A escolinha do prof. Roth

Frase do professor (é assim que os jogadores chamam os treinadores) captada hoje no treino aberto do Grêmio na manhã de hoje, quando ele dava uma bronca no aluno Douglas Costa, que não teria feito determinada jogada envolvendo Maxi Lopes:

– Velocidade é a única coisa que você tem. Tu estás fisicamente aqui, mas parece que não está interessado. A cabeça não está aqui. Você acha que sabe tudo, mas não sabe m… nenhuma.

Se faz isso em público com um garoto, uma patrimônio do clube, um jogador que a direção pensa em vender (se pagarem bem) para pagar dívidas e contratar outros Maxis da vida, o que ele não faz nos treinos fechados (começo a entender o por quê dos treinos secretos) e no vestiário?

Cola um esparadrapo na boca dos jogadores, como fez aquela sua ‘colega’, a professora de Caxias do Sul, que é, aliás, de onde veio esse profissional?

Em primeiro lugar, se eu fosse dirigente do Villarreal desistiria do garoto, porque ele não passa de um velocista, segundo a voz abalizada de Roth. Sendo assim, Roth teria feito um bem para a torcida, que quer o jogador disputando a Libertadores.

Por outro lado, ficando aqui, com Roth, Douglas dificilmente entrará no time. Então, a torcida perde, o time perde e o clube perde. Perde porque fica sem o dinheiro para aliviar as finanças.

Não é a primeira vez que Roth expõe seu estilo turrão e desrespeitoso. Talvez até Douglas Costa esteja mesmo desatento, mas não justifica esse ataque do professor. É claro que o técnico não precisa tratar os jogadores como mocinhas, mas também não tem o direito de expô-los a situações de constrangimento (nem público nem reservadamente), como ocorreu nesse caso.

Cada vez mais firmo a ideia de que Celso Roth está pedindo para ser demitido.

A torcida já o demitiu.

A direção, ao que tudo indica, vai morrer abraçada.

O problema é que agindo assim ela leva junto para o abismo milhões de gremistas, enquanto o ‘professor’ Roth, com os bolsos cheios de dinheiro, em pouco tempo estará ‘ensinando’ em outra freguesia.

A pátria de chuteiras


Diante de todo esse clima patriótico envolvendo a Seleção Brasileira, lembro a frase do grande Nélson Rodrigues, que dizia mais ou menos assim: a Seleção é a pátria de chuteiras.

Mas escrevo para falar de outra frase, esta sim que remete à pátria amada, porque tem a ver com as coisas que realmente importam: nosso presente e, principalmente, nosso futuro.

A frase é a seguinte:

“Hoje, mais do que fazer uma pauta de reivindicação pedindo mais aumento, temos que contribuir para que as empresas vendam mais”.

Um chopp para quem adivinhar que é o autor dessa pérola neoliberal. O Sarney, o Gerdau, o Collor, o Paulo Skaff (presidente da Fiesp)?

A frase é do Lula. Sim, do Lula.

E foi expelida dia 27 de março, diante de uma plateia de empresários do ramo da construção civil pelo grande líder petista, o mesmo que presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema (1975 a 1981).

Mais de dois terços das categorias profissionais do setor privado têm data-base em maio e já começam a negociar sua pauta com empresários, segundo o Dieese (Departamento Sindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Dito isso, remeto a artigo escrito por Milton Temer.

Ele começa falando sobre Alexandra Kolontai, revolucionária russa, que foi nomeada por Lênin para ser embaixadora na Suécia. Lá chegando, foi interpelada por uma jornalista, numa coletiva:

“Como se explica que eu, filho de um operário, me veja na condição de social-democrata, enquanto a senhora, filha de um general czarista, se transforma em líder bolchevique?”

Kolontai não hesitou, e desmontou o inquisidor com a resposta: “Isto se explica porque somos, ambos, traidores de classe”.

E agora segue trecho do artigo de Milton Temer, jornalista e presidente da Fundação Lauro Campos:

Essa historinha de tempos heróicos, difíceis de imaginar no tempo em que vivemos, me ocorreu por conta da brutalidade das últimas declarações de Luiz Inácio Lula da Silva, em uma de suas incontáveis aparições públicas, onde discursa para criar manchetes de jornal.

Não; não estou me referindo aos vilões de pele branca e olhos azuis. Quem tem que comentar tal deslize com mais propriedade é João Pedro Stédile, que bate na trave da descrição presidencial sobre os responsáveis pela crise gerada com a hegemonia do sistema financeiro privado sobre a economia globalizada. Ou o humanista Leandro Konder, com uma vida dedicada ao combate intelectual sem tréguas ao capitalismo.

Estou me referindo ao absurdo do comício em que Lula conclamou os trabalhadores a, diante da complexa conjuntura atual, abrir mão do direito de reivindicar justa participação salarial na riqueza que produzem. “Hoje, mais do que fazer uma pauta de reivindicação pedindo mais aumento, temos que contribuir para que as empresas vendam mais” foi o que ele afirmou, sem corar, na Feira de Construção Civil (dia 27 de março).

O artigo completo pode ser conferido no site: www.socialismo.org.br

Dunga e Roth, a gente merece

Há um clima de histeria envolvendo o jogo do Brasil contra a poderosa seleção do Peru.

Fosse um jogo contra a Argentina ou o Uruguai, tudo bem. Mas contra o Peru, lanterninha das eliminatórias?

Passei em frente ao Beira-Rio hoje, rumo à zona sul da Capital. O meio fio todo pintado, alguns quilômetros, de verde-amarelo. À tarde, trânsito congestionado por causa do treino da Seleção.

Por dever profissional, terei de assistir ao jogo nesta quarta-feira. Caso contrário, faria outra coisa qualquer. Alugaria um DVD ou veria alguns episódios da série House.

A única coisa boa disso tudo foi saber que Ronaldinho Gaúcho não escapou de vaia no treino da Seleção. Pato, por sua vez, foi festejado por 9 entre 10 garotinhas. Merece. Saiu com dignidade do Inter.

Gostei também da postura do repórter Marco Antonio Rodrigues, comentarista do Sportv, questionando o tecnico Dunga durante o programa “Arena Sportv”. Confira o diálogo:

Marco Antonio Rodrigues: “O pais inteiro viu a seleção jogar mal. Não é melhor o técnico chegar e falar que realmente jogou mal?”

Dunga: “Nâo falamos o contrário. Quem aqui falou o contrário?” Marco
Antonio Rodrigues: “Você. Em nenhum momento, na entrevista coletiva apos o jogo, você reconheceu que jogou mal”.

Dunga: “Ninguém perguntou”.

Melhor que isso foi a entrevista do Celso Roth na rádio Guaíba, na qual ele revela que seu sonho é treinar a Seleção Brasileira.

Sem mais palavras.