Que vença o melhor, se o juiz deixar

Hoje eu estou otimista. Dizem que sou pessimista só porque eu há muito tempo faço previsões negativas a respeito do Grêmio e suas possibilidades.

Infelizmente, neste ano em especial, acertei todas.

Passei por um período, curto, de confiança no Grêmio. Cheguei a ficar otimista demais. Isso foi a partir da dupla Elano/Zé Roberto. Com eles, acreditei que o Grêmio até poderia ser campeão, desde que eles jogassem todas as partidas, o que seria impossível.

Nunca acreditei na capacidade técnica e emocional de alguns jogadores que entram no time na ausência dos titulares do meio de campo. Aí, para os neófitos do futebol, passei a ser pessimista.

Pois hoje acordei otimista: acredito que o Grêmio, com a volta de Elano, Fernando, Marcelo Moreno, Kleber e Gilberto Silva não apenas tem chance muito boa de vencer o Fluminense, como considero o Grêmio favorito.

Mas isso se a arbitragem fizer uma pausa de 90 minutos em seu apito simpático ao time do Abelão.

Arbitragem isenta, mas isenta mesmo, dá Grêmio. Se alguém prestar atenção verá que o Flu tem vencido jogos unicamente porque foi beneficiado por erros humanos’ dos bravos árbitros do futebol brasileiro.

Agora, é fundamental que o Grêmio vença, porque a vaga no G-3 não está assegurada. O São Paulo vem crescendo e o Vasco não está morto.

Será um grande jogo. Que vença o melhor, se o juiz deixar.

Título do Flu só falta ser homologado

A rodada chegou a sorrir para o Grêmio escancaradamente. Um sorriso largo tipo o do Silvio Santos. Uma gargalhada mesmo, daquelas de consagrar esses piadistas – na maioria sem graça -que perambulam pelo país fazendo os tais de stand-up.

Mas aí o Atlético Mineiro virou o jogo e venceu o Sport. Depois, o melhor de tudo. Enquanto Grêmio e Botafogo começavam o jogo no Olímpico, o Fluminense levava 1 a  0 da Ponte Preta.

O time de Campinas resistiu bravamente ao poderio do líder. Teve um jogador expulso e se manteve valente, decidido a salvar o campeonato, dando alento a Grêmio e Atlético.

Aí, provando de que nada adiantou a bronca de Paulo Pelaipe, a arbitragem se fardou de tricolor das Laranjeiras mais uma vez. Mudam os nomes dos homens do apito, mas não altera a tendência de favorecer o time do Abel Braga com ‘erros humanos’.

Um pênalti que não existiu foi marcado quase no final. Fred não perdoou, fez a sua parte e empatou. Depois, falta sobre um jogador da Ponte ao lado da área, mas o juiz inverteu. Bola centrada, gol de Gum: 2 a 1. Assim também se faz um campeão.

Cabe, agora, à CBF diplomar o Fluminense Campeão Brasileiro de 2012.

Faltam oito jogos, mera formalidade.

O encanto do campeonato permanece agora para ver quem serão os rebaixados e os times que conquistarão vaga à Libertadores do próximo ano.

Esta é a luta verdadeira do Grêmio. Sempre acreditei quando o Luxemburgo dizia que seu objetivo era a vaga na Libertadores. Semana passada – talvez influenciado pelo clima eleitoral – ele mudou o discurso e disse que brigar pelo título das competições está em seu DNA.

Pode estar, a julgar por sua trajetória exitosa. Mas nem com todo o seu currículo Luxemburgo poderá reverter o quadro atual.

Como se sabe, o grupo do Grêmio é carente de qualidade. Até que foi longe demais. Se conseguir garantir a vaga no G-3 até o final – o SP vem crescendo – já estará de bom tamanho.

Hoje, o Grêmio só não confirmou os três pontos por causa das dificuldades técnicas de alguns de seus jogadores, notadamente do meio para a frente.

Vejamos o Botafogo: Bruno Mendes, jogador-revelação do Guarani de Campinas, que eu vi jogar e me chamou a atenção, tirou dois pontos do Grêmio em apenas um lance. Mas um lance de técnica, de ousadia, de talento, que resultou num arremate primoroso, indefensável.

Tivesse no banco um jogador como Bruno Mendes, o Grêmio teria vencido.

Mas o Grêmio tem o atabalhoado Leandro, que até jogou, mas segue alternando boas jogadas com lances bisonhos; tem o sempre esforçado André Lima; e tem outros aí que nem vou mais citar para não melindrar admiradores iludidos com uma ou outra atuação de maior eficiência, nunca de brilho.

A rodada estava mesmo sorridente. Por momentos cheguei a fazer contas, projetando a estagnação do Fluminense e a ascensão do Grêmio. Afinal, quando Léo Gago ilumina com um gol um jogo encardido, pode ser sinal de que os deuses do futebol estão de novo olhando para o Olímpico depois de tantos anos.

Mas a conjunção falta de qualidade do Grêmio somada à simpatia que a arbitragem dedica ao Fluminense fez com que a rodada terminasse com a cara amarga de fim de festa.

Com a cara do Fernandão – e do Luciano Davi – depois dos 3 a 1 de virada que o Inter tomou do lanterna do campeonato.

COTAÇÃO IW

Marcelo Grohe – 8

Pará – 7

Werley – 7

Naldo – 8

Pico – 5

Souza – 7

M. Antônio – 6

Marquinhos – 6

Zé Roberto – 7

Leandro – 7

André Lima – 5

Léo Gago – 7

Rondinelly e Wilson – sem nota

KOFF

Lamentável o que um grupo de ‘torcedores’ do Grêmio fez com Fábio Koff, que por pouco não foi agredido quando chegava ao Olímpico. Seria gente identificada com a chapa 4. Ninguém merece esse tratamento, ainda mais um dirigente multicampeão como Koff.

Pelaipe x Abel

O sr. Abel Braga pegou pesado. Pesado demais. Reagiu de um jeito de quem parece ter sido flagrado num delito. Algo assim: “Fui desmascarado, descobriram meu segredo”.

Pegou pesado o sr Abel diante da afirmação do diretor de futebol do Grêmio, Paulo Pelaipe, que cobrou arbitragens isentas e que o Fluminense deixe de ser tão beneficiado pelos homens de preto.

O sr Abel, que tem o mérito de dizer na cara e não mandar recado – mesmo estilo de Pelaipe – retrucou de uma maneira completamente desproporcional, levando o assunto para o terreno pessoal, talvez com o objetivo único de desviar o foco daquilo que foi dito por Pelaipe e que está na boca do povo: o Flu talvez tenha sido o clube mais beneficiado pelos homens do apito neste brasileirão.

– A última vez que ouvi falar no Pelaipe ele estava preso -, foi mais ou menos isso o que disse o sr Abel, que é normalmente um sujeito pacato, um romântico, que toca piano nas viagens do time, como eu fui testemunha muito tempo atrás. Por isso, mais estranho ainda a reação do técnico do Fluminense: fiquei com a sensação que mexeram na ferida, e doeu. Doeu muito. Pelaipe acertou em cheio.

Pagou por isso. Se expôs, falou o que pensam 99,9% dos gremistas, e recebeu um troco desleal, um golpe baixo de quem se sentiu muito atingido.

A última vez que vi o sr Abel ter uma reação assim tão forte, tão agressiva, foi há uns dez anos. Ao citar um cronista esportivo que costumava pegar no seu pé, questionando seu trabalho, ele afirmou que esse jornalistas devia gostar é de fazer fio terra. No ar, ao vivo. Coisa de gente bagaceira ‘por demais’, como falam os personagens de Gabriela.

No começo da noite, conforme li no site do CP, Pelaipe respondeu: “”Tem que cuidar as palavras principalmente para entrevistar o Abel durante a noite”, comentou. “Lembro que, por volta da meia-noite, numa vez em outra entrevista, ele disse que queria que o avião do Grêmio explodisse. Então, entra para o folclore.”

Pelaipe fez a sua parte: chamou a atenção dos mais desatentos para os erros que estão beneficiando o Fluminense. Vamos ver se dará algum resultado.

O fato é que o Fluminense, com a vantagem de 9 pontos, é o virtual campeão brasileiro.

CORNETA

O sempre atento blog cornetadorw.blogspot.com.br publica vídeos com erros que favoreceram o Fluminense, e que ajudam a explicar a enorme vantagem de 9 pontos.

Vale a pena conferir.

Marquinhos comanda a vitória

Entre a ruindade da Carminha e a do time que enfrentaria o Sport, fiquei com a primeira opção.

Estava mesmo determinado a não assistir ao jogo para não me irritar com o trio formado por  Léo Gago, Marco Antônio e Marquinhos, com o atabalhoado Leandro na frente.

Lá pelas tantas não resisti e resolvi encarar a realidade.

E aí eu vi algo surreal. Marquinhos jogando como se fosse um maestro, comandando as ações no meio de campo, metendo bolas milimétricas. O Marquinhos que eu gostava de ver três anos atrás no Avaí.

Na frente, Leandro sempre perigoso. Ainda atabalhoado algumas vezes, mas mais efetivo, até porque o Sport lhe deu aquilo que ele precisa: espaço. Leandro com espaço, partindo para cima da zaga, cresce e é útil.

O Grêmio não fez uma partida brilhante, mas estava bem posicionado, organizado e soube explorar o nervosismo e a tensão do adversário. Mérito do técnico Luxemburgo.

Anderson Pico fez 1 a 0, com direito a escorregar em frente à área, erguer-se, ajeitar a bola para o pé direito e chutar colocado. A bola desviou na zaga e entrou. Pico jogou muita bola, e justamente no momento em que Júlio César se prepara para voltar ao time. Antes não tinha ninguém na esquerda, agora são dois.

No início do segundo tempo, lançamento primoroso de um jogador que me causa alergia sempre o vejo aquecer para entrar em campo, o Léo Gago -ou terá sido o MA?. Leandro recebeu na frente, pela esquerda, e chutou na saída de Magrão para ampliar.

Por fim, Marquinhos, o maestro, fez o terceiro, pegando bola que sobrou na entrada da área e chutando rasteiro, cruzado, sem chance para o goleiro.

Depois, Hugo, cobrando um pênalti idiota cometido por Souza, descontou. Nem ele nem seus companheiros comemoraram. Todos tensos, preocupados com o rebaixamento que se aproxima.

Foi assim que a noite que eu imaginava que seria de pesadero, ranger de dentes e roeção de unhas, terminou de uma maneira surpreendente, ao menos para mim. O Grêmio venceu o Sport em Recife, onde normalmente sempre encontra muita dificuldade, e agora é vice-líder, superando o Atlético Mineiro em número de vitórias, uma a mais.

Na próxima rodada, os três da ponta terão jogos favoráveis para somar três pontos. O Atlético recebe o pobre Sport; o Grêmio enfrenta o instável Botafogo no Olímpico, 18h30, e, no mesmo horário, o líder e virtual campeão, o Fluminense, pega a Ponte Preta em São Januário.

Quer dizer, tudo indica que não haverá alteração significativa no G-3.

Da mesma forma na ponta de baixo. O Palmeiras, aquele que eliminou o Grêmio na Copa do Brasil, perdeu para o Coritiba e deve mesmo morrer abraçado ao Sport, Figueirense e Atlético Goianiense.

Nesse ritmo, o campeonato se encaminha para um final prematuro, com tudo decidido bem antes da última rodada, ao contrário de anos anteriores.

Inter desencanta e Flu dispara

O Inter conseguiu nesta quarta-feira, na reta final do Campeonato Brasileiro, talvez sua vitória mais retumbante em toda a competição. Afinal, bateu um postulante ao título – para ele cada vez mais distante – por 3 a 0, com direito a pênalti defendido por Muriel no finalzinho, em cobrança de Jô.

Outro aspecto importante é que seus gols foram todos de jogadores jovens: Jackson, aquele que, criminosamente, tirou Mário Fernandes dos gramados por três meses, Fred, com muita técnica e frieza, e Cassiano, após lance de Dagoberto.

Está aí algo que o Grêmio deveria imitar: aproveitar melhor seus jogadores mais jovens em vez de insistir com jogadores como Léo Gago, M. Antônio e Marquinhos.

Ao bater o Atlético Mineiro, o Inter reanimou sua torcida, mas principalmente deu um alento ao Grêmio de começar a brigar pelo segundo lugar. O vice-campeonato já será bom demais para um time que começou desacreditado especialmente em relação ao seu arquirrival.

O título está praticamente nas mãos do Fluminense, que subiu para 65 pontos ao vencer o Bahia, que fazia a melhor campanha do returno. Foi uma vitória de quem realmente pode ser já chamado de ‘campeão’, como cantou sua torcida.

O time de Abel Braga consolidou-se na liderança isolada. O Atlético, com a derrota no que resta do Beira-Rio, está com 56 pontos, nove a menos que o líder. Uma diferença muito difícil de tirar em nove rodadas.

Já o Grêmio, se vencer o Sport hoje à noite, alcança o Atlético e o ultrapassa em número de vitórias. Na realidade, não acredito que possa vencer com o time que Luxemburgo escalou e que não tem a dupla Elano/Zé Roberto.

Felizmente, para o Grêmio, é que o Vasco que está na luta pelo terceiro lugar, foi parado pelo São Paulo e segue atrás do tricolor em três pontos.

O São Paulo continua subindo aceleradamente e já chegou aos 49 pontos, passando também a brigar para entrar no G-3. Depois, em sexto, o Inter, com 45 pontos. Matematicamente, o Inter também tem chances de entrar no G-4.

Esses são os seis times de melhor campanha no Brasileirão, um quadro que deverá permanecer inalterado, porque o sétimo colocado está com 40 pontos, é o instável Botafogo e o irregular Corinthians.

Biteco e a canção do Chico Buarque

O Grêmio vai a campo amanhã com um meio campo de carimbador de bola, sem um jogador sequer que parta para cima da defesa para cavar falta ou invadir a área a drible.

Alguém vai dizer que Luxemburgo não tem alternativas, já que os jogadores mais criativos ou estão lesionados ou voltando de longo afastamento, caso este de Facundo Bertoglio, que pelo jeito talvez só jogue em 2013.

É lamentável que o treinador do Grêmio, diante da escassez, não coloque seus olhos sobre a base tricolor. Se fizesse isso, já teria dado algumas oportunidades para o Biteco. Ou teria prestado mais atenção no Wangler. Ou ainda no Rondinelly, que sempre que entrou foi para apagar incêndio. Nunca mereceu nem de longe as chances concedidas a trio de ouro da mesmice futebolística: Léo Gago, Marco Antônio e Marquinhos.

Mas quero me deter no Biteco. Pois o guri acabou de ser convocado para a seleção brasileira que irá disputar o Sul-Americano sub-20 em janeiro, na Argentina. Pois Biteco é o tipo do jogador que acrescentaria muito pelo menos ao time que Luxemburgo ameaça colocar em campo em Recife. Desde já antecipo que me recuso a assistir filme de terror de segunda categoria. Por isso, não pretendo assistir a esse ‘espetáculo’.

Além de Biteco, foram convocados o goleiro Ygor, que promete muito, e o lateral Tinga, que também anda se destacando. É outro que poderia estar no grupo principal. Do Inter, foi convocado o meia Jair. Quer dizer, 3 a 1 para a base gremista. Os jogadores começam a treinar na semana que vem.

É isso: eles poderiam sair cantando por aí: ‘Luxemburgo você não gosta de mim, mas a seleção gosta’, parodiando uma canção do Chico Buarque.

Em campo o time da Copa do Brasil

O poderoso time que o Grêmio montou para perder a Copa do Brasil para o melancólico Palmeiras é o que a casa oferece para enfrentar o Sport, em Recife.

De um lado, um adversário desesperado para fugir do rebaixamento; de outro, o Grêmio sem Elano e Zé Roberto. Os dois estão com lesão muscular e não jogam quinta-feira.

O Grêmio sem essa dupla é um time que brigaria para não ser rebaixado. Com Marquinhos e Marco Antônio de titulares, como foi no Gauchão e na Copa do Brasil, o Grêmio não passa de um time semelhante ao … Palmeiras.

Se o Palmeiras, que superou o Grêmio na Copa do Brasil – com uma mãozinha de Luxemburgo que deixou Moreno no banco no primeiro jogo, lembram ou já esqueceram? – está lutando para não cair, por que não aconteceria o mesmo com o Grêmio?

Então, sem a dupla talentosa e criativa do meio de campo, e também sem Fernando – mas este para Luxemburgo não parece ser um problema, já que ele foi pra reserva mesmo -, e talvez sem Gilberto Silva, o Grêmio terá muita dificuldade para somar três pontos diante do Sport, que está com técnico novo, o Sérgio Guedes.

Se garantir um empate já estará de bom tamanho, porque o Vasco dificilmente irá vencer o São Paulo, que vem num crescendo na competição.

Mas nem tudo é má notícia no Olímpico. Facundo Bertoglio começou a treinar e deve voltar ao time na próxima semana, ainda a tempo de colocar uma pilha no time na reta final do Brasileirão. Vale o mesmo para Júlio César. Pico melhorou bastante, mas não tem a qualidade ofensiva do titular.

GROHE

O jornal Zero Hora deu nota 4 para o goleiro gremista. Não vi o jogo, mas escutei. Pelo que sei o Cruzeiro pouco chutou. Logo, quais as falhas que Grohe teve para receber uma avaliação tão baixa? Fui me informar com amigos. Ninguém entendeu.

No lance do gol ele foi atrapalhado pelas pernas e corpos que cruzaram à sua frente e também pelo campo molhado que deu mais velocidade à bola. Grohe admitiu falha, mas acho que fez só para antecipar-se aos corneteiros como Paulo Santana.

Se Grohe falhou, o que dizer de Fábio, que defendeu uma bola menos difícil e largou nos pés de Marquinhos?

INTER

O técnico do Sport, Waldemar Lemos, foi demitido com 47% de aproveitamento. Fernandão, que tem 40% no segundo turno, segue firme como um rochedo.

É verdade que ele tem sido muito prejudicado pelas lesões e convocações, mas também por ele mesmo, por suas próprias decisões.

Até hoje não entendi por que Bolívar foi afastado do time no momento em que a defesa colorada era a segunda menos vazada do campeonato.

Sem falar no Gre-Nal em que ele sacou Índio e colocou Juan.

Um milagre no Olímpico

Sou uma das vítimas do temporal que desabou em Porto Alegre e deixou boa parte da cidade sem energia elétrica.

Por um lado,  até que foi bom. Sob a luz de velas e rádio ligado, navegando pelas emissoras, mas fixando mais na narração vibrante do Orestes de Andrade, na Guaíba, acompanhei o jogo sem as imagens.

Não tenho dúvidas que foi melhor assim. Quando a energia voltou, faltavam cinco minutos para terminar o jogo. O Grêmio, que saiu perdendo por 1 a 0, num gol achado pelo Cruzeiro, conseguiu virar, muito mais pela garra e vibração do seus jogadores do que por qualquer outra coisa.

Até o gélido Marquinhos mostrou que tem sangue nas veias, vibrando como eu nunca havia visto ao marcar o gol da vitória.

Estou convencido que o Grêmio venceu muito mais pela precariedade do Cruzeiro com o seu centroavante pigmeu e seu técnico de poucas luzes, só pra seguir no tema energia elétrica.

Acho que foi a primeira vitória do time neste Brasileirão sem Elano e Zé Roberto. Os dois saíram lesionados. Então, aconteceu aquilo que se repetiu no Gauchão e na Copa do Brasil: o Grêmio dependendo de Marquinhos e Marco Antônio. Pesadelo.

Tive sorte que faltou luz e eu não precisei testemunhar essa situação. Quando o Grêmio virou o jogo estavam em campo os dois luminares do futebol, mais o Leandro. O guri até que entrou bem.

Deu-se um milagre no Olímpico. Um milagre que contou com a força da torcida e a bravura dos jogadores, e um toque de classe de Marcelo Moreno, que marcou um golaço após passe de Marco Antônio. Aliás, o Luxemburgo fez questão de destacar o passe, excelente, de MA no gol. Mas o genial da jogada foi a conclusão, não salientada pelo treinador.

O Grêmio venceu. Os outros times do G-4 também. Ficou tudo igual. Soube que o Fluminense mais uma vez foi ajudado pela arbitragem. Já está ficando suspeito.

O Atlético voltou com tudo. Arrasou o Figueirense. RG fez de tudo no jogo. Acho que os jogadores do Figueira entraram em campo com um bloco pra pedir autógrafo e esqueceram de marcar o RG.

O Vasco venceu com gol de Juninho Pernambucano. Segue no cangote do Grêmio e livrou mais dois pontos de vantagens sobre o Inter, que voltou a empatar.

A bem da verdade, o Inter mereceu vencer o Santos na Vila Belmiro. E o time melhorou quando Fernandão tirou o menino prodígio, o festejado Fred, o que provocou protestos dos comentaristas de rádio. Sem Fred, o Inter cresceu, empatou e por detalhe não venceu.

Ao Inter resta terminar o campeonato com dignidade, sem que a diferença do Grêmio aumente ainda mais para não ficar muito humilhante.

Já ao Grêmio cabe rezar para que que Elano e Zé Roberto voltem logo – difícil imaginar o time mantendo esse terceiro lugar sem os dois e ainda por cima sem Fernando -, porque outra vitória com Marquinhos e Marco Antônio, juntos, seria milagre demais, o que me levaria a pensar que Deus é gremista.

ELEIÇÕES

O presidente Paulo Odone pegou pesado ao atacar o grupo Record de fazer campanha contra ele. Citou o Hiltor Mombach e o Reche, o Correio do Povo, a TV e a Guaíba. Chutou o balde. Há quem diga que a RBS apoia a atual administração.  Teríamos, então, um duelo de duas grandes empresas de comunicação. Vou começar a prestar mais atenção, embora não acredite que exista esse confronto.

Agora, os jornalistas podem ter suas preferências, mas sempre trabalhando a questão com honestidade.

KIDIABA

Já planejando o segundo MazembeDay, meu filho Matheus lançou um projeto ambicioso e provocativo: trazer Kidiaba a Porto Alegre. Confiram:

http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2012/10/06/torcedores-do-gremio-querem-kidiaba-em-porto-alegre-para-comemorar-mazembe-day.htm

Ainda mato um técnico

Tudo aqui na ‘república rio-grandense’ começa e termina em discussão, bate-boca, manifestações de protesto de um lado e de outro, acusações disso e daquilo.

Eu poderia listar aqui inúmeros casos de antagonismo, conflitos de todos os tipos, alguns sem pé nem cabeça, que só existem porque faz parte da nossa mania de pelear. Mas vou me limitar a esse caso envolvendo o cercamento do auditório Araújo Viana.

Soube que ontem, após o show de Tom Zé, houve protesto contra a cerca, que estaria tolhendo a liberdade e outras baboseiras de quem não tem mais nada a fazer. Rebeldes sem causa. Gente que poderia estar nas ruas agora clamando pela punição dos comandantes do mensalão, dos tubarões, não apenas dos peixes miúdos. Mas não, está exigindo a retirada da cerca.

Quem não sabe que o auditório, sem a cerca,  vai virar o que sempre foi: uma latrina, um mitório, um motel?

Mas o que interessa é polemizar em cima de tudo. Até de coisas que deveriam ter unanimidade, no caso da cerca do Araújo Viana, a unanimidade inteligente, mostrando ao grande Nelson Rodrigues que nem sempre toda unanimidade é burra.

Escrevo sobre isso por causa do comentário anterior, que gerou bastante debate, mas principalmente para anunciar que Luxemburgo se encaminha para ser unanimidade, mas unanimidade negativa.

Essa de escalar Marco Antônio para enfrentar o Cruzeiro foge à minha capacidade de entendimento, de compreensão. Primeiro, porque esse jogador não pode ser titular do Grêmio. Segundo, não tem condições de substituir Fernando. Terceiro, Fernando não pode ser preterido por esse jogador nem se estiver febril.

Ah, depois desse jogo, Fernando ficará fora de três partidas por causa da seleção. Sendo assim, é urgente convocar Misael, testar Misael, talvez o maior destaque atual da base gremista. Ou Luxemburgo pensa mesmo que MA pode ser volante. Souza terá de marcar por dois.

Marco Antônio teria uma saída de bola mais qualificada. Não mais do que a de Fernando. Se tocar a bola pro lado e para trás é saída de bola qualificada, então tá.

Por outro lado, MA não marca, não sabe marcar nem parece gostar de marcar. Alguém já viu o MA dar um carrinho? Alguém já o viu desarmar alguém? Cercar, tudo bem, ele cerca, mas marcar, chegar junto, dividir uma bola e essas tarefas mais rudes e toscas, mas essenciais para um time que quer ser vitorioso?

Se ver Léo Gago à beira do gramado esperando entrar me deixa triste e desanimado, ver MA no time me ofende. É ofensa grave. É inaceitável.

Luxemburgo parece ser um sujeito equilibrado e ponderado. Por isso, se torna ainda mais difícil entender e, pior, aceitar essa decisão que, somada a ausência de Fernando dos jogos seguintes,  pode significar a perda do terceiro lugar a curto prazo.

Decididamente, estamos diante de uma decisão estranha e absurda, ainda mais que vinda de um treinador que em pouco tempo conquistou a admiração da maioria dos torcedores gaúchos.

Por essa e outras que eu gosto de repetir a frase de um antigo dirigente de futebol: ainda mato um técnico.

A 'unanimidade' de Luxa

Toda unanimidade é burra, disse Nelson Rodrigues, mais para provocar polêmica e reflexão do que qualquer outra coisa.

A frase remete para um sujeito que quando foi contratado tinha um alto índice de rejeição e que em pouco tempo conseguiu reverter a situação de tal forma que hoje é quase unanimidade aqui no Estado mais belicoso do país.

Com exceção de mim e mais uns poucos, tão poucos que talvez não lotem uma kombi, o meio esportivo gaúcho está empolgado com Vanderlei Luxemburgo.

Eu que era radicalmente contra sua vinda, mudei de ideia com o passar do tempo, acompanhando seu trabalho sério e competente. É inegável que Luxemburgo faz um bom trabalho no Grêmio.

Mas, a meu ver, não merece tanto entusiasmo.

Por exemplo, ai daquele candidato à presidência do Grêmio que ousar sugerir que talvez não renove o contrato de Luxemburgo. Estará ferrado na eleição.

Pelo que tenho lido e ouvido, Odone, Koff e Homero já adiantaram que Luxemburgo fica. Se não é bem assim me corrijam. Odone, inclusive, já estaria acertado com o treinador para 2013.

Sei que até dirigentes do Inter também não disfarçam sua admiração por Luxemburgo. Isso significa que se ele estiver disponível, pode acabar no Beira-Rio.

Mas isso é hoje. Daqui a pouco, se o rendimento do Grêmio cair a ponto de não garantir a vaga na Libertadores no Brasileirão e fracassar na Sul-Americana, tudo muda. Ou alguém pensa o contrário?

No futebol nada é definitivo. O bom de hoje é o ruim de amanhã.

Há dois anos, Renato Portaluppi fez um trabalho muito superior ao assumir o Grêmio caindo pelas tabelas, flertando com o rebaixamento, e o levou a beliscar o título. Foi um fenômeno.

Seu sucesso foi tanto que o presidente eleito, contrariado, foi obrigado a renovar seu contrato.Procedeu da maneira que a grande maioria da torcida exige agora dos candidatos em relação a Luxemburgo, esquecendo-se que um treinador só terá êxito se trabalhar em harmonia e em sintonia com a direção. Não foi o caso, como se viu.

Renato, em poucos meses, caiu do céu para as profundezas do inferno.

Mas, afinal, por que eu não me entusiasmo tanto com Luxemburgo?

Eu pergunto e respondo. O Grêmio perdeu o Gauchão e a Copa do Brasil muito por falta de qualidade do grupo, especialmente por causa do meio de campo precário montado pela dupla Odone/Pelaipe, mas também porque Luxemburgo errou em momentos decisivos das duas competições.

Se eu fosse uma enciclopédia ou tivesse vocação para explicar tudo de forma didática como faz com brilhantismo o Maurício Saraiva, citaria aqui os equívocos do festejado treinador.

Dois títulos disputados, dois títulos perdidos. O Brasileirão segue o mesmo rumo. A não ser que vaga na Libertadores já seja considerado título.

Mas o que mais me irrita no Luxemburgo é outra coisa: essa insistência com alguns jogadores que decididamente não podem sequer ficar no banco de reservas porque nada acrescentam se entram no jogo e ainda por cima tiram o lugar de jovens criados no Olímpico ou vindos de fora, como Wangler e Rondinelly.

Ninguém vai me convencer que esses dois jogadores jogam menos que Marco Antônio e Marquinhos, por exemplo.

Por que não dar uma oportunidade para o Biteco? Com certeza ele faria mais que o Leandro, que não consegue jogar com pouco espaço como aconteceu contra o Santos. Aliás, o velocista Leandro deveria entrar mais recuado, como fazia outro velocista, o Taison, em seus melhores momentos no Inter, quando o WC o comparou ao Messi.

O fato é que essa gurizada precisa ser testada, e nada melhor que seja neste momento em que não há opção melhor para entrar no time e mudar o jogo, como se fazia necessário domingo.

A continuar assim, Luxemburgo vai ficar marcado como o Mano Menezes, que deixava Anderson e Lucas na reserva de alguns jogadores que já nem lembro o nome, nem faço questão de lembrar.

Não sei se toda unanimidade é mesmo burra. Só sei que Luxemburgo, apesar do bom trabalho, não é digno de tanto entusiasmo, tanta exaltação.

Quem só consegue ter olhos para Marco Antônio, Marquinhos, Léo Gago, Leandro e André Lima como alternativas precisa urgentemente de uma reciclagem.

ELEIÇÃO

O caso da catraca bombou na internet. Ouvi um representante do MP dizer que o candidato a vereador que estaria envolvido na história corre o risco de não poder tomar posse caso seja eleito.

Já na eleição tricolor, duvido que cause algum dano à candidatura de Paulo Odone.

Aguardemos novos episódios. Dependendo do nível do processo eleitoral, talvez o time acabe sendo prejudicado.

ROSPIDE

Que notícia boa! Marcelo Rospide foi contratado para cuidar da base do Corinthians. Ele deveria estar no clube do seu coração, o Grêmio. Um grande profissional.