremista, passei a considerar o ponto fora um bom resultado dentro das circunstâncias desalentadoras.

Os desfalques contribuíram para a atuação e resultado ruins. Não tenho dúvida de que com Luan, Wallace e Edilson o Grêmio venceria, porque esse Flamengo é fraco. Mostrou isso quando o Grêmio assumiu uma postura mais agressiva no segundo tempo.

Leio e ouço muita gente dizendo que o Grêmio está alijado da disputa do título. É difícil, mas é difícil para todos os que estão na ponta de cima já há várias rodadas. Todos com credencial para brigar pelo título até a última rodada.

O Palmeiras segue na ponta, mas a apenas quatro pontos do Grêmio, que, como todos sabem e parecem esquecer, está com um jogo a menos.

Bem, é fora de casa, contra o Botafogo, e esse é um risco. Espero que até lá o time incorpore a ideia de que pontinho fora não leva ao título.

Por fim, lamentar outra atuação frustrante do Miller Bolanos. A impressão que dá é que ele joga contrariado, sem ânimo, sem disposição.

Outra coisa, espero que Roger abandone de vez o Wallace Oliveira, que voltou a jogar mal.

Espero também que Luan e Wallace voltem com grande disposição para vestir a camisa tricolor depois dessa exitosa passagem pela seleção brasileira.

Se isso acontecer, o título brasileiro pode deixar de ser um sonho e se materializar.

OURO

Foi só depois que a dupla gremista, Wallace e Luan, entrou no time que a seleção brasileira passou a jogar um futebol realmente competitivo.

Os dois deram equilíbrio ao time, o que compensou o excesso de individualismo dos atacantes.

O time que só jogava para Neymar e a correria dos Gabriel, passou a jogar também com Luan, uma espécie de maestro nas jogadas de ataque.

Brasil é ouro no futebol, um título inédito que passou pelos pés de Luan e Wallace.

Ah, e pela sabedoria de Tite, que fez uma visitinha à seleção depois dos dois empates iniciais.

 

Não tenho dúvida de que a escalação da dupla gremista passou por Tite.

REBAIXAMENTO

O Inter não vai ser rebaixado. O time está há treze rodadas sem vencer. Perdeu a maioria dos jogos nesse período. E continua fora da zona de rebaixamento.

Tem muito time ruim se esforçando pra cair. O Inter está entre eles, mas tem potencial maior para escapar.

Ou não.

O desafio de sempre manter alto desempenho

Depois do eletrizante espetáculo deste domingo, na Arena lotada e frenética, ficou a certeza de que o Grêmio ‘só’ precisa manter maior regularidade de performances de alto desempenho nos jogos para assumir o posto não apenas de candidato – que já é, apesar de algumas atuações frustrantes -, mas de favorito ao título do Brasileirão/2016.

Não é fácil, mas se não puder repetir as atuações de nível superior que teve contra São Paulo, na 16ª rodada, que ao menos não tenha os desempenhos constrangedores – para não dizer brochantes porque este é um ambiente familiar – apresentados contra América Mineiro e Santa Cruz, os dois mais fortes candidatos ao rebaixamento.

Ninguém espera que os jogadores do Grêmio repitam contra equipes menores o entusiasmo e a gana seguidamente vistos nos grandes confrontos, mesmo naqueles em que o time não saiu vitorioso.

É da natureza humana crescer diante de grandes desafios.

Com certeza o comando gremista – dirigentes e comissão técnica – está atento a isso e tomando as providências necessárias para que o time jogue contra o Coritiba – integrante da turma de baixo – com a mesma vontade com que irá encarar o Flamengo e o Atlético Mineiro nas duas próximas rodadas.

Que enfrente o Coritiba como se fosse o Corinthians, porque os pontos em disputa são os mesmos.

DIA DOS PAIS

Antes tarde do que nunca: feliz Dia dos Pais a todos que usufruem da dádiva de terem colocado filhos neste mundo. Para os pais gremistas, de novo um dia especial porque nesta mesma data o Grêmio aplicava outra goleada: 5 a o no coirmão. 

DOUGLAS

Pode ser coincidência, mas o fato é que o Grêmio cresce muito quando Douglas joga bem. E o veterano meia deu um show de técnica, aplicação tática e gana de vencer. Escrevi dias atrás que existem dois Douglas, aquele de América e Santa Cruz, e o Douglas brilhante que marcou o gol da vitória sobre o São Paulo e que neste domingo iluminado foi maestro, solista e carregador de piano. 

Sem querer chocar os preconceituosos de plantão, este Douglas me serve e de mim só merece aplauso.

GEROMEL

O Grêmio mereceu a vitória nessa briga de cachorro grande.

Mas não fosse Geromel o time paulista teria marcado ao menos um gol. Pode-se dizer o mesmo para Grohe, que fez duas defesas sensacionais, e até Marcelo Oliveira, que evitou o gol paulista quase no final. Do outro lado, Cássio também foi muito exigido.

O grande problema é que Tite estava na Arena. E viu o gigante na zaga tricolor ao lado do sempre firme e seguro Wallace Reis.

Temo pela convocação de Geromel.

Outro que deve ser chamado para a seleção principal é Luan, que anda arrebentando nas Olimpíadas do Rio.

Aí fica difícil pensar em título.

PEDRO ROCHA

Ninguém jogou mal no time gremista. Ninguém. Todos tiveram atuação no mínimo acima da média.

Maicon e Jailson foram ‘apenas’ espetaculares. Na frente, Pedro Rocha, que vinha de atuações ruins, desabrochou. Fez um golaço, ganhou confiança e agora só tende a evoluir. Éverton voltou muito bem, inclusive com um gol.

Dos trio ofensivo, o que menos me agradou foi Miller Bolanos, que também deixou sua marca, o que pode contribuir para que melhore seu desempenho. 

 

Crise colorada e os bombeiros da mídia

É comovente o esforço do lado vermelho da crônica esportiva AM (Abaixo do Mampituba) para amenizar os efeitos da crise instalada no clube já faz algum tempo e que não parece com jeito de ceder.

Tem um colunista, entusiasmado com o mutirão liderado por FC, que decretou: o Inter não cai mais.

É o tipo de afirmação perigosa, como aquela Taison x Messi.

São os bombeiros tentando apagar o fogo.

A volta de Celso ‘fecha casinha’ Roth deixou muita gente entusiasmada. Tem gente que critica, mas que no fundo, nem tão no fundo assim, adora uma retranca. Faz parte da cultura do nosso futebol.

A cultura dos três zagueiros, dos três volantes, do bico pro alto, da ligação direta, do calção embarrado e do sangue escorrendo na testa.

A cultura do centroavante durão, grande e espadaúdo, que não distingue uma bola de uma moranga. Ah, a cultura do volantão, o cabeça-de-área.

Eu já fui assim, mas fui me reciclando.

Celso Roth é um remanescente dessa época não tão distante. Talvez por considerar que o futebol não mudou dos anos 90 até hoje é que ele não tenha conseguido sucesso nos últimos anos. Desde o fiasco com o Mazembe que Roth vive uma espécie de inferno astral, mas um inferno sempre muito bem remunerado. Sorte dele.

Voltando à crise colorada.

A Justiça determinou que o presidente não antecipe receitas de um período que ultrapasse o da sua gestão, que termina em dezembro.

Ele havia sentado em cima da reforma do estatuto, aprovada faz algum tempo, mas agora ele, o estatuto está valendo.

Crise pouca é bobagem.

Confira: http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/inter-justica-proibe-piffero-de-antecipar-receitas-do-clube-174059.html

DUELO DE IDEIAS

Eu abri esse boteco para expor minhas ideias sobre futebol, focando principalmente no Grêmio.

Uma espécie de terapia para alguém que ficou tantos anos trabalhando na crônica esportiva, onde eu, por dever de ofício, não poderia fazer o que faço aqui: escrever sem preocupação de manter a isenção clubística, a imparcialidade.

Aqui, eu sou um gremista escrevendo apenas quando quero, quando tenho vontade.

Então, esse boteco é um refúgio. É minha trincheira, compartilhada por muita gente.

A maioria não conheço pessoalmente, mas que já considero pessoas amigas.

Eu nem sempre concordo com o que leio. Sei que muitas vezes os botequeiros não concordam comigo.

Eles também muitas vezes não concordam entre si.

Aí, surge o saudável duelo de ideias.

Por vezes, os ânimos ficam mais exaltados e aparecem algumas ofensas, agressões verbais que em nada contribuem.

O agravante é que esse clima mais tenso acontece entre gremistas.

Todos querem o melhor para o clube, mas cada um a seu jeito.

Espero que os debates continuem, acirrados ou não, mas sempre com educação e respeito.

É o que desejo, é o que espero.  

 

Roger, Roth e a grama do vizinho

Aqueles radical e ferozmente insatisfeitos com Roger deveriam olhar pra grama do vizinho, que um dia foi muito verde e tenra e hoje virou um terreno lamacento.

Caiu o ídolo Falcão de uma forma humilhante. Mais uma vez dirigentes do Inter tratam um ídolo de uma forma cruel.

O nome da vez é Celso Roth. No sábado de manhã o blog cornetadorw deu a notícia em primeira mão: Falcão cai depois do jogo contra o Fluminense com qualquer resultado.

Prevejo dias com mais chuvas e trovoadas no Beira-Rio. Voltam velhas figuras com suas velhas práticas. Tudo pode acontecer. Até dar certo, o que eu duvido.

Mas voltando aos que gostariam de ver Roger longe da Arena.

Estou entre a maioria que vê alguns erros no trabalho do treinador. E, assim como muitos, vejo também inúmeros acertos. Somando e diminuindo, estou satisfeito com o que Roger anda fazendo, ainda mais considerando as limitações que lhe são impostas em função das dificuldades do clube.

Aos mais desatentos informo que a atual diretoria está pagando neste ano quase 5 milhões de reais, dívida contraída em 2001, referentes a Astrada e Amato.

E ainda há outros esqueletos no armário a assombrar a vida dos gremistas. 

Diante das carências, Roger Machado fez e ainda faz um bom trabalho, respeitado em todo o país.  

Agora, ele tenta resolver os furos defensivos e a insuficiência ofensiva dos últimos jogos. 

Kannemann pode ser a solução para a lateral-esquerda. Roger já treina essa possbilidade.

Outra alternativa treinada é um esquema com três zagueiros.

Permanecem as dificuldades no ataque. Guilherme, que entrou bem no time, pode ser a solução, mas acho difícil. 

Pelo jeito, só uma eliminação prematura dos Jogos pode resolver a assustadora ineficiência ofensiva do time verificada contra América e Santa Cruz.

A volta de Luan à essa altura seria uma benção.

 

Grêmio volta a frustrar expectativas

Aquilo que todos já sabem ficou ainda mais evidente no empate com o Santa Cruz, na Arena: o Grêmio tem um bom time titular, organizado, competitivo. Mas não tem um grupo forte.

A qualidade que faltou contra o América Mineiro voltou a faltar contra o time pernambucano. 

Nos dois jogos, a defesa gremista esteve relativamente bem, mas acabou salva por seu goleiro. Já o ataque foi inofensivo. Os goleiros adversários não precisaram fazer nenhuma defesa importante. Foram meras intervenções.

O técnico Roger Machado tem sua cota de responsabilidade. Ele simplesmente não sabe o que fazer sem Luan, Wallace e Éverton, que vinha num crescendo. Sem contar Giuliano, que teria sido muito útil nesses dois jogos.

Mas qualquer análise passa também pelo material humano. 

Vou simplificar: os dois laterais que jogaram contra o Santa Cruz são insuficientes para um time que almeja título nacional. Um deles ainda é possível suportar, mas os dois juntos não há time que aguente.

Na frente, Pedro Rocha está mostrando que não tem suporte emocional – nem técnico – para substituir Éverton. Por enquanto, não passa de uma promessa. Não que Éverton seja incontestável, mas diante do que há no grupo ele faz muita falta. 

Douglas é aquela coisa gelatinosa. Enquanto ele estiver no grupo irá jogar, não tenho dúvida.

Até porque eventuais substitutos, como Lincoln, não conseguem dar boa resposta. Será que é só por falta de continuidade? Só saberemos quando Douglas não estiver mais no clube.

Outra coisa: ficou claro nos dois jogos que Luan faz muita falta. Sem ele, o time ficou inofensivo.

Miller Bolanos é diferenciado, mas precisa de boa companhia e de um esquema que explore melhor suas virtudes, como o passe rápido, os deslocamentos. Bolanos não é de reter a bola, ao contrário. Até o momento, na minha opinião, não justificou o investimento.

O fato é que o Grêmio está vacilando na competição. Clubes que estavam mais atrás avançaram e encostaram em Palmeiras, Corinthians e Grêmio, os três patinando.

Hoje, a rigor, são sete clubes em condições de realmente ambicionar o título.

A continuar assim, estamos diante do Brasileirão mais disputado de sua curta história. 

Cabe ao Grêmio manter-se no pelotão da frente e reforçar-se, para chegar na reta final ainda em condições de ser campeão. 

Felizmente, o jogo contra o Botafogo foi transferido.  

INTER

Já o Inter segue sem vencer. Foi  batido pelo Cruzeiro, 4 a 2, e domingo enfrenta o Fluminense.

Tenho a impressão que Falcão, que não tem culpa do que está acontecendo, não resiste.

Há forte campanha para que um técnico de outro temperamento assuma e implante um esquema mais cauteloso, mais preocupado em não levar gol.

Celso Roth está na área. 

Os dois Douglas e a praga do ‘pontinho fora’

Todos sabem – alguns fingem não saber por interesses diversos – que o Campeonato Brasileiro é um perde/ganha que não respeita nada nem ninguém.

Mesmo assim, demonstram surpresa quando um time da ponta de cima perde ou empata com outro da ponta de baixo.

Na última rodada, por exemplo, o Grêmio ficou apenas no empate com o lanterna América-MG. Um resultado inaceitável ainda mais acompanhado de uma atuação próxima da leniência. Mas um resultado que não poderia causar tantas reações raivosas, a maior parte delas provocadas por 15 anos de seca, o que sempre gera uma expectativa tipo ‘agora vai’ com proporcional frustração e revolta.

Tudo muito natural. Ninguém gosta de perder e/ou ver seus sonhos frustrados. Na mesma rodada, o time que liderava foi batido por um adversário que vive beliscando a zona do rebaixamento, o Botafogo. Pelo que soube não houve reação tão forte entre os palmeirenses.

Então, as vitórias e as derrotas surpreendentes fazem parte do circo do brasileirão, uma competição repleta de armadilhas e caminhos tortuosos que podem levar ao título ou ao rebaixamento. 

DOUGLAS

No caso do Grêmio, o que interessa agora é descobrir o que acontece com o time nos jogos fora de casa. Todos nós temos nossas explicações, nossas teses.

Vou começar pelo Douglas. O Douglas que joga na Arena, sob o olhar atento e fiscalizador da torcida que nos momentos de raiva o chama de ‘barriga de cadela’, é um. Fora de casa, é outro. Se o Douglas mantivesse o mesmo padrão em casa como fora, as coisas poderiam ser diferentes.

Contra o São Paulo, vi o Douglas combatendo na linha da grande área defensiva. Depois, saindo rumo ao ataque.

Esse Douglas tão interessado só aparece nos jogos na Arena e nos confrontos contra equipes de maior parte. Lembram aquela atuação contra o Atlético Mineiro coroada com um gol antológico de Dougla?

Pois esse Douglas não apareceu contra o América. Estejam certos, ele volta contra o Santa Cruz. Na Arena. 

Estou convencido de que o desempenho de Douglas reflete em todo o time.

Até o goleiro Marcelo Grohe fica contaminado, demonstrando satisfação com o empate fora e fazendo uma cera que contrastou com a vontade do restante do time, mesmo desfalcado de Edilson nos minutos finais.

PONTINHO FORA

Deveria ser baixado um decreto no Grêmio contra frases do tipo:

“Vamos buscar três pontos em casa e beliscar alguma coisa fora”.

Não. Errado.

Isso funciona na cabeça do jogador, ou boa parte deles, como uma senha para jogar sem o mesmo empenho.

“Ah, ganhamos em casa, agora podemos jogar pelo empate que o pessoal vai ficar satisfeito”.

É a fórmula para não ser campeão.

Então, declarar que pontinho fora funciona como gol contra.

O resultado disso é limitar-se à luta por vaga na Libertadores.

Conforme tem destacado o blog cornetadorw, inclusive com dados de outros campeonatos brasileiros, só conquista o título o time que consegue acumular um número importante de vitórias fora de casa.

Vejam, três empates fora resultam no mesmo número de pontos de uma vitória.

O exemplo para mudar esse comportamento (estimulado pela maioria dos analistas esportivos e aceito por boa parte da torcida) deve partir da direção, do presidente do clube.

O Grêmio deve sempre entrar em campo fixado em jogar pela vitória, considerando o empate tão danoso quanto a derrota. Mesmo na casa do adversário.

É óbvio que determinados empates, pelas circunstâncias do jogo, mas só pelo andamento do jogo, podem ser até festejados.

Não foi o caso do jogo contra o América Mineiro.