Cada vez mais confio menos em Luxemburgo

Eu não confio em Luxemburgo.

O jogo de hoje em Passo Fundo só fez reforçar minha desconfiança. Por dois motivos: o primeiro quando ele fragilizou o time ali pela metade do segundo tempo.

O Grêmio vencia por 1 a 0, enfrentava dificuldades, mas tinha condições de sustentar o resultado para assumir a liderança do grupo. Luxemburgo promoveu o desmanche do meio de campo ao sacar Guilherme e Souza e colocar Fábio Aurélio e Matheus Biteco.

Não era momento para dar ritmo de jogo a um atleta que estava há um ano ou mais sem jogar. O momento era de consolidar a vitória, não de fazer experiências.

A consequência foi o empate do Passo Fundo, que depois ainda teve uma chance magnífica após falha assustadora de Bressan. Grohe evitou o segundo gol com uma defesa fantástica.

Há quem diga que ele falhou no gol do adversário, mas eu não concordo. Foi um chute muito forte, com a bola pegando efeito e se afastando das mãos estendidas do goleiro.

É necessário destacar que o Grêmio poderia ter matado o jogo no começo do segundo tempo, quando Kleber ficou cara a cara com o goleiro e chutou rente à trave, após grande jogada de Vargas, o melhor em campo.

O empate deve ser debitado na conta do treinador, que foi imprudente e mexeu mal no time.

Luxemburgo tem sido assim desde que foi contratado: confundindo seguidamente – em especial nos jogos decisivos – ousadia com imprudência.

O segundo motivo para aumentar minha desconfiança em relação ao treinador foi uma declaração dele que fisguei do site do Correio do Povo, após o jogo, ao ser questionado sobre a instabilidade do time na temporada:

– Faz parte de um processo, que só é possível fazer uma avaliação ao término.

O término para mim, toda a torcida gremista e também para a direção, tem a ver com a Libertadores. É para conquistar a Libertadores que o clube está investindo tanto dinheiro. É na Libertadores que a torcida joga todas as suas esperanças.

Temos então que se o Grêmio for campeão, teremos avaliação positiva, é claro. Se perder, será negativa. Se bem que Luxemburgo ainda poderá ponderar que a ‘Libertadores é disputada por grandes equipes e que só uma delas pode vencer, e que, infelizmente, não foi dessa vez que o Grêmio chegou lá’.

Luxemburgo parece que está treinando para ser comentarista de resultados.

A função dele é outra: é avaliar corretamente o que acontecendo para realizar os ajustes necessários que levem a um término vitorioso. Se o processo for conduzido adequadamente, as chances de um resultado positivo são maiores. Assim, a hora de avaliar se as coisas estão indo bem é agora, é já.

Ao transferir as coisas para adiante, Luxemburgo nada mais faz do que empurrar os problemas com a barriga. Ele me dá a terrível sensação de que, na verdade, não sabe bem o que está se passando.

Há tanta coisa a ser explicada e o treinador do Grêmio, que conseguiu a proeza de der batido pelo modesto Cruzeiro na Arena, sugere simplesmente que a gente espere pelo final da campanha.

Cada vez mais confio menos em Luxemburgo.

E aí se estabelece um dilema, ao menos para mim: como manter esperança na conquista da Libertadores sem confiar no treinador?

PERPLEXIDADE

Fiquei sabendo da derrota do Grêmio diante do Cruzeiro, quinta-feira, em plena Arena, apenas no final da tarde de sexta-feira santa.

Explico: eu estava na colônia, no interior de um pequeno município do oeste catarinense, Saudades. Aliás, a região é repleta de gremistas e colorados.

Fiquei afastado dos meios de comunicação. Sequer me lembrava que o Grêmio jogaria com o Cruzeiro, jogo para vencer com naturalidade, sem maior esforço.

Assim, reagi com perplexidade quando um gremista me interpelou para saber como eu explicava a derrota por 2 a 1. Pensei que ele estivesse de sacanagem.

Percebi que ele e outros gremistas que se acercaram estavam perplexos, temerosos com o que pode acontecer no jogo que realmente interessa, o contra o Fluminense.

Ponderei que o time, assim como eles, torcedores,  está com o foco na Libertadores, que os jogadores não jogam com a mesma disposição, tiram o pé nas divididas, buscando se preservar. Isso poderia ajudar a explicar uma atuação tão frustrante.

Pela reação deles, acho que não fui convincente.

Desconfio que possa estar acontecendo algo mais grave nos bastidores.

INTER

O Inter bateu o Esportivo com atuação destacada de D’Alessandro, que no Gauchão se mostra um imperador do futebol, o que não costuma acontecer no Brasileirão.

O time colorado se encaminha para ser campeão gaúcho. De novo.

Agora tem esse jogo contra o Rio Branco. No Acre. Fazer um time caro como esse do Inter cruzar o Brasil para jogar no Acre é um absurdo. Coisas da CBF.

O maior adversário não é o Rio Branco, mas a viagem. Ontem, o técnico Dunga até tentou valorizar o adversário: “Há uns dois ou três anos eles têm a mesma equipe. Tem uma boa troca de passes e duas linhas de quatro, com jogadores experientes”.

Moledo, o zagueiro que parte da mídia gaúcha quer ver na Seleção Brasileira, sofreu e lesão e corre o risco de ficar fora do time por algumas semanas.

Madrigal, Tia Carmem e a grande jogada colorada

Enquanto  ‘estudantes’ depredavam a prefeitura de Porto Alegre e entravam em confronto com os soldados da BM e o pessoal da Guarda Municipal, no começo da noite, não pude deixar de lembrar outra pauleira ocorrida ali naquela mesma área – tentativa de destruir aquele boneco da Copa – e que resultou praticamente na invalidez de um jovem brigadiano, quase da idade dos desordeiros, mas, ao contrário desses, trabalhando para garantir o pão de cada dia.

São tempos difíceis. Hoje mesmo a Justiça decidiu suspender o corte de árvores no Gazômetro, resultado de outra manifestação popular, mas esta mais ordeira. A decisão me deixou otimista. Aguardo, agora, que a mesma Justiça decrete o fim da derrubada de árvores na floresta amazônica, um sonho que acalento há décadas. Sei que a Justiça não irá me decepcionar. Estou confiante. Mas vou esperar sentado, que não sou bobo. Ou muito bobo.

Agora, pior de tudo, é esse ataque ao lado erótico da noite de Porto Alegre. Os bombeiros endureceram depois da atuação no mínimo titubeante que tiveram em Santa Maria e isso está resultando no fechamento de casas da ‘perdição’, como resmungava uma velha tia enquanto fazia tricô e crochê.

Eu sei que a Gruta Azul segue em reforma para atender as exigências da prefeitura e dos bombeiros. Mas deve voltar. Agora, o que não podia acontecer é o fechamento da Tia Carmem. Sua proprietária diz que vai fechar porque os bombeiros estão exigindo muita coisa – e tem mais é que exigir mesmo.

Fico imaginando a cidade sem as meninas prendadas da  Tia Carmem. Não por mim, que eu há muito tempo não janto fora, se é que me entendem. Aliás, mal e mal faço um lanche de vez em quando, em casa.

Já pensaram uma Expointer sem a Tia Carmem? Dizem que um grupo de pecuaristas e fazendeiros está se mobilizando para invadir a Capital.

Mas o que me deixou arrasado de verdade foi a notícia do fechamento do velho e bom Madrigal da minha juventude. Sou do tempo do Madrigal da Santo Antônio, entre a Independência e a Cristóvão. Quando a casa se transferiu para a Farrapos, onde estava até poucas semanas, eu já havia abandonado a vida boêmia. É sério.

Diante de tudo isso, essa calamidade que se abate sobre a noite portoalegrense, fica a pergunta: onde a gente vai levar esse pessoal da Conmebol? Há boatos de que pelo menos uma conquista de Libertadores aqui no RS amado passou pelas mesas e lençóis de uma dessas casas tão respeitáveis.

É mais uma preocupação que passo a carregar comigo, como se não bastasse essa questão da Arena.

Vida difícil.

AGENDA POSITIVA VERMELHA

São bons esses colorados. É o mínimo que posso dizer depois de assistir ao vídeo que o pessoal mais afeito a esse monte de bobagem que circula na internet intitula de ‘Harlem Shake’ do Inter.

É um vídeo em que aparecem os jogadores colorados fantasiados, dançando de forma tão descoordenada quanto o futebol da Seleção Brasileira nos últimos tempos.

Aparentemente é apenas uma bobagem sem a menor graça, ridícula. Mas só aparentemente.

Não se iludam caros amigos. A encenação na sala de musculação do clube é, na verdade, uma jogada muito inteligente e oportuna.

Por que oportuna?

Porque o vídeo surge exatamente no momento em que começam a surgir informações e questionamentos sobre o ‘fantástico e maravilhoso’ contrato do Inter com a Andrade Gutierrez, a ‘Empreiteira Boazinha’.

Hoje, o que mais se fala nas redes sociais é nesse dança esquisita de colorados fantasiados de Chapolim, Batman, etc.

Mas essa onda passa.

E o contrato fica. Talvez tão preocupante quanto é o do Grêmio.

Sim, estamos diante de mais um Gre-Nal.

Realmente, são tempos difíceis. Vejam:

COBERTURA

Vi que muita gente não disfarçou sua satisfação quando soube a OAS estão metida na construção do interditado Engenhão.

Depois, quando esse pessoal soube que o problema é na cobertura, obra feita pela mesma empresa terceirizada que começou a cobrir o Beira-Rio, a coisa mudou.

O discurso de Odone

Demorou, mas o ex-presidente Odone rompeu o silêncio.

Sei de gente que ficou mais tranquila, convencida de que há muito alarmismo no ar, que a coisa não é tão feia quanto parece.

Eu continuo preocupado.

O que mais vejo de positivo é que Odone e Koff vão se reunir, aparar arestas para, entre outras coisas, deixar de abastecer um pessoal ansioso para jogar mais lenha na fogueira.

É preciso também controlar os da ‘periferia’, fonte permanente de notícias assustadoras para a torcida gremista.

Eu conheço muitos ‘periféricos’, e não tenho dúvida de que são bem-intencionados. Todos querem o melhor para o Grêmio e estão, realmente, muito preocupados com os números desses primeiros meses de Arena.

As declarações de Odone não me tranquilizaram. É certo que ele é muito bom de discurso, convincente, persuasivo, mas a mim não convenceu.

O Grêmio vai realmente viver na corda bamba do confronto entre receita e despesa, disso não tenho dúvida.

Mas, por outro lado, quando não foi assim?

O que mais me preocupou na fala de Odone:  “A Arena só vai dar certo se for o orgulho dos gremistas”.

Ora, se ele tivesse dito isso há uns cinco anos, talvez a Arena não existisse hoje.

Não há estádio por mais bonito, charmoso, moderno, grande que seja capaz de suprir a frustração que o time pode dar dentro de campo.

Aí, me ocorre uma frase muita repetida por gente experiente que analisou o contrato: o negócio só realmente será bom se o Grêmio sempre tiver um time de alta performance.

Já escrevi sobre isso: é impossível viver todo o tempo no topo. Por vezes, e nós sabemos disso, se passa um tempo na ponta de baixo.

A Arena, por melhor e mais espetacular que seja, não opera milagres.

A Arena sempre será um orgulho para os gremistas, e motivo de inveja de uns e outros, sem dúvida, mas ela por si só não irá manter o Grêmio sempre no alto. É impossível.

Ainda mais quando se sabe que nem sempre pessoas competentes assumem o comando do clube.

Não é por nada que o Grêmio não comemora um grande título há doze anos, período complementado com uma passagem tenebrosa pela segundona.

Mais importante que um grande e majestoso estádio, é uma direção eficiente.

O estádio sempre teremos, já a direção…

Para o momento, já me satisfaço com essa tentativa de acalmar os ânimos e de sufocar as intrigas que tanta alegria levam aos Inimigos Raivosos da Arena, o IRA.

O que está feito, está feito. A Arena está aí magnífica. E isso ninguém pode mudar.

Biteco, a melhor opção para Elano

Enquanto o Gauchão segue sem novidades, com o Inter vencendo com autoridade o Santa Cruz e o Grêmio batendo o Caxias sem maior esforço, fico no aguardo daquilo que realmente me interessa em termos de futebol: a próxima rodada da Libertadores.

É uma ideia fixa, uma obsessão. O que realmente interessa em 2013 é o tri da Libertadores. O resto é secundário. É lógico que se acontecer uma tragédia, o Gauchão crescerá de importância e o Campeonato Brasileiro ganhar ainda maior dimensão.

Hoje, o que importa é a Libertadores. E aí, pairando no ar, permeando conversas nos botecos, nas ruas e nos programas esportivos, prevale a questão que faz arder o cérebro dos gremistas: quem irá substituir Elano contra o Fluminense?

Estou convencido de que nem mesmo Luxemburgo sabe a resposta.

Conservador como todos os treinadores, ele tende a escalar Marco Antônio – toc-toc-toc, batendo três vezes na madeira -, que tem sido praticamente seu jogador número 12 ou 13. Vira e mexe, eis MA em campo.

Foi assim contra o Caxias. Tem sido assim com Luxemburgo. Portanto, nada mais lógico do que supor que MA é a possibilidade maior para o lugar de Elano.

Até não duvido que ele já tenha se decidido por MA, e que essa história de três atacantes não passe de uma tentativa de confundir nós todos, mas principalmente colocar dúvidas na cabeça de Abel Braga.

Não gostei da experiência com três atacantes contra o Caxias. Acho que ninguém gostou. Nem Luxemburgo.

A goleada de 3 a 0 sobre o Fluminense no primeiro turno foi facilitada pela decisão de Abel em começar o jogo com três atacantes. O Grêmio, a partir daí, ganhou o meio de campo e encaminhou a vitória.

Penso que assim como venceu fora, o Grêmio pode perder para o Flu. São duas grandes equipes, embora considere o Grêmio levemente superior no momento, mas uma supremacia que pode desmoronar em detalhes como esse: iniciar com três atacantes.

Outra alternativa é escalar três volantes. Entre jogar faceiro e mais fechado, fico com a segunda opção. Até levando em conta que Cris ainda não correspondeu. É um zagueiro que precisa de maior proteção. Então, poderia entrar Adriano como primeiro volantes, ficando Fernando e Souza com mais liberdade para apoiar.

O fato é que Luxemburgo está numa enrascada: se escalar três atacantes e perder, colocando em risco a classificação, será atacado por armar um time ‘faceiro’; se optar por três volantes e perder, será chamado de retranqueiro, de covarde, ‘onde já se viu jogar com três volantes em casa?’.

Agora, as duas opções são melhores do que começar com MA. Para Luxemburgo, se ocorrer uma derrota – três batidas de novo na madeira -, ele virá com o discurso pronto de que procurou manter a estrutura e blá-blá-blá. As críticas não serão tão contundentes.

Afinal, dirão alguns, em especial os cronistas esportivos colorados, que já estão defendendo o MA, é só prestar atenção.

“Não é culpa de Luxemburgo se a direção não contratou mais um meia de qualidade”, dirão em coro.

Realmente, não contratou, mas está na hora de Luxemburgo investir na gurizada da casa. E quem desponta no momento é Guilherme Biteco.

O guri voltou a jogar bem contra o Caxias. Marca relativamente bem, joga com personalidade, tem ótima técnica, criatividade, ousadia para o drible e uma excelente bola parada.

Biteco tem condições de substituir Elano com muito mais vantagem do que MA.  Se é para manter a estrutura, o esquema 4-2-4, meu voto vai para Biteco, o ‘filho de Zé Roberto’.

Só tem um probleminha: ele não está inscrito na Libertadores. Nem ele nem o Bertoglio, que seria outra opção muito melhor que MA.

Damião e Jean Pierre: o reencontro um ano depois

‘A mesma praça, o mesmo banco, as mesas flores, os mesmos jardins’.

É o que comecei a cantarolar nesta manhã cinzenta de domingo, relembrando Ronnie Von e seu sucesso da década de 60.

‘A praça’ me veio à mente ao ver que Leandro Damião e o juiz Jean Pierre irão se reencontrar de novo em Santa Cruz, no estádio dos Plátanos, palco de um dos lances mais grosseiros que vi no futebol nos últimos anos e que passou batido, ficou de impune, combinando, aliás, com o que acontece na sociedade brasileira como um todo.

Aqui, a impune grassa como erva daninha, como fogo em palha seca. Por que seria diferente no futebol?

Em março do ano passado, Damião acertou um violento e inusitado pontapé pelas costas no lateral do Santa Cruz, Márcio Goiano, se não me engano.

Foi um lance na risca do meio de campo, junto à lateral, sem qualquer perigo para o Inter. Nem contra-ataque era.

Foi uma agressão covarde, injustificável, ainda mais partindo de um jogador normalmente tranquilo como é Leandro Damião. Nesse lance, Damião revelou um lado obscuro, o lado escuro do mal.

Jean Pierre, próximo do lance, presenteou o goleador colorado com um cartão amarelo.

As imagens descrevem melhor o que aconteceu.

Até o Batista ficou escandalizado. Confiram:

Brasil: já não estamos com essa bola toda

Nos meus últimos anos de CP, jogo da Seleção Brasileira sobrava pra mim. Quer dizer, eu era obrigado a ver o jogo e depois escrever sobre ele.

Lembrei disso ontem, quando ouvi o Rui Carlos Ostermann comentando o jogo Brasil x Itália.

Conclusão: o cara vai ficando velho e sobra para ele a Seleção.

Quem me acompanha há mais tempo, sabe que eu não me interesso pela seleção. Isso significa que não deixo de fazer outras coisas para assistir a qualquer jogo da Seleção.

Quer dizer, jogo contra a Argentina desperta minha atenção.

Conheço muita gente assim, que não liga pra seleção brasileira, ainda mais em amistosos.

Agora, esse jogo contra a Itália, na volta de Felipão, me atraiu.

Minha conclusão depois dos 2 a 2: o Brasil parece distante de ter uma equipe para a Copa do Mundo.

O Mano Menezes fez experiências demais. Não conseguiu nem definir uma base, nem um esquema confiável e realista.

O Mano escalava a seleção como quem acredita que o Brasil ainda é imbatível, que tem que ir para cima dos adversários, que o outro time é que precisa nos marcar. Enfim, essas bobagens que resultam em fracasso.

Para minha surpresa, e decepção, vi o Felipão seguindo a mesma cartilha, que parece ditada pela TV Globo com seu ufanismo tradicional e pernicioso, simbolizado em Galvão Bueno.

Felipão seguiu Mano e escalou um time faceiro, três atacantes para enfrentar a forte Itália.

Felipão calçou salto-alto. Sucumbiu ao oba-oba. Esqueceu que já não tem Rivaldo e Ronaldo.

Essa de escalar três atacantes foi demais. Ainda se fossem três grandes atacantes. Neymar, tudo bem, mas Hulk e Fred?

Não vejo um atacante da estatura técnica do Neymar hoje no futebol brasileiro. Há vários bons atacantes, goleadores como o Fred, o Damião, mas ambos não têm nível para titularidade. O Pato, se conseguir recuperar o brilho de seu início, seria uma saída.

Portanto, com essa carência, insistir com três atacantes é burrice, irresponsabilidade ou loucura, como diria o Gerdau.

A primeira providência de Felipão deve ser reconhecer que estamos numa safra modesta, sem grandes astros.

A partir daí ele deve começar a Seleção. Armar um time mais operário, com três volantes, dois que saibam chegar ao ataque com velocidade e técnica.

Eu começaria, a título de exemplo, com Fernando, ladeado por Paulinho e Hernanes. Mas há outros desse nível, como Ramires e Lucas, ex-Grêmio. Depois, Kaká ou Oscar. Quem sabe os dois juntos, sacando o camisa 9, já que não existe nenhum realmente digno de ser titular.

Enfim, o primeiro passo para armar uma seleção competitiva e capaz de ser campeã da Copa das Confederações e do Mundial é admitir que já não estamos com essa bola toda.

O IRA e a agenda positiva da AG

Se alguém prestar atenção verá como é forte e constante a participação publicitária da Andrade Gutierrez na mídia gaúcha. Ao mesmo tempo, chama a atenção – ora, que coincidência! – o número de notícias positivas sobre a obra no Beira-Rio.

A AG, bombardeada no período de negociação com o Inter, agora é boazinha, de acordo com o que leio e ouço.

Dia desses saiu na imprensa que os custos da reforma chegariam a 70% acima do valor inicial, que era de 200 milhões.

Aconteceu o mesmo com a Arena.

A diferença é que a OAS é uma bruxa malvada: cobrou do Grêmio essa elevação.

Já a AG, de demônio passou a a anjo. Não, anjo é pouco. É um querubim, categoria angelical mais próxima de Deus.

Estaria a empreiteira, por força de um contrato muito bem urdido pelo genial presidente do Inter, comprometida a pagar sozinha toda essa despesa adicional. Uma merreca , coisa de 150 milhões.

A informação não repercutiu e muito menos foi questionada, mesmo por aqueles que gostam muito de se deter em contratos entre empreiteiras e clubes de futebol.

Ninguém investigou. Ficou por isso mesmo. Temos, então, que uma empreiteira, das mais poderosas do país, segundo a mídia gaúcha, assinou um contrato altamente prejudicial e lesivo a seus interesses.

Acredito que esse contrato irá um dia aparecer, assim como apareceu o do Grêmio com a Arena.

Tenho certeza que neste momento há jornalistas em busca desse documento espetacular, histórico, que irá provar como uma grande empreiteira perdeu tanto dinheiro numa obra.

Penso que, a ser verdade, o presidente Giovani Luigi – que eu conheço desde os meus tempos de repórter geral da TV Bandeirantes – tem a obrigação de escrever um livro contando toda a história desse grande e insuperável negócio.

Começaria pelo pau que ele levou no início de tudo quanto é lado, passando pelo apoio de poderosas forças políticas, até concluir com esse contrato inigualável que deveria servir de modelo para outras instituições.

Imagino o título do livro, ideia que dou graciosamente:

O dia em que uma empreiteira perdeu dinheiro.

ARENA

Três fatos inquestionáveis na minha opinião:

– a Arena é um espetáculo;

– o contrato com a OAS tem aspectos danosos ao Grêmio;

– o movimento IRA – Inimigos Raivosos da Arena – nunca irá dar trégua.

DAVID x GOLIAS

O jornalista David Coimbra, um cara que admiro e considero muito, está duelando contra o seu Golias, um inimigo ameaçador.

Mas não invencível.

Já superei situação parecida, um Golias talvez menos perverso, mas também preocupante.

Nesses momentos, além de confiar na ciência, é preciso acreditar em forças superiores, ter fé.

David da bíblia teve fé e derrubou o poderoso gigante Golias com uma singela funda.

Para isso, o pequeno David contou com a torcida, a reza, a energia positiva de muita gente.

Acho que o mesmo pode acontecer agora.

Até porque estou louco pra ver o que ele vai escrever depois de passar por essa.

Vamos lá, força David.

Precisamos de ti, cara.

Meu encontro mais recente com David Coimbra. Ele parecia tão radiante quanto eu, que não conseguia tirar o sorriso do rosto:

Arena ainda sob o signo da inveja e do rancor

Quando a ideia da Arena foi lançada e ganhou corpo eu trabalhava no Correio do Povo.

Na mesma época, se não me engano logo depois, o Inter discutiu de colocar o Beira-Rio abaixo e erguer novo estádio, uma Arena.

O Inter optou pela reforma. O Grêmio seguiu em frente.

Já naquele momento surgiram manifestações  contrárias ao projeto. Manifestações oriundas de várias vertentes, tanto azuis como vermelhas. Algumas porque queria a Arena no Olímpico, outras simplesmente por inveja e ciúme, e isso tanto de gremistas como de colorados. Principalmente de colorados.

Pensei que com o passar do tempo, com a obra nascendo no banhadão do Humaitá – que é como eu chamava o local porque sempre achei que o melhor lugar seria a área onde está o Olímpico – os gritos contrários se transformariam em murmúrios e depois… Silêncio.

Ledo engano. Ou engano do Ledo.

Quanto mais a obra se erguia rumo ao céu azul de Porto Alegre, iluminando a paisagem da cidade e atraindo olhares dos motoristas que passavam ao lado, mais se avolumava o coro dos invejosos e dos despeitados.

É claro que nem todas as vozes eram movidas por sentimentos tão baixos. Havia aqueles que percebiam no projeto uma série de questões que poderiam complicar a vida do Grêmio.

Mas até esses, os críticos do bem, foram jogados no saco onde rangiam os dentes os invejosos, os secadores, independente de serem gremistas ou colorados, ou ainda filhos de uma alface com um repolho, quer dizer, nem gremistas nem colorados como garantem que são alguns cronistas esportivos.

Entre esses críticos, gente que queria ver o circo pegar fogo; além de um pessoal que realmente apenas queria alertar visando o melhor para o clube.

Como se não bastasse tanta energia negativa irradiada para a Arena, logo vieram as forças públicas. Entidades que enxergavam na Arena eleita a melhor de 2012 no mundo defeitos que desprezavam – e seguem desprezando – em outros estádios, prédios públicos, etc.

Com a inauguração precipitada, os Inimigos Raivosos da Arena ganharam fôlego para continuar no combate à majestosa nova casa do Grêmio.

A briga entre ‘gremistas’ na inauguração foi um deleite para os Inimigos Raivosos da Arena – doravante chamados de IRA. O incidente, insignificante diante da grandeza do espetáculo e da relevância histórica do momento, ocupou largos e generosos espaços na mídia.

A cereja do bolo foi a avalanche que derrubou a proteção fajuta erguida pela empreiteira e feriu alguns torcedores. Teve gente que deve ter alcançado um orgasmo triplo, ou múltiplos orgasmos, embora eu mesmo nunca tenha chegando a esse estágio na minha vida.

Assim vai a Arena, aos trancos e barrancos, sobrevivendo aos secadores, aos invejosos, aos rancorosos.

Lutando ainda contra os representantes de órgãos públicos que aplicam na Arena em suas incursões fiscalizatórias um rigor que não se percebe em outros locais públicos.

Não satisfeitos, exigem na Arena o que permitem que ocorra em outros estádios de futebol, como a instalação de cadeiras em todos os locais, mesmo sabendo que em muitos dos mais modernos estádios de futebol do mundo há espaço para que torcedores fiquem em pé.

Seria difícil explicar tudo isso se não estivéssemos no Rio Grande do Sul. Terra onde as coisas mais estranhas e absurdas acontecem em função, muitas vezes, de uma rivalidade que chega a ser doentia.

A Arena, o novo cartão postal de Porto Alegre, em outro Estado seria festejada por todos.

Aqui, é vítima de permanente ação danosa do IRA. Até quando?

A PROPÓSITO…

Essa é a instituição que exige cadeiras em toda a Arena:

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2012/05/25/pm-e-bombeiros-discordam-do-mp-e-garantem-que-estadio-beira-rio-e-seguro.htm …

As dificuldades de ser gremista

Depois de sobreviver aos anos de chumbo, a famigerada década de 70, eu pensei que estava pronto para superar qualquer dificuldade e enfrentar qualquer desafio.

Hoje, percebo que minhas forças estão se esgotando. Fosse participar de uma daquelas provas calhordas do BBB, eu sucumbiria facilmente.

Sobrevivente dos anos 70, quando o Inter foi tri brasileiro depois de acumular uma atordoante série de títulos regionais, então muito valorizados, eu imaginava que depois de festejar o Brasileiro de 1981, nunca mais viveria pesadelo semelhante aqueles anos de Figueroa, cotoveladas e cia.

Foi nessa época que comecei a trabalhar como repórter esportivo – ironia, saí da arquibancada do Olímpico para ser setorista do Inter. Lembro que uma de minhas poucas alegrias foi uma rara vitória sobre o Inter, com atuação mágica do ponta Zequinha, um dos jogadores mais habilidosos que vi.

Lavava a alma, mas logo vinha outro golpe.

É mais ou menos assim neste século. Algumas alegrias esparsas, isoladas como uma flor no pântano que é essa fase já tão longa de vitórias vermelhas.

Nunca me perfilei entre aqueles gremistas que acreditaram que com a Arena tudo passaria a ser diferente.

Acompanhei, incrédulo e maravilhado, o entusiasmo de gremistas caminhando do Olímpico à Arena, como uma peregrinação de fiéis rumo à salvação.

O abraço emocionado no Olímpico. No jogo de despedida eu estava lá, mesmo acreditando que ainda haveria mais jogos no velho estádio.

Manifestações de amor, de paixão, de esperança.

O fato é que os últimos acontecimentos reafirmam uma antiga convicção que tenho:

– Nada está tão ruim que não possa piorar.

A Arena, que seria a redenção, o paraíso, por enquanto parece mais o inferno.

Ouvi relatos revoltantes de torcedores que não conseguiram ou tiveram dificuldades para ingressar na nova casa no sábado.

Um torcedor teve ataque de fúria, tentou forçar a entrada, foi contido e acabou acertando um soco num funcionário. Foi detido e encaminhado ao Jecrim.

Outro, também do Interior, chegou a exibir um volume de cédulas a um porteiro para entrar. Acabou entregando seu ingresso ao filho de uns 12 anos, pedindo que o funcionário encaminhasse o guri ao local determinado.

– Por favor, leve o menino. Eu já conheço a Arena, ele não. Eu fico aqui escutando o jogo pelo rádio -, conformou-se.

Esse tipo de coisa não pode acontecer. E pelo jeito vai continuar acontecendo enquanto uma empreiteira estiver administrando esse aspecto tão sensível da relação clube/torcedor.

Mas o pior mesmo é essa questão de fluxo de caixa. Uma situação que precisa ser resolvida o mais rápido possível.

Então, o que resta ao gremista é o bom momento do time, que apesar da instabilidade dá esperança de uma campanha vitoriosa na Libertadores.

O time está bem e tem tudo para melhorar.

O problema mesmo é o seu entorno, que fornece munição aos secadores de todas as instâncias.

Antonini: revelações preocupantes

Os raios de sol que clareiam este domingo – pelo menos no horário em que escrevo – ajudaram também a iluminar um pouco o nebuloso caso Arena.

Eduardo Antonini deu entrevista à rádio Gaúcha no final da manhã.

Foi esclarecedor, e também preocupante, para não usar adjetivos mais assustadores.

Há tempos estou convencido de que houve muita mentira e/ou meias verdades quando o projeto Arena/Implode Olímpico começou a ser ‘vendido’.

Dizia-se, por exemplo, que o custo de manutenção do Olímpico era muito elevado e que seria reduzido drasticamente na Arena. Olha, assim à distância, me parece exatamente o contrário. Mas isso é um detalhe, que só lembro agora a título de exemplo de quanta coisa foi dita e omitida durante todo esse processo.

Antonini, principal executor do projeto, sucedido depois por Adalberto Preis, começou dizendo que ‘é preciso pensar daqui para a frente’, e esquecer o passado.

Mas como ignorar o passado se tudo o que está acontecendo agora é resultado do que foi feito nesses anos todos?

Revelação importante: não há aditivo para esse processo de migração que custa aos cofres do Grêmio 41 milhões de reais por ano.

Segundo Antonini, o contrato estabelece que a OAS deve ser indenizada por qualquer desconto ou benefício que o Grêmio der ao associado.

Assim, em maio de 2012, foi apresentada ao Conselho Deliberativo a solução para a migração, que é a que vigora hoje e que praticamente deixa o clube sem fluxo de caixa.

Não houve votação porque não era tema para votação, segundo Antonini, citando decisão nesse sentido do presidente do CD, Raul Régis.

Agora a novidade, ao menos para mim: essa solução para “acomodar sócio” tem prazo de validade: um ano. Depois, pode ser alterada. Pode ser encontrado outro mecanismo para ressarcir a OAS. Menos mal.

Seria o caso de antecipar essa alteração.

Antonini disse que os problemas estão acontecendo porque é um ano especial, com “despesas extraordinárias que apertam o caixa”.

Ninguém havia alertado de que isso poderia ocorrer. Era tudo maravilhoso, um sonho, um novo tempo. Está provado que o caminho ao paraíso é coberto de pedras e espinhos, além de armadilhas e falsos atalhos.

Sobre os 65% do faturamento que devem voltar ao caixa – após deduzidas despesas -, Antonini fez a revelação mais importante e bombástica:

Nos primeiros sete anos – aí ele falou algo sobre o período de custos relativos ao financiamento – grande parte do dinheiro sai como despesa, restando pouco para o clube.

Sete é um número cabalístico. Sempre me faz lembrar a Bíblia com ‘os sete anos de vacas magras…’

Quando se ‘vendia’ a história dos 65% que voltam ao clube, ninguém esclareceu esse detalhe ‘insignificante’ de que o retorno se dará bem mais adiante.

Agora entendo a preocupação, quase desespero, que tomou conta da diretoria atual.

Não tenho dúvida, contudo, que Fábio Koff e seus companheiros saberão encontrar uma saída para essa enrascada. Aliás, é PRECISO encontrar uma saída.

Eduardo Antonini encerrou assim a sua entrevista: precisamos encontrar uma solução para oxigenar as finanças.

Temos, então, que a pílula realmente não é tão dourada  como se dizia.

GERDAU

O empresário Jorge Gerdau criticou o governo Dilma pelo excesso de ministérios e secretáriass, 39, um recorde talvez mundial. Afinal, é preciso acomodar a companheirada e os novos ‘amigos’:

– É burrice, irresponsabilidade ou loucura.

Acho que a definição cabe também para todo esse processo envolvendo OAS e Grêmio.

Há quem diga que cabe mais um adjetivo em toda essa história da Arena…