Treinador deve receber por produtividade

O Grêmio projeta corte de despesas para enfrentar o abalo em suas finanças.

Para isso, está prevista redução drástica na folha de pagamento do futebol.

Jogadores de custo mensal muito elevado e retorno insuficiente devem ser liberados o mais rápido possível.

Aqueles com contrato em vigor por mais tempo devem ser estimulados e procurar outro clube. Seria o popular pontapé na bunda em um ou outro. Sabemos que alguns ganham tanto aqui que dificilmente aceitam sair.

Em alguns casos, é preciso apelar para uma parceria, como fazem Grêmio e Inter, que pagam juntos o salário de Gabriel.

O importante é enxugar a folha e abrir caminho para reforços de menos custo e maior resposta.

Não é tarefa fácil.

Mas o presidente Fábio Koff, agora sem a pressão para ficar com Luxemburgo e com uma Libertadores pela frente em seguida, tem todas as condições de armar um grupo capaz de levar o Grêmio a grandes conquistas.

Para isso, Koff conta com uma diretoria competente e séria. Seriedade, está aí algo que faz a diferença.

A lista de jogadores que podem sair não é grande, mas tem peso na folha de pagamento. Com metade do dinheiro gasto com eles é possível trazer uns 3 jogadores em condições de titularidade.

O goleiro Dida, por exemplo. Ele deu sua contribuição. Foi decisivo em muitos jogos. Mas a idade está chegando. Chega para ele, chega para mim, chega para todos nós.

Marcelo Grohe, de custo inferior e nível hoje talvez até superior ao do titular , deve assumir, com outros goleiros da casa para a reserva.

O caso do treinador é complexo, muito polêmico. Mas eu penso que Renato pode ficar, desde que a diretoria, que sabe coisas que nós ignoramos, entenda que seu trabalho foi realmente bom.

Assim, de fora, acho que Renato até fez muito com um grupo de jogadores herdado de outro treinador. Sei que na hora da raiva ninguém pensa em atenuantes para o treinador, dirigentes e determinados jogadores, mas quem comanda precisa ter serenidade e sabedoria para avaliar adequadamente cada situação.

Cornetear nas redes sociais é fácil, tomar decisões que afetam o clube é que é complicado.

Por isso, eu prefiro ficar aqui dando meus palpites e minhas corneteadas, é mais cômodo e me torna um dos  ‘invictos’ do técnico argentino Cesar Menotti, que se referia com esse termo aos jornalistas esportivos. Hoje, penso que esse ‘los invictos” cabe também a nós que encontramos solução para tudo em nossas equipes, mesmo sem todos os elementos para uma avaliação correta.

Em relação ao técnico, penso que seu salário não pode ser superior a 300 mil reais. O Inter está trazendo Abel por 600 mil. Ele ganhava um milhão no Fluminense. São números fora da realidade, um abuso.

Penso que a remuneração mensal deve cair para um patamar mais real. Em compensação, dar prêmios por produtividade.

Por exemplo: se vencer uma Libertadores, quem sabe uns 3 milhões de reais para o treinador?

Um Brasileirão, outro tanto.

Já o Gauchão, prêmio de 50 pilas e um churrasco no Barranco. Sem bebida incluída.

Chega de pagar salários astronômicos para treinadores que chegam aqui, indicam jogadores que a gente não sabe se é porque são bons ou se são de empresário amigo, se tem comissão no meio, participação na remuneração mensal, etc.

Aliás, a direção precisa, tem obrigação, de participar ativamente da escolha dos nomes e das negociações.

Será fundamental, ainda, um olha atento aos jovens formados no clube. Aqueles escolhidos devem receber oportunidades de verdade, com alguns jogos para mostrar se podem ou não ser aproveitados.

Sobre a minha lista de dispensáveis, deixo para depois do Brasileirão.

A hora é de somar.

CORINTHIANS

Ontem, o Corinthians comemorava 400 milhões de reais obtidos através da Caixa e do BNDES para o seu estádio. Contrato será assinado nesta quinta.

O Corinthians parece ser o Eike Batista dos clubes.

Hoje, tragédia no Itaquerão. Li que um operáriodenunciou que todos estão trabalhando sob pressão em função do prazo dado pela Fifa. O fato é que duas vidas foram perdidas.

CENI

Nove entre dez gremistas não gostam do goleiro Rogério Ceni. Não esquecem aquela falha grosseira contra o Inter na Libertadores. Pois Ceni, que passa uma imagem de cidadão idôneo, foi flagrado numa ilicitude grave. Coisa feia. E burrada das grandes. Tudo por causa de dos pontos de uma multa que ele tentou transferir para uma desconhecida, chegando a falsificar assinatura da vítima.

Confiram: http://blogdopaulinho.wordpress.com/2013/11/27/exame-grafotecnico-derrotou-rogerio-ceni-na-justica/

SELEÇÃO

Preciso fazer uma seleção do Brasileirão para a Rádio Guaíba. Aceito sugestões. Não vi a imensa maioria dos jogos, por isso estou aqui pedindo a ajuda dos botequeiros.

Entra também o treinador.

Atenção Vargas, atenção Vargas…

O Grêmio reuniu um grupo de blogueiros nesta segunda-feira (dia 25) à noite para um churrasco, acompanhado de um líquido de um amarelo esmaecido com espuma branca que lembrava um bebida chamada cerveja. Quem me conhece já pode imaginar a marca do produto, que, bem gelado, até serviu para acompanhar a costela suculenta e a picanha ao ponto.

É claro que aquele pessoal todo de redes sociais relacionadas ao futebol e em especial ao Grêmio não estava lá só pra forrar o estômago e jogar conversa fora.

O pessoal da comunicação do clube reuniu a galera para apresentar seus projetos para 2014 e ouvir sugestões. Uma iniciativa legal, digna de aplauso.

Foram apresentados o projeto de uma nova revista do Grêmio, a 1903, que terá em seu primeiro número, agora em dezembro, o grande Valdir Espinosa na capa; novidades interessantes na TV Grêmio e mais algumas coisas, todas com o objetivo principal de reforçar a marca Grêmio e ao mesmo tempo encontrar mecanismos de aumentar a receita do clube através de canais de comunicação com a nação tricolor.

Enquanto refletia sobre aquele momento que envolvia tecnologia de última geração, blogs, tuíter, face e tudo mais, fixei o olhar no churrasqueiro. Pareceu-me uma figura conhecida. Lembrei-me de último churrasco que comi ali no Ovelhão – churrascaria interna do clube – assado pelo Felipão, lá no começo dos anos 90.

No mesmo instante, ecoou em minha mente – ainda sóbria, ressalte-se, até porque me nego a beber mais que duas latinhas de Skol – uma frase que cansei de ouvir nos meus tempos de setorista do Grêmio:

– Atenção Vargas, atenção Vargas, favor comparecer…

Claro, o assador, grisalho e curvado, é o Vargas, só pode ser o Vargas – pensei, já me aproximando, tentando imitar a voz da telefonista:

– Atenção Vargas, atenção…

Ele virou-se sorrindo, enquanto batia um espeto de costela.

Gentil, ele disse que se lembrava de mim. Acho difícil, porque eu era barbudo e cabeludo. Mas também não é impossível, porque a gente se encontrava seguidamente no Olímpico.

– E aí, como é que tu estás se sentindo com essa história toda, Arena, demolição do Olímpico? -, perguntei.

– Não é fácil, tenho toda uma vida aqui dentro. Mas vamos levando, trabalhando sempre. Acho que ainda vai demorar até a gente sair daqui.

Ele lembrou, orgulhoso, que de vez em quando é chamado a tirar fotos com torcedores. “Tem gente que tem curiosidade em me conhecer de tanto ouvir essa história do alto-falante, que, aliás, é coisa já ultrapassada, porque a gente hoje se fala através de intercomunicadores”, conta.

Vargas disse que nasceu em Bossoroca e que veio a Porto Alegre logo após o serviço militar. O Grêmio foi seu primeiro emprego com carteira assinada, isso em 1972.

– São 41 anos de Grêmio. Só o ‘seu’ Verardi (Antônio Carlos Verardi, outro que se confunde com a história do Grêmio e do estádio) me ganha -, diz sorrindo.

Perguntei o que ele faz além de assar de vez em quando.

– Faço vistorias em vários locais, em Eldorado, no hotel que o clube alugou pra gurizada, no Cristal. Todos os dias eu saio para verificar as coisas. Depois eu volto. E cada vez que eu volto parece que estou voltando para a minha casa. Eu considero o Olímpico a minha casa -, revelou, já um pouco emocionado.

Tive que interromper esse reencontro com o passado, porque a reunião para discutir o presente e futuro do Grêmio na área da comunicação já havia iniciado sem que eu percebesse.

Afinal, quando nos deparamos com fragmentos da nossa história parece até que o tempo para.

SUGESTÃO

Penso que vale a pena colher depoimentos do Vargas, do Verardi e outros tão ligados à história do Grêmio e do Olímpico para as mídias do clube. Se é que isso já não foi feito.

Espero que assim eu venha a saber o nome completo do Vargas, que eu esqueci de perguntar.

Não que isso importe, só por curiosidade mesmo.

– Atenção Vargas, atenção Vargas, favor comparecer ao portão…

Tenho a impressão que vou ouvir essa convocação até quando a ‘casa de Vargas’ não existir mais.

O ano em que o Grêmio jogou sem centroavante

O Campeonato Brasileiro se arrasta rumo à linha de chegada. O Cruzeiro já é campeão faz tempo e agora faltam definir detalhes como vagas para a Libertadores e os rebaixados da vez.

É o que sustenta esse campeonato morno que agora se presta mais para acordos e conchavos para livrar a cara de uns e afundar outros. A vitória do Vasco sobre o Cruzeiro, por exemplo, está sob suspeição pelo que falou Júlio Baptista ao Cris em meio ao jogo.

O fato é que o Brasileirão agora vive de migalhas de emoção.

Ao torcedor gaúcho, que há anos não comemora um título brasileiro, sobrou muito pouco.

Grêmio e Inter, que entraram na disputa como candidatos ao título, fracassaram de novo.

Ao Grêmio ainda resta o consolo de disputar as migalhas, ou seja, vaga para a Libertadores de 2014. Ao Inter, nem isso. Seu elenco milionário afundou.

Os dois times têm em comum, além de uma folha de pagamento absurdamente desproporcional ao futebol que apresentaram na temporada, o fracasso de seus centroavantes.

Damião, o matador, o goleador que nos delírios do presidente Luigi e de parte da mídia poderia render aos cofres do clube uns 25 milhões de euros, está quase virando moeda de troca.

Já o Grêmio caiu nos tropeços, escorregadas e quedas atabalhoadas de seu centroavante. Barcos, o dos 28 gols marcados pelo Palmeiras em 2013, abusou de perder chances de gol.

Mostrou mais aptidão para atuar na zaga do que no ataque.

Se eu tivesse que resumir o que foi o Grêmio no Brasileirão/2013 escreveria o seguinte:

O ano em que o Grêmio disputou um Campeonato Brasileiro sem centroavante.

Pode ser exagero, mas é o que sinto neste final de domingo depois de passar 90 minutos me irritando com os passes errados, a falta de intuição para antever a jogada e chegar para concluir o lance, a capacidade de estar sempre onde a bola não está.

Enfim, até a doação, o esforço e a combatividade de Barcos que antes até me comoviam, hoje só me irritam.

Eu cansei de ter um centroavante peleador. Eu quero um centroavante goleador.

E não adianta alegar que ele recua muito para ajudar na marcação, que é sacrificado pelo esquema. Isso até aconteceu no começo, mas não é o que tem ocorrido. Nos últimos jogos ele só marcou a saída do adversário. No mais, ficou brigando com os zagueiros e a bola.

Depois de tanto tempo sem marcar gols, Barcos merece o banco de reservas. Talvez se entrar no segundo tempo ele apresente mais qualidade, mais faro para o gol.

E aí fica escancarado um erro de avaliação da diretoria: não há um reserva experiente para a camisa 9.

Há uma frase, acho que do falecido técnico Ênio Andrade, que sintetiza a importância de um centroavante, de um homem de área, de uma referência. É mais ou menos assim:

Quem tem dois tem um, quem tem um não tem nada.

O Grêmio, hoje, não tem nada. O Grêmio não poderia ter começado o Brasileirão apenas com Barcos, confiando em Lucas Coelho ou em Mamute como opções.

O Grêmio já perdeu a chance de brigar pelo título pela falta de gols, pela incapacidade monumental de fazer gols, e agora corre o risco de perder a vaga direta à Libertadores/2014 porque não sabe fazer gols, não tem quem faça gols.

Se depender de gols de seu centroavante, de seu ‘ goleador’, a vaga será perdida.

De qualquer modo, o Grêmio já chegou longe demais sem centroavante.

O Inter que o diga.

Pernas cabeludas agitam o sono de Renato

Renato Portaluppi já passou muitas noites em claro em sua vida. Pelo menos é o que indica sua fama de pegador.

Ultimamente, Renato revive esse período mais despreocupado de sua vida, em que trocava de mulher com a mesma facilidade com que driblava seus marcadores, enfrentando chuteiras assassinas com destemor.

As noites insones agora não são por motivos tão agradáveis. Renato, hoje, quem diria?,perde o sono pensando em pernas cabeludas.

São as pernas dos jogadores do seu grupo, evidente. Ocorre que ele precisa decidir quem começa o jogo contra a Ponte Preta.

Mas não é só isso: com o crescimento de Maxi Rodriguez, jogador que salvou o próprio treinador de uma decapitação – decapitação simbólica, é preciso deixar muito claro isso porque tem gente que odeia tanto o Renato que pode querer levar o vocábulo ao pé da letra – antecipada ao fazer os gols contra o Flamengo, Renato está praticamente forçado a manter o uruguaio no time. Se não for para começar, ao menos no banco.

O drama de Renato – que eu vivenciaria  com muita alegria se ganhasse a fortuna que é paga hoje aos técnicos de times de ponta – começa por uma equação complicada: ele precisa decidir qual dos estrangeiros fica de fora. Ou seja, nem fica à disposição para o difícil jogo contra Ponte Preta, que cai para a segundona em caso de derrota.

Antes de Maxi desabrochar, a escolha era fácil: Riveros, Vargas e Barcos. As sucessivas convocações de Vargas e Riveros ajudaram Renato. Agora, a situações é outra.

Renato tem veneração pela estrutura central do seu time: Souza, Riveros e Ramiro. É um trio ‘imexível’.

Eu deixaria Riveros fora do jogo.

No lugar do paraguaio, colocaria Zé Roberto, que está recuperando seu ritmo de jogo.

Na frente, Vargas, Kleber e Barcos. Renato não pode deixar de fora do grupo, nem no banco, o seu único atacante de velocidade, de drible e de bons arremates de longe – pelo menos na seleção chilena ele faz gols de fora da área.

O Grêmio precisa vencer. Então, não há como abrir mão de seus dois jogadores mais talentosos, criativos e atrevidos: Maxi e Vargas.

E são esses justamente os que mais correm risco de sair, mantida a visão de Renato até agora.

O Grêmio precisa de opções de qualidade na frente. Para suprir a ausência de Riveros, que até caiu de rendimento, há jogadores de meio e até a possibilidade de, no decorrer do jogo, lançar mão de mais um zagueiro para garantir eventual vantagem.

Então, meu parecer é no sentido de que Riveros aproveite a viagem para descansar.

A REUNIÃO

Durante recente reunião no Olímpico, o presidente Koff teria sofrido pressão de pelo menos um de seus companheiros de diretoria para começar 2014 com outro treinador.

Koff teria argumentado que prefere manter Renato. Houve um debate e Koff lá pelas tantas teria dito que demitiria Renato e…

Contrataria Celso Roth.

Quer dizer, colocou o bode na sala. Encerrou a reunião.

Se Renato sair, o nome de Koff é Tite.

OS VELHOS

Depois que a gurizada se divertiu e só complicou a situação do Inter, chegou a hora de apelar de novo para os velhos.

O técnico Clemer está lançando mão dos ‘velhos’ do time para vencer o Coritiba e afastar de vez o fantasma do rebaixamento.

Isso indica que o Inter perdeu o rumo. Clemer, está provado, foi uma aposta que não deu certo.

Talvez em outra circunstância ele se desse melhor.

A meu ver está havendo interferência superior na escalação.

Se o Inter atingir seu objetivo em Caxias do Sul, tudo bem, mas se perder o time irá ainda mais confuso e nervoso para os dois jogos restantes do BRasileirão.

Dez razões a favor e contra Renato

Há muito tempo eu defendo que a gente sempre encontra argumentos para defender quem gostamos, e isso vale para qualquer área. Vale o mesmo em relação a quem temos um pé atrás.

Sempre vamos encontrar argumentos consistentes, e nem tanto, para ambos os lados.

No futebol, então, esse aspecto é mais intenso. Nossas preferências ancestrais acabam refletindo em nossas opiniões.

Aqueles que gritaram ‘fica luxemburgo’ com toda a força de seus pulmões e cobraram dos candidatos à permanência do técnico, vinculando seu voto à renovação do polivalente profissional, foram os primeiros a bater em Renato.

É certo que, matreiramente, silenciaram quando os primeiros resultados positivos surgiram, elevando o Grêmio ao topo da tabela do brasileirão.

Depois, oportunistas (como normalmente se é nas coisas do futebol), baixaram a lenha no treinador, e até justificada e merecidamente em alguns casos.

Bem, o fato é que hoje a legião dos anti-renatistas parece ser maior do que o exército favorável a Renato.

Claro que essa situação pode ser alterada a partir dos próximos resultados.

O que interessa aqui é que eu elaborei duas listas com interpretações e análises opostas para aspectos similares, mostrando que muitas posições radicalmente antagônicas são tomadas em função de preferências e conceitos arraigados.

Confiram como fatos (quase) iguais podem gerar opiniões opostas:

DEZ razões para Renato ficar em 2014:

1. ajustou rapidamente o time irregular e acadêmico herdado de Luxemburgo;

2. teve ousadia e coragem de lançar o jovem Ramiro em detrimento das estrelas Elano e Zé Roberto;

3. armou um time combativo e indignado com a ‘cara do Grêmio’;

4. recuperou a auto-estima da torcida ao posicionar o Grêmio acima do Inter e sempre no G-4;

5. soube armar um sólido esquema defensivo, o que compensou a falta de gols dos atacantes;

6. teve que administrar a falta de um verdadeiro goleador na equipe que não foi montada por ele;

7. constatou as deficiências técnicas da equipe e armou um time para garantir atrás e especular na frente;

8. deu oportunidade a jovens. Alguns acabaram não correspondendo dentro das exigências do momento;

9. soube avaliar o momento certo e a circunstância adequada para melhor aproveitar o talento de Maxi Rodriguez; e

10. é um treinador identificado com o Grêmio, com um trabalho sério e honesto.

DEZ razões Renato não continuar:

1. não soube dar continuidade ao bom trabalho inicial, revelando limitações;

2. relegou Elano e Zé Roberto a um segundo plano incompatível à qualidade dos jogadores;

3. armou um time guerreiro, mas retrancado e por vezes até covarde;

4. fez o torcedor sonhar com o título e depois decepcionou com decisões que prejudicaram a equipe;

5. armou o time todo para defender, prejudicando o desempenho ofensivo dos atacantes;

6. não soube encontrar alternativa ofensiva para a falta de um goleador;

7. o time do Grêmio não é tão limitado que não pudesse ser mais ousado em muitos jogos;

8. lançou alguns jovens em momentos equivocados, como Lucas Coelho e Mamute contra o Atlético PR.

9. deu poucas oportunidades a Maxi Rodriguez, o articulador que fez muita falta ao time e que se revelou talentoso; e

10. é um profissional identificado com o Grêmio, mas com uma imagem muito desgastada como técnico.

Bem, a lista pode ser ampliada. Quem quiser, pode fazer a sua. O fato é que nessa discussão, as duas partes tem suas razões e há pontos em comum.

Renato não escalaria Renato

Estou convencido que Renato-treinador não escalaria o Renato-jogador.

O Renato era um atacante que raramente combatia o adversário, como fazem Barcos e Kleber, por exemplo.

Renato jogava praticamente da linha do meio de campo para o ataque. Era assim o futebol naquele tempo. Os atacantes atacavam.

Kleber e Barcos teriam mais dificuldade para jogar na época de Renato, porque deles se exigiria basicamente que atacassem, que fizessem gols. A marcação vinha num segundo plano.

Kleber e Barcos hoje só conseguem se manter porque marcam, não gols, mas o adversário, esteja ele onde estiver.

É bom que os atacantes marquem, mas é melhor ainda se eles fazem gols. Com gols, eles não precisariam marcar tanto. Mas é mais fácil marcar do que fazer gols. Pelo menos para eles.

Já para Maxi Rodriguez, é mais fácil fazer gols que marcar.

Renato deixou bem claro na véspera do jogo que ele quer que o uruguaio marque, seja mais combativo. Afinal, o futebol de hoje exige que todos marquem. E Renato leva isso ao pé da letra.

Renato-jogador, portanto, seria reserva do Renato-treinador. Entraria nos minutos finais. Faria duas ou três grandes jogadas, levantaria a torcida, e até marcaria gol. Mas no jogo seguinte seria de novo reserva.

Tem sido assim com Maxi Rodriguez. Hoje, ele jogou um pouco mais, uns 30 minutos.

Em 30 minutos ele fez mais gols que Kleber e Barcos em vários jogos.

Maxi Rodriguez realmente tem dificuldade para marcar, parece sem força e vitalidade para cumprir essa função que Renato-treinador tanto valoriza e que o Renato-jogador negligenciava. Felizmente.

Maxi Rodriguez mostrou como é fácil fazer gols quando se possui talento para fazer gols.

Constrangeu Kleber e Barcos, e deixou embaraçado o Renato-treinador.

Já o Renato-jogador o aplaudiria e o chamaria para desfrutar os prazeres da noite. Maxi Rodriguez entraria na panelinha de Renato-jogador, que tinha, entre outros, De León e Osvaldo.

Maxi Rodriguez marcou dois golaços. Um mais bonito que o outro. O segundo foi uma obra-prima. Maxi Rodriguez parecia estar numa pelada tal a naturalidade com que marcou o gol. Lembrei de Zico na hora.

O fato é que Renato-treinador precisa escalar o seu Renato-jogador: Maxi Rodriguez.

Foi ele quem, em dois lances, colocou o Grêmio na vice-liderança do Brasileiro e, de quebra, salvou a pele de Renato nesta noite de domingo na Arena.

Renato precisa urgentemente rever os seus conceitos.

Se Maxi Rodriguez não consegue marcar, então que o escale como segundo atacante.

Erros e acertos de Renato

Renato errou ao substituir Zé Roberto, que começava a desabrochar no jogo depois de um primeiro tempo opaco; e errou na entrevista ao final, quando se defendeu das vaias dizendo que ‘meia dúzia traz problema de casa’.

Aqueles que não gostam do Renato-treinador ganham mais munição para atacá-lo.

Agora, esses mesmos que não gostam do Renato-treinador, precisam reconhecer que ele acertou ao começar com o mesmo Zé Roberto que ele, Renato, entendeu que deveria sair para manter a estrutura de marcação no meio, se mantendo fiel à sua concepção de time.

– Eu decido pela minha cabeça -, repetiu Renato na entrevista. É aquilo que eu escrevi dias atrás: em caso de derrota, de fracasso, o torcedor fica no máximo com a cabeça inchada, a do técnico rola.

Então, esse Renato de erros e acertos age corretamente ao tomar as decisões, sejam elas simpáticas ou não ao torcedor.

Se for decidir pelo torcedor, qualquer treinador vai enlouquecer, porque não tem nada mais instável do que opinião de torcedor.

Agora, no caso de Zé Roberto nesta noite de vitória apertadíssima de 1 a 0 sobre o Vasco, penso que faltou sensibilidade para Renato. Zé recém havia cobrado o escanteio que resultou no gol de Rodolpho, em mais uma atuação estupenda, quebrando o amargo e doloroso jejum. ZR começava a jogar com aquela desenvoltura de tempos atrás.

Pode ser que o time perdesse um pouco de combatividade no meio com a saída de Riveros, que não estava tão bem, mas com ZR e Maxi ganharia muito em qualidade ofensiva, e talvez a vitória fosse até por uma margem maior de gols.

Entre o ‘pode ser’ e a realidade há, muitas vezes, um abismo de diferença. O fato é que a entrada de Maxi no lugar do ZR, que reagiu mal à substituição, deu certo. O time ganhou em criatividade.

Maxi é o meia da jogada mais vertical e criativa. Ele deu um passe precioso para Elano marcar o segundo gol, mas faltou flexibilidade para o meia marcar.

Depois, Maxi perdeu a bola bisonhamente em jogadas de ataque. Redimiu-se minutos após com uma jogada que valeu o ingresso, ao meter a bola entre as pernas do marcador, entrar na área e chutar para uma grande defesa do goleiro.

Não foi gol, mas um lance como esse, tão raro no time espartano de Renato, é de iluminar a noite mais escura e de fazer renascer a esperança de que um dia os gols voltarão a fluir com naturalidade, diferente de agora.

O importante, conforme Renato frisou, é que o Grêmio venceu, somou três pontos e segue no G-4, agora a um ponto apenas do Atlético Pr, o vice-líder.

Se vencer o Flamengo, domingo, de novo na Arena, pode até reassumir o segundo lugar.

Por isso, a hora é de jogar com o time e com Renato, que, com mais acertos do que erros, mantém o Grêmio na ponta de cima do Brasileirão.

Renato fica ou não? Um debate inoportuno

Grêmio deve ou não renovar contrato com o técnico Renato?

Há enquetes no ar com a participação de torcedores – e não apenas gremistas respondem, o que torna a pesquisa tão séria quanto tantas realizadas na política -, debates em programas de rádio e de TV e ampla abordagem na mídia impressa.

Está aí algo que não acrescenta nada e que só serve para tumultuar o ambiente no Grêmio e mexer com a cabeça de Renato. Sim, apesar do seu jeitão ‘to nem aí’ e ‘nada me atinge’, Renato sente a pressão, e reage dentro seu estilo, digamos, irreverente. Mas ele sente. E ao sentir, pode tomar decisões que em outra circunstância não tomaria.

Então, esse tipo de polêmica vem num momento inadequado, inoportuno.

Sei, a direção do Grêmio deixou vazar que estaria negociando com Renato a renovação. Ora, esse tipo de informação é só para dar força e tranquilidade a Renato, inclusive e principalmente perante ao grupo.

É uma mensagem para os jogadores, em especial aos que são preteridos: nós estamos com Renato. É um recado também para a mídia e à torcida, numa tentativa, como se vê frustrada, de silenciar um pouco a corneta e tornar o ambiente mais sereno para um time que caiu de rendimento e precisa reagir.

Agora, como reagir se às vésperas de um jogo importante contra o Vasco, na Arena, só se fala nisso: Renato renova ou não renova.

O jogo contra o Vasco ficou em quinto plano, é quase nota de rodapé.

Sem intenção outra que não seja desenvolver o tema, que realmente atrai os torcedores, a imprensa acaba prestando um desserviço ao Grêmio e ao futebol gaúcho.

O debate se amplia e se retroalimenta com a participação de boa parte da torcida gremista, que, ao entrar no circuito, contribui para perturbar o Grêmio numa hora em que a equipe, fragilizada e insegura diante dos maus resultados, mais precisa de apoio e de incentivo.

Não faltam, em meio a isso tudo, pessoas, jornalistas ou não, ‘informando de fonte segura’, que Renato está pedindo 900 mil reais por mês, enquanto o Grêmio oferece 750 mil.

Gremista que leva adiante essa ‘informação’ faz o jogo, sem querer, de quem quer tumultuar.

Ora, considero isso de uma irresponsabilidade absurda. E o pior é que esses números acabam circulando nas redes sociais, amplificando de forma descomunal o seu alcance, e colocando Renato numa situação ainda mais delicada e antipática.

Queiram ou não, gostem ou não do Renato, do Barcos e cia, o Grêmio é o único clube gaúcho em condições de disputar a Libertadores de 2014. E é bom para os meios de comunicação do Estado ter um clube nosso na Libertadores.

Admito que não cabe aos veículos de comunicação zelar pelos interesses do Grêmio ou do Inter. Sua função é outra.

Mas eu penso que o debate debate sobre a renovação de Renato neste momento nada acrescenta, até porque tudo somente será definido a partir dos resultados de campo.

Fora isso é encher morcilha ou ejaculação precoce.

Ah, só pra reforçar: amanhã tem jogo na Arena e o Grêmio precisa de sua torcida para vencer o Vasco e superar a crise técnica do time e, vá lá, do próprio Renato.

Renato refém de sua ideia de futebol

Renato ficou refém de sua própria ideia de futebol e escravo de sua vaidade.

Só isso explica a insistência em uma proposta de jogo que dá sinais concretos de desgaste.

Tudo tem uma prazo de validade, ainda mais no futebol. O esquema de Renato baseado na marcação e na vitalidade dos laterais e dos volantes, e na doação defensiva dos atacantes,  já não funciona.

A bola que antes entrava faceira e dócil, sob a benção dos deuses do futebol, hoje se rebela. Teimosa, reluta em encontrar as redes.

Renato fala em sorte. Antes, quando o gol saía apesar da escassa produção ofensiva, Renato não falava em sorte. A sorte que sobrou em alguns jogos, agora está ausente. Já resultou na eliminação da Copa do Brasil e na perda do segundo lugar, e ameaça até a vaga para a Libertadores/2014.

Renato é um vencedor. Tem estrela. O mesmo vale para o presidente Fábio Koff. Mas chegou a hora de providências importantes para ajudar a ‘sorte’.

No jogo do Mineirão essas medidas já poderiam ter sido tomadas. Por vaidade, por orgulho, mais do que por convicção ou teimosia, Renato parece determinado a morrer com a sua ideia de futebol.

Só isso explica, em parte, a não entrada de Zé Roberto e Elano, juntos, no decorrer do jogo contra o Cruzeiro.

Aos 20 minutos do segundo tempo, ele poderia ter escalado os dois. Desconfio que não o fez por um motivo: vai que dá certo.

Se os dois entram quando o Grêmio está perdendo por 1 a 0 – e o Atlético PR se distanciando no segundo lugar com vitória sobre o SP – e o time reage, Renato teria que dar o braço a torcer, e talvez repensar a sua concepção atual, e até circunstancial, de futebol.

Renato arriscou tarde e errado. Redescobriu Maxi Rodriguez, que andava esquecido em algum armário no vestiário, e insistiu com Mamute. Esqueceu Elano e Zé Roberto, que poderia dar um toque de qualidade ao time.

Renato nem pode alegar que poderia prejudicar a marcação, porque os volantes do Grêmio já não marcam com a mesma eficiência, já que o Cruzeiro saía da defesa para o ataque praticamente sem ser importunado.

Então, não perderia em marcação e talvez acrescentasse ofensivamente. Perdido por um, perdido por dois.

O Grêmio não fez o gol – e aí mérito do goleiro Fábio, confirmando que o ataque gremista está consagrando os goleiros rivais ultimamente com a ajuda dessa bola volúvel, infiel – e, de quebra, levou dois.

Os 3 a 0 foram injustos. Mas quem disse que há justiça no futebol?

Cabe agora a Renato refletir sobre o que está acontecendo com a sua equipe e, com humildade, fazer as mudanças necessárias.

Está mais do que claro que faltam peças de reposição no ataque, em especial para Barcos. A alternativa é recuperar a qualidade na armação, mesmo que isso resulte em algum prejuízo em termos de marcação.

BICICLETA

Para finalizar, será que só eu vi infração no gol de Borges? Houve um tempo em que dar uma bicleta ameaçando rasgar o nariz do adversário era jogo perigoso. Se Pará mete a cabeça naquela bola…

INTER

Ao vencer o Botafogo por 2 a 1, em Caxias, o Inter afasta de vez a fantasma do rebaixamento. Clemer armou bem a equipe, que não jogou grande coisa, mas jogou o suficiente para fazer 2 gols, o que já dá uma certa inveja.

O interminável inferno astral gremista

Quem trabalha ou trabalhou em jornal diário sabe como é complicado fechar as edições de Natal e, principalmente, de Ano Novo. Além de ser uma edição que vale para dois dias festivos (os dias 25 e 31 são os únicos feriados nas redações de jornais), há uma preocupante falta de assunto.

Por isso, boa parte do jornal é feita com matérias ‘especiais’ preparadas com alguma antecedência.

Se o sujeito trabalha na editoria de esportes, então, o problema é ainda mais grave. Jogadores em férias, dirigentes mais preocupados com as festas da virada. Falta assunto. Aí, fica aquele monte de especulação, coisa chata, repetitiva, cansativa.

Então, em meados dos gloriosos anos 90 eu decidi imitar o que todas as outras editorias faziam, ou seja, ouvir pessoas que fazem previsões, como cartomantes, astrólogos, tarólogos, jogadores de búzios, etc.

Como eu sempre respeitei a astrologia, que não é exatamente igual a esses horóscopos diários, decidi procurar um estudioso. Encontrei o Bruno Vasconcelos. Nem me lembro como.

Expliquei o que eu pretendia: a partir das datas de nascimento de Grêmio e Inter, ele faria o mapa astral dos dois clubes. Faltou um dado importante: o horário de fundação. Pelo que pesquisei, os dois clubes foram fundados à noite, mas não há certeza nos horários. Mesmo assim, Bruno encarou.

No cálculo dele não foram considerados as datas de nascimento dos atletas, o que daria muito trabalho para o astrólogo, que não era remunerado.

No começo, os colegas brincavam comigo dizendo que eu é que era o astrólogo, que eu inventava as previsões.

Dizem que o Luís Fernando Veríssimo, em seu começo em jornal, escrevia horóscopos diários.

O fato é que o percentual de acertos do Bruno era muito alto. Há algumas previsões fantásticas, realmente surpreendentes. Há erros, também, claro.

Para calar os incréus, publiquei lá pelo terceiro ou quarto ano de previsões, uma foto do Bruno. Mesmo assim, tem gente que até hoje acredita que eu mesmo é quem fazia tudo.

Eu apenas transcrevia o que ele me passava, primeiro por telefone, depois, com o advento da internet, por e-mail. Alguns deles eu tenho guardados para provar que eu era apenas o mensageiro nesse processo.

Bem, no final de 2004 ou 2005 – se alguém procurar vai encontrar – Bruno Vasconcelos previu que o Inter estava na iminência de começar a viver um período de vitórias semelhante ao dos anos 70, em forte projeção no exterior, em função de determinado posicionamento dos astros, etc.

Desnecessário dizer que ele estava certo.

Mas havia outra previsão, uma previsão ainda mais arrojada. E, para os gremistas, assustadora. Confesso que não levei fé, não acreditei no Bruno, e temia ver o meu amigo – sim, acabamos nos tornando amigos – pagando mico, o que também me atingiria, pois eu assinava as matérias, aliás, de grande repercussão a cada virada de ano.

Mas o que Bruno previu, que eu, covardemente, omiti, ou amenizei, não lembro ao certo?

Acreditem ou não, Bruno previu que o Grêmio, também com base nos astros, continuaria por longo tempo sem conquistar títulos de maior projeção.

Quando li o email que ele mandou com as previsões levei um susto. O Bruno pirou, pensei. Não pode ser, de jeito nenhum. Telefonei pra ele – ah, o Bruno não acompanhava futebol, mas se dizia gremista – e o questionei. Ele repetiu que isso aquilo mesmo que ele enxergava no mapa astral do Grêmio.

– Esse período de vacas magras pode ir até 2015, 2016 -, garantiu ele.

Hoje, depois do que vi acontecer nos últimos anos, com o Grêmio beliscando títulos e perdendo no detalhe, reconheço que pode estar mesmo ocorrendo uma influência negativa de alguma determinada situação astral.

O fato é que, infelizmente, a previsão está se confirmando.

Observação: Bruno Vasconcelos faleceu faz alguns anos. Em respeito a ele, deixei de seguir com as previsões astrológicas de final de ano para a dupla Gre-Nal.

Com isso, ficou mais difícil fechar a edição de 31 de dezembro/01 de janeiro. Felizmente, já há quatro anos não preciso mais me preocupar com isso.

Encerro essas linhas com uma mensagem ao BV: eu não levei fé; tu estavas com a razão, parceiro.